Leigos Missionários Combonianos

O papel ministerial do irmão

Joel Cruz
Joel Cruz

ENCARNAÇÃO DA PALAVRA, FRATERNIDADE E PROMOÇÃO HUMANA

O Irmão Joel Cruz Reyes, comboniano mexicano, trabalhou cerca de 12 anos no Equador. Aqui, conta-nos a sua experiência missionária, destacando as características do ministério do Irmão a partir da promoção humana que tem como fundamento a Palavra.

1. Encontro com a missão

Em 1997, cheguei ao Equador, para ir trabalhar no Centro Cultural Afro-Equatoriano, na cidade de Guayaquil. Nessa altura, o acompanhamento dos afrodescendentes girava em torno da religiosidade, da formação litúrgico-sacramental e sociopolítica, com o objectivo de os tornar social e eclesialmente visíveis. Com esta finalidade, procurava-se o apoio de especialistas leigos em psicologia, antropologia, sociologia e política.

Pelo comportamento, pelas atitudes e motivações que percebi nos Afros que vinham ao Centro, dei-me conta que a sua dependência do missionário era crónica. Tinham-se habituado a considerar-se material, espiritual e moralmente indigentes. Certamente, este comportamento era o reflexo das sombras da sua história que se reflectiam no presente, mas também era consequência da visão paternalista de quem os acompanhavam. Esta realidade impedia-os de crescer humana e espiritualmente, reduzindo-os mais à condição de objecto do que de sujeitos, desde o ponto de vista eclesial e social.

2. Entender e iniciar processos

Pouco a pouco, fui compreendendo que estes processos, embora fossem muito bons, estavam desligados da fé e da Palavra, como se a regeneração do ser humano afro fosse apenas um problema humano e social. Dei-me conta de que os processos não chegavam à compreensão do afrodescendente como filho de Deus, imagem e semelhança d’Ele, esculpido pela história, por circunstâncias sociais e eclesiais adversas, sim, mas no fim de contas um ser humano pensado, querido por Deus e com uma missão específica na Igreja, na sociedade e no mundo.

Os resultados eram lógicos porque, por um lado, o acompanhamento piramidal herdado pela tradição pastoral predominante na Igreja tornava-os objecto dependentes da acção do sujeito que era o missionário. Por outro lado, a intervenção de especialistas leigos sem uma visão religiosa, de fé e desligados da Palavra de Deus, não podia oferecer mais do que uma forma de ver o afrodescendente e a sua história, como um problema pessoal e social. Não se viam a si próprios como seres humanos, mas como um problema social e um objecto de abuso, de maus tratos e de exclusão. Estavam convencidos de que eram apenas vítimas e não seres humanos com uma responsabilidade eclesial e social.

3. Presença que partilha a vida

Quando comecei a caminhar com eles, percebi que a presença do Irmão que, pela sua natureza vocacional, está despojado do sagrado (do sacramento da ordem), pouco a pouco vai arredondando a pirâmide relacional nas estruturas culturais, sociais e eclesiais, até consolidar a circularidade da fraternidade ministerial querida por Jesus. O Irmão, precisamente por ser religioso, é capaz de contemplar a humanidade das pessoas que acompanha e de pôr essa humanidade em movimento (promoção humana) na Igreja e na sociedade.

Compreendi que o Irmão é uma ponte entre a ciência e a fé, entre o Evangelho e a sociedade, entre a Igreja e o mundo, entre a vida religiosa e a secular, entre o ministério sacerdotal e laical. Sem a sua presença, muitas vezes, os processos tornam-se polarizadores: de um lado, o litúrgico-sacramental, e do outro, o político-social. E o Irmão tem um pé em cada extremidade. Portanto, o Irmão é capaz de equilibrar os processos de evangelização e de fazer com que o ser humano não veja a sua história como uma tragédia humana sem Deus, mas sim uma história sagrada de salvação, onde Deus não só está presente como também se faz carne e assume as causas do ser humano como suas.

4. Os milagres da fraternidade

O Senhor deu-me a oportunidade de ver os milagres da fraternidade que brotam da consciência de saber que somos todos irmãos e irmãs, filhos do mesmo Pai; com a mesma dignidade e responsabilidade missionária de Cristo e, por isso, entendendo-se como o Corpo Negro de Cristo nessa sociedade discriminatória e exclusiva que tanto ofuscou a Igreja nesse contexto. Deu-me a oportunidade de experimentar o poder libertador deste tornar-se mais um entre eles, de não ter medo de rebaixar-se, tal como Jesus, e de procurar com eles os caminhos, as respostas e as soluções.

Este estar entre os afrodescendentes como companheiro de viagem, e não como guia ou mestre, fez com que as pessoas começassem a saborear e a gostar da comunhão e da participação, a compreender o valor e o poder do cenáculo de apóstolos, sonhado por São Daniel Comboni. Assim, nasceu a Fraternidade dos Missionários Afro-Equatorianos, o Caminho Bíblico Afro, processos de etno-educação e recreação cultural num contexto urbano, organizações e associações afro com objectivos culturais e sócio-políticos, e a pastoral da juventude afro.

O caminho fraterno com os Afros permitiu-me constatar como o objecto foi transformado em sujeito social e eclesial. E tudo começou quando eles se descobriram como seres humanos, filhos de Deus, missionários do Pai. E esta consciência semeia-se vivendo com eles, discutindo com eles, como Jesus fez com os seus discípulos: na estrada, na casa, na festa, nos seus lugares… conversando, respondendo a preocupações, explicando, partilhando sem pressa, sem lugares fixos… muitas vezes longe do templo.

Esta consciência semeia-se vivendo com eles, discutindo com eles, como Jesus fez com os seus discípulos: caminhando, em casa, nas festas, por toda a parte… conversando, respondendo às inquietações, explicando, partilhando sem pressa, sem lugares fixos… muitas vezes longe do templo.

Tendo experimentado o poder regenerador da fraternidade no ser humano, fez-me pensar e imaginar o Irmão Missionário Comboniano como uma parteira de ministérios laicais que vão para além das estruturas do templo e das questões religiosas. De uma ministerialidade que toca as realidades humanas e sociais; como companheira daqueles ministérios que nascem com uma projecção secular, a fim de lhes infundir o Espírito e possam ser a força transformadora de Deus na sociedade.

O caminhar com as pessoas fez-me reconhecer como um Irmão religioso, ou seja, um perito em estabelecer a profunda ligação entre o mundo e Deus, entre a carne e o espírito, entre o humano e o divino. Um especialista em ajudar o ser humano a conceber a Deus como um cidadão que actua naquele meio social em que se encontra, através do ser humano que se reconhece a si próprio como a sua presença.

5. Questionamentos olhando para o futuro

Como assegurar que a fraternidade que promove a humanidade das pessoas se fortaleça e não termine diluída na tradição evangelizadora que olha mais para o litúrgico-sacramental? Como tornar mais visível e significativo o ministério da encarnação da Palavra nos ministérios que tocam as questões humanas e sociais no Instituto, na Igreja e na sociedade? Estas perguntas encontrarão a resposta na proposta feita por São Daniel Comboni de estabelecer Centros de Formação onde o africano não se alteraa e o missionário não morre.

Esta estratégia pareceu-me ser a mais apropriada para a realidade numérica e dispersa do Irmão no Instituto e, assim, poder pensar numa figura física que acompanhe o ministério do Irmão, o identifique, o defina e o torne mais compreensível. Por isso, tal como o padre se relaciona com a imagem da paróquia, uma estrutura que explica e torna compreensível o seu ministério, assim também comecei a imaginar uma obra que pudesse revelar toda a força ministerial da fraternidade no Instituto. Assim nasceu a ideia das Obras Combonianas de Promoção Humana (OCPHs) e o Centro Cultural Afro-Equatoriano de Guayaquil tornou-se a primeira destas obras.

Para a reflexão pessoal e comunitária:

  1. O que é que me chama mais à atenção nesta experiência religiosa? Porquê?
  2. O que suscita em mim esta experiência? Porquê?
  3. O que é que nos diz a nós mesmos como comunidade?
  4. Que parte ou partes desta experiência podem iluminar o trabalho paroquial ou projectos missionários nas nossas comunidades/missões?

PARA APROFUNDAR O TEMA

Orientações do Papa Francisco e Bento XVI sobre a fraternidade

Reflexões retiradas do documento “Notas para uma espiritualidade missionária da fraternidade” do Irmão Alberto Degán.

Neste terceiro milénio, o Papa propõe uma missão fascinante: combater a “globalização da indiferença” através da construção da “globalização da fraternidade”.  Naturalmente, este é um apelo para todos os cristãos, mas, sobretudo para nós Irmãos, este apelo suscita, sem dúvida, um sentimento de alegria e reclama uma responsabilidade particular.

  • As duas primeiras mensagens do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz (em 2014 e 2015) são inteiramente dedicadas ao tema da fraternidade. “A fraternidade é o fundamento e o caminho para a paz”, diz-nos Francisco. De facto, a paz e a justiça não são apenas uma questão técnica de fazer mudanças estruturais para diminuir as desigualdades escandalosas que caracterizam o mundo de hoje, nem são apenas uma questão política. Paz e justiça são, acima de tudo, um desafio espiritual: só se nos sentirmos irmãos, filhos do mesmo Pai, é que as pessoas estarão prontas a fazer as mudanças e os sacrifícios necessários para dar vida a uma sociedade justa e fraterna. Como disse Francisco na mensagem Urbi et orbi no Natal de 2018, “sem a fraternidade que Jesus Cristo nos testemunhou, os nossos esforços por um mundo mais justo não iriam muito longe” (Salmo 84, 11-12).
  • O Papa Bento XVI propôs a fraternidade como princípio económico: “O desenvolvimento económico, social e político necessita, para ser autenticamente humano, de dar lugar ao princípio da gratuidade como expressão de fraternidade”, afirma na sua encíclica Caritas in Veritate (CV), n. 34. E acrescenta: “O grande desafio que temos… é mostrar… que nas relações comerciais o princípio da gratuidade e a lógica do dom, como expressão de fraternidade, pode e deve ter lugar na actividade económica ordinária” (CV 36). Bento XVI propõe que a lógica da fraternidade deve reconfigurar o nosso sistema económico.
  • Mais recentemente, o Papa Francisco dedicou toda a mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2014 ao tema da fraternidade: “A fraternidade, fundamento e caminho para a paz”. Os subtítulos das diferentes partes deste documento são: “Sois todos irmãos, (Mt 23,8)”, “A fraternidade, premissa para vencer a pobreza“, “A redescoberta da fraternidade na economia“, “A fraternidade extingue a guerra“, “A fraternidade gera paz social“, “A fraternidade ajuda a proteger e a cultivar a natureza“. Basta dar uma olhadela rápida a estes subtítulos para se entender que, para o papa Francisco, a fraternidade – longe de ser um conceito aleatório e romântico – é um princípio de fé muito concreto com inevitáveis implicações sociais, políticas e económicas. Segundo o Papa, a justiça social não pode ser construída se não cultivarmos primeiro um profundo sentido de fraternidade nos nossos corações.
  • A primeira parte deste documento intitula-se “Onde está o teu irmão? (Gn 4,9). Na Bíblia, esta é a segunda pergunta que Deus dirige ao homem, e isto significa que para Deus é uma questão fundamental. O ser humano, tal como foi concebido pelo nosso Criador, realiza a sua humanidade quando deixa o seu egoísmo e se preocupa com as condições de vida dos seus irmãos e irmãs, quando entra numa lógica de comunhão e fraternidade que o faz perceber que a sua vida só tem sentido se for vivida numa atitude de solidariedade para com os seus semelhantes. Por outras palavras, para Deus ser humanos significa ser e sentirmo-nos irmãos.
  • Jesus apresenta-se a nós como o “primogénito no meio de muitos irmãos” (Rom 8,29): a fraternidade é o caminho traçado por Deus para a realização da nossa humanidade. Como diz um provérbio africano: “Eu sou um ser humano porque tu és um ser humano”, ou seja: “Sinto-me bem e posso realizar a minha humanidade quando vejo que os meus irmãos também estão bem e podem realizá-la”. Mas na nossa sociedade prevalece a lógica oposta, a do velho adágio latino “Mors tua vita mea“, que significa: “A tua morte é a minha vida“; “só se eu te matar e tomar posse dos teus bens poderei viver feliz”.

Assim, não nos surprende que Helmut Maucher – presidente da multinacional Nestlé nos anos 80 e 90 – tenha mesmo dito que precisava de executivos com instinto assassino. Desta forma, como afirma o economista Hinkelammert, “a luta para matar o outro é vista como fonte de prosperidade e de vida”. Assim, o evangelizador propõe o modelo e a espiritualidade do homem-irmão contra o modelo e a espiritualidade do homem-assassassino.

Para combater a injustiça e a pobreza, precisamos de uma revolução espiritual, de uma espiritualidade de fraternidade que nos faça compreender que a derrota e a morte do meu irmão será também, mais cedo ou mais tarde, a minha derrota e a minha morte. Como disse Martin Luther King, “ou conseguiremos viver todos como irmãos ou morreremos todos como néscios”.

  • Na Evangelii Gaudium (n.186), Francisco afirma que o nosso amor pelos “mais abandonados da sociedade” depende “da nossa fé em Cristo que está sempre próximo dos pobres“. Sem dúvida, face a tantos desafios enormes, sentimo-nos frequentemente pequenos e impotentes: não temos respostas imediatas sobre O QUE FAZER. Mas Jesus dá-nos uma indicação muito clara sobre ONDE ESTAR: hoje, como ontem, Jesus “sempre perto dos pobres” chama-nos a estar PERTO DOS POBRES, PERTO DOS ÚLTIMOS.

O nosso Capítulo Geral de 2015 aceitou este convite do Papa e, por conseguinte, indicou como primeiro critério para requalificar os nossos compromissos o critério da “proximidade aos pobres” (DC’ 15, n.44.5). Este é um critério que para nós, os Irmãos Combonianos, tem um valor especial, porque o nosso Fundador nos via como aqueles que estão mais próximos das pessoas, porque passamos mais tempo com elas: Na África Central os irmãos artesãos bem preparados contribuem mais para o nosso apostolado que os sacerdotes para a conversão, porque os alunos negros e os neófitos (a maior parte dos quais, seja para aprender o ofício seja para trabalhar, há-de permanecer um espaço de tempo bastante longo com os «mestres» e os «especialistas», que com as palavras e o exemplo são verdadeiros apóstolos para os seus alunos) estão com os irmãos leigos e observam-nos e escutam-nos mais do que podem observar e escutar os sacerdotes.(E 5831).

Nota: Ver também a última encíclica do Papa Francisco “Fratelli Tutti” sobre a fraternidade e amizade social (3 de Outubro de 2020).

PARA A Oração pessoal

E o Verbo fez-se homem e veio habitar connosco. E nós contemplámos a sua glória, a glória que possui como Filho Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (Jo 1,14)

Reflexões a partir dos encontros continentais de Irmãos na América:

  • No meio de uma mentalidade e tradição eclesial que aprisiona a Palavra de Deus nos templos, nos discursos teóricos e que dificilmente ousa ir além das estruturas eclesiais e tocar as questões humanas e sociais, insere-se a figura ministerial do Irmão Missionário Comboniano.
  •  A sua vocação de “fazer carne a palavra”, no contexto onde vive e convive, e para modelar o ser humano como filho de Deus e irmão de todos, leva-o a abrir caminhos e a tomar iniciativas que não se limitem às estruturas e tradições eclesiais, porque a “encarnação missionária da Palavra” vive-se em harmonia com os tempos e lugares onde se encontra.
  • O espírito fraterno de Deus leva-o à inserção na vida e no quotidiano das pessoas, pelo que é capaz de descobrir e resgatar a riqueza e experiência de cada pessoa e dos grupos humanos que acompanha missionariamente, com o objectivo de valorizar a Igreja e a sociedade e de promover o verdadeiramente humano dos povos por onde passa, como obra e revelação de Deus que deve ser conhecida, reconhecida, valorizada, assumida e proposta pela Igreja ao mundo.
  • A convivência fraterna com as pessoas, a partir da consciência e do espírito missionário, faz do Irmão um radar que capta os sinais, os ruídos, e os desafios que, naquele lugar e naquele momento, se estão a viver. Por isso, a sua palavra e o seu contributo são decisivos para o dinamismo, a criatividade e a actualização da missão comboniana.
  • O seu rosto fraterno evangélico e social, faz do Irmão uma ponte entre a sociedade e a Igreja, entre o secular e o religioso, entre os leigos e o clero. É precisamente por esta razão que se torna a face social do compromisso missionário da Igreja. Esta dimensão vocacional insere-o no núcleo da sensibilidade humana que procura solidariedade, justiça, paz, e um compromisso de transformação social. A sua vocação faz dele uma presença que fortalece a consciência e o espírito do ser humano a viver o Reino como justiça, paz, alegria (Rm 14, 17ss.
  • O papel do Irmão como pessoa consagrada e ministro de Cristo, então, é a edificação e o crescimento humano e cristão das pessoas e das comunidades, desde a perspectiva do Evangelho; pelo que, a sua acção não exclui o ministério da Palavra. A sua presença evangelizadora entre as pessoas enfatiza a dimensão da fraternidade em todos os seus aspectos: o desenvolvimento integral das pessoas, a promoção da justiça, da paz, dos direitos humanos… ou seja, o seu ministério toca directamente as questões sociais, antropológicas e culturais, na óptica do Reino de Deus.

PARTILHA COMUNITÁRIA
E PISTAS DE ACÇÃO

  1. Numa atmosfera de oração e escuta mútua, partilhemos em comunidade os frutos da oração pessoal.
  2. Reflitamos juntos:
    1. O que te faz pensar, tendo presente o que partilhámos e rezámos sobre o ministério do Irmão?
    1. A que é que o Espírito nos convida a nível pessoal, comunitário, de Província e de Instituto?
    1. Como é que podemos responder de maneira concreta aos apelos do Espírito?

“O ministério dos Irmãos, discípulos de Cristo fraterno, presta atenção à dimensão da fraternidade em todos os seus aspectos, incluindo o desenvolvimento integral das pessoas, a promoção da justiça, da paz e dos direitos humanos. É, portanto, um ministério predominantemente aberto às dimensões social, antropológica e cultural do Reino de Deus, orientado para a transformação social, o testemunho e a proclamação da fraternidade e a animação da comunidade cristã”.

SUGESTÕES PARA A CELEBRAÇÃO DA EUCARISTIA:

No momento do PAI-NOSSO, fazer um momento prolongado de silêncio para pensar na fraternidade que nasce de Deus.

Ministerialidade: uma aproximação a partir da riqueza semântica dos textos bíblicos

La Palabra
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Nota introdutória

O presente texto pretende ser uma simples e breve contribuição para o processo de reflexão e partilha à volta do tema da ministerialidade, a partir dos textos bíblicos. Uma vez que o substantivo abstrato “ministerialidade” não ocorre nos textos sagrados, a nossa abordagem baseia-se na pluralidade semântica do termo ministro. Importa referir nesta nota introdutória que a nossa exposição não visa abarcar todos os termos bíblicos equivalentes a “ministro”, nem aprofundar os assim chamados ministérios bíblicos tais como, por exemplo, sacerdote, rei, profeta, apóstolos, evangelistas, pastores, doutores. Cingimo-nos, portanto, a abordar alguns elementos teológico-linguísticos associados aos termos, para depois partilharmos a título conclusivo uma breve reflexão e algumas perguntas para um eventual aprofundamento do tema.

  1. Visão geral dos termos bíblicos equivalentes a ministro
    1.  No Antigo Testamento
      1. MESHARET

A raiz deste termo hebraico designa qualquer serviço. No contexto do nosso tema, merece destaque o serviço de Josué a Moisés em Ex 24,13; 33,11, Nm 11,28 e Js 1,1. Nestes textos, MESHARET significa ministro, auxiliar directo, discípulo. De facto, Moisés levava Josué para os encontros com Deus na montanha e na tenda. O ministério de Josué consistia em ajudar Moisés a entender a mensagem de Deus, para depois transmiti-la ao povo. O que é mais interessante nestes textos bíblicos é que o ser ministro é uma fase preparatória para ser líder, ou seja, é um verdadeiro discipulado. Assim sendo, MESHARET remete ao tema da relação discípulo-mestre, do saber aprender para continuar uma missão ou um ministério. Desde este ponto de vista, o conceito de MESHARET transmite-nos a ideia de que, na relação discípulo-mestre, o discípulo aprende não apenas do mestre, mas também da realidade. Ou seja, a realidade também se torna mestra. Portanto, o ministro é, simultaneamente, discípulo do Senhor e da realidade.

  1. EBED

Outro termo usado no Antigo Testamento para designar ministro é EBED. Este termo descreve não só o serviço comum de qualquer pessoa subordinada a um patrão, como é o caso de Naaman (2 Rs 5, 6), mas também a subordinação aos planos divinos, como é caso do servo de Deus (EBED ADONAI ou EBED HAELOHIM) em Is 42,1-4; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-15; 53,1-12. Embora não haja consenso entre os estudiosos sobre a identidade histórica do EBED ADONAI, os textos mostram claramente que a subordinação aos planos de Deus é condição para a realização da missão recebida.

  1.  No Novo Testamento

No que se refere ao Novo Testamento (NT), merecem especial destaque os seguintes termos:

  1.  PAIS/DOULOS

Comummente, PAIS significa criança. Em Mt 12,18, porém, cita-se a versão grega de Is 42,1 em que o termo PAIS traduz o sentido hebraico de EBED (servo), para vincar que Jesus é o Servo de Deus. Com o mesmo intuito, no pórtico de Jerusalém, após o Pentecostes, Pedro declara, pela primeira vez, que Jesus é o Servo de Deus (Act 3,13). Na verdade, Pedro ficou tão marcado pela imagem de Jesus-servo que esta se tornou objecto de referência nas suas primeiras pregações, depois do Pentecostes. Desta forma, ele apresenta a imagem de Jesus-servo como paradigma de todo o tipo de serviço na Igreja nascente. Prova textual disso é a transposição semântica que o NT opera entre os termos PAIS (criança, servo) e DOULOS (escravo, servo). Prestemos atenção ao seguinte: Dirigindo-se aos apóstolos em Jo 15,15, Jesus qualifica a sua relação com eles como sendo uma relação de amizade e não de servidão ou escravidão. Apesar disso, o termo DOULOS (servo) vai continuar a caracterizar a missão dos discípulos. De facto, Jesus recomenda que as relações interpessoais sejam marcadas por atitudes e sentimentos de servo, e que estes sejam adoptados por todo aquele que quiser ser grande no Reino dos Céus (Mt 20,27; Mc 10,44). Deve-se notar, também, que DOULOS é o título com o qual Paulo se apresenta perante as suas comunidades (Rm 1,1; 2 Cor 4,5; Gl 1,10; Ef 6,6; Fl 1,1; Tt 1,1). Alguns cristãos são chamados servos (DOULOI) em Cl 4,12; 2 Tm 2,14; Tg 1,1. Pedro, Judas e toda a Igreja são servos (DOULOI) de Cristo segundo 2 Pe 1,1; Jd 1,1; Ap 1,1. Constata-se assim que os termos PAIS e DOULOS passam a ser sinónimos e Jesus-servo aparece como o único paradigma no exercício dos ministérios.

Deste termo, três significados merecem especial atenção:

  1. designa os servidores ou administradores públicos que são chamados servos de Deus porque desempenham com zelo o seu ofício (Rom 13,6). A eles o cristão deve ser submisso e por eles deve rezar para que tenham vida tranquila, pacífica, piedosa e honesta (2 Tm 2,2).
  • Aquele que anuncia o Evangelho de Jesus Cristo aos que O não conhecem, para que se torne uma oferta agradável a Ele, é também chamado LEITOURGOS (Rm 15,16).
  • O termo é também aplicado a Jesus para designar o seu ministério de mediador entre Deus e os homens (Hb 8,2). É ainda digno de nota o facto de o NT, através deste termo, equiparar o ministério do servidor público ao do evangelizador, porque ambos, inspirando-se em Jesus-mediador, servem o mesmo Deus. Conforme acabamos de observar, inspirar-se em Jesus-mediador significa assumir e desenvolver, dentro e fora da Igreja, a dimensão sacerdotal dos ministérios. De facto, todos os ministérios, sem excepção alguma, revestem-se de uma dimensão sacerdotal, a saber, a mediação entre o criador e a criação.
    • HYPĒRETES

No que diz respeito ao termo HYPĒRETES, destacamos apenas o significado de “ministro da Palavra” (Lc 1,2; Act 26,16). Nestes textos, a experiência de Cristo aparece como uma condição necessária para o exercício do ministério. Basta reparar que os “servidores da Palavra”, mencionados em Lc 1,2, são testemunhas oculares. Saulo, em Act 26,16, é constituído servo e testemunha do que acabava de ver e do que o Senhor ainda lhe haveria de mostrar. Assim, destes trechos emerge a ideia de que os ministérios nascem da experiência de Cristo e desta se nutrem.

  1. DIAKONOS

Este termo é amplamente usado no NT, mas em contextos e com significados diversos. Fundamentalmente, importa notar o seguinte: DIAKONOS é a pessoa que recebe a missão de servir a Igreja: Estêvão e os seus companheiros são-no por se ocuparem dos assuntos caritativos da comunidade (Act 6,1-6); Paulo e Apolo, embora trabalhem incansavelmente na evangelização, preferem ser tidos por meros diáconos (DIAKONOI) da Igreja (1 Cor 3,5-15); Tíquico (Ef 6,21), Epafras (Cl 1,7) e Timóteo (1 Ts 3,2) são DIAKONOI porque colaboram mais directamente na evangelização. Jesus Cristo é também DIAKONOS porque não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos (Mt 28,28, Mc 10,45; Rm 15,8). A assistência aos mais desfavorecidos é considerada não apenas uma DIAKONIA (ministério, serviço) mas condição necessária para tomar posse do Reino celestial (Mt 25,31-46). Merecem especial destaque os textos sobre a inferioridade do DIAKONOS: Lc 12,37 e 22,26-27. O DIAKONOS é inferior a Deus e ao povo que lhe é confiado. De facto, esta parece ter sido uma característica marcante dos ministérios nas primeiras comunidades cristãs.

  1. OIKONOMOS

OIKONOMOS é o administrador que cuida dos bens do seu senhor. É de notar que nas tradições paulina e petrina os apóstolos e todos os cristãos são denominados OIKONOMOI, porque administram os mistérios e as graças de Deus (1 Cor 4,1-2; 1 Pe 4,10). O simbolismo do administrador da casa é deveras sugestivo, porque aponta para o dever de todo o cristão ter um ministério. Assim, os ministérios são vistos como uma forma de administrar a OIKOS (a morada, a casa) de Deus (1 Cor 3,5-9).

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  • Reflexão

A riqueza semântica aqui referida não deve ser vista como uma mera sofisticação linguística dos autores bíblicos, mas sim como a prova evidente da diversidade de experiências de ministerialidade no povo de Israel e nas primeiras comunidades cristãs. Do mesmo modo, esta riqueza semântica serve-nos de fundamento e inspiração para a contínua contextualização dos ministérios.

  • Diversidade de experiências ministeriais

Pelo exposto, resta evidente que as várias experiências de ministerialidade relatadas nos textos sagrados interessam aos hagiógrafos para, através delas, apresentar um Deus que suscita ministérios para o serviço da Sua casa. Importa referir que no NT, casa de Deus (OIKOS TOU THEOU) designa, no sentido estrito do termo, a Igreja de Cristo (1 Tm 3,15; Hb 3,6), e no sentido mais amplo, todo o universo (Act 7,44-50). A complexidade existente nos conceitos aponta para a importância de aprofundar não apenas o significado da expressão “casa de Deus”, mas também os ministérios que se requerem para poder administrá-la integralmente. A casa de Deus é tão complexa que não é possível administrá-la sem a existência de uma ampla variedade de ministérios. Urge, portanto, estimular o surgimento de novos ministérios dentro e fora da Igreja. Neste sentido, os Combonianos estão chamados a animar este processo que, hoje, mais do que nunca, aparece como conditio sine qua non da evangelização do mundo contemporâneo.

  • Contextualização dos ministérios

As várias experiências de ministerialidade na Bíblia são acompanhadas de um processo de contextualização, isto é, de adaptação dos ministérios a um determinado contexto. Para os Combonianos, a contextualização comporta dois processos intrinsecamente interdependentes: o processo ad intra e o processo ad extra. Ad intra porque requer o repensar os ministérios ou compromissos missionários à luz da realidade interna do Instituto (número de confrades, formação académica, geografia vocacional, situação económica, etc.). Ad extra porque nos desafia a identificar, no contexto em que trabalhamos, pessoas, meios e métodos para, com eles e a partir deles, estimular o surgimento de novos ministérios ou actualizar os já existentes. É de notar que ambos os processos requerem realismo, coragem e optimismo. Importa ainda destacar que, no processo de contextualização dos ministérios, assumidos individualmente e como grupo, a leitura contextualizada da Sagrada Escritura joga um papel insubstituível. Por esse motivo, é imperativo reaprender a ler a Bíblia a partir do contexto do destinatário contemporâneo. Só assim será possível identificar acertadamente os ministérios mais apropriados para cada realidade.

3. Perguntas de aprofundamento

a) Em que consiste a “inferioridade do ministro” aplicada ao missionário comboniano?

b) Hoje, sentimos a necessidade de novos ministérios na Igreja e no Instituto? Quais?

c) A Casa de Deus é imensa e complexa. Como administrá-la, integralmente?

d) Temos sido capazes de contextualizar o carisma comboniano e os ministérios com ele relacionados?

e) Conseguimos contextualizar a nossa hermenêutica dos textos bíblicos, a fim de suscitar ministérios adequados à realidade? Que dificuldades temos encontrado?

Bibliografia recomendada

COLLINS, J.N. (2014). Diakonia Studies: Critical Issues in Ministry. Oxford: Oxford University Press.

COMISSÃO Teológica Internacional. (2002). Da Diaconia de Cristo à Diaconia dos Apóstolos.

GUIJARRO, S. (2017). La Aportación del Análisis Contextual a la Exégesis de los Textos Bíblicos. Cuestiones Teológicas, 44 (102), 283-300.

KING, N.  (2019). Ministry in the New Testament. New Blackfriars, 100 (1086), 155-164.

MĂCELARU, M.V. (2011). Discipleship in the Old Testament and Its Context: A Phenomenological Approach. Pleroma, 13 (2), 11-22.

P. José Joaquim L. Pedro, mccj
(Maputo – Moçambique)

Paróquia missionária e ministerial

P Fernando MCCJ

«A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária» (AG 2; cf. Mt 28, 16-20; Mc 16, 15-20), mas, por sua natureza, é também ministerial (cf. Rm 12, 4-8). Ministerialidade e missão estão profundamente unidas porque a missão concretiza-se e realiza-se através da diversidade de ministérios. Um ministério é um serviço pelo bem comum ou pelo desenvolvimento da missão da Igreja. Consequentemente, podemos dizer que a Igreja é missionária pois é substancialmente ministerial, servidora. No contexto do ano da ministerialidade que estamos a viver no Instituto, neste artigo, iremos deter-nos em particular sobre a questão ministerial e carismática da missão evangelizadora da Igreja na paróquia.

P Fernando MCCJ

À luz do Concílio Vaticano II sabemos que cada baptizado é chamado a ser evangelizador, uma vez que participa nas três funções de Cristo, Sacerdote, Profeta e Rei, e partilha a sua missão (LG 30-38). Os ministérios podem ser classificados em dois grandes grupos: Ministérios Laicais e Ministérios da Ordem Sacerdotal. Se se parte de uma visão hierárquica da Igreja e de uma visão clerical da pastoral, os ministérios laicais são sufocados ou reduzidos a serviços e apoio ao sacerdote e à sua missão. Por conseguinte, os agentes pastorais tornam-se simples colaboradores, ajudantes, «meninos de coro do sacerdote» (altar boys) ou, como aconteceu em tantas missões, «mission boys», embora se tratasse de adultos. Há também sacerdotes que dedicam grande parte do seu tempo a actividades próprias dos Irmãos ou de outros ministérios laicais, deixando pouco tempo para os ministérios próprios do seu sacerdócio.

Uma outra prática difusa é a de dividir a paróquia em zonas pastorais, confiadas, cada uma, a um sacerdote. Cada um organiza e administra a própria zona, a própria pastoral, a própria equipa, os próprios projectos, a própria gente, a própria missão, o próprio dinheiro. Esta zona torna-se uma área da sua propriedade, onde os outros missionários não podem intervir e sobre a qual, por vezes, não podem sequer exprimir uma opinião. Cada um deve respeitar o território do outro. O XVIII Capítulo Geral e a Evangelii Gaudium do Papa Francisco exortam-nos a entrar num processo de conversão, para passar de modelos clericais e hierárquicos da missão e da pastoral a modelos baseados nos ministérios suscitados pelo Espírito Santo, a viver o espírito do Concílio Vaticano II. Em virtude do baptismo, todos somos iguais: discípulos de Jesus, mas com diversas vocações e dons (cf. LG 30). Utilizando a expressão criada pelos bispos latino-americanos em Aparecida e utilizada pelo Papa Francisco, afirmamos que somos todos discípulos de Jesus Cristo (cf. EG 119-121, 130-13; Aparecida 184-224).

É importante sublinhar que o baptizado é, antes de mais, um discípulo de Jesus Cristo e o encontro com Jesus transforma-o num missionário. Este Jesus que o fascinou, envia-o a evangelizar. «Cada cristão e cada comunidade há-de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho» (EG 20). Todo o discípulo missionário deveria tornar sua a paixão de Paulo pela missão e exclamar: «Ai de mim, se eu não pregar o Evangelho!» (1Cor 9,16). Evangelizar não é só um dever, mas é sobretudo um direito de cada discípulo missionário de Jesus Cristo.

Hoje é fundamental crescer na pluralidade e diversidade ministerial. Os ministérios ordenados e laicais são dons do Espírito Santo, dados precisamente para que sejam complementares em ordem a um fim comum: «Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; há diversidade de serviços, mas o Senhor é o mesmo; há diversos modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito, para proveito comum» (1Cor 12, 4-7). A missão hoje requer modelos pastorais ministeriais. Uma paróquia missionária ministerial é dinâmica porque, mediante a escuta do Espírito Santo e a leitura dos sinais dos tempos, descobre, concebe, cria e desenvolve novos ministérios e estratégias pastorais.

Seguidamente, proponho dois esquemas pastorais baseados nos ministérios, já operantes em diversas partes do mundo.

Não menciono os ministérios ordenados porque são inerentes à vocação sacerdotal, mas enfatizo os ministérios leigos.

  • Em algumas Comunidades Eclesiais de Base. 1. Em relação à Palavra de Deus: animador bíblico para coordenar a reflexão bíblica nas pequenas comunidades. 2. Em relação à formação da comunidade: catequistas para a preparação para os sacramentos e para o acompanhamento mesmo depois do sacramento. 3. Em relação às celebrações litúrgicas: ministros para o acolhimento, cantores, leitores, ministros extraordinários da Comunhão. 4. Em relação à solidariedade social: formadores de consciência política e direitos humanos, ministério da caridade e solidariedade com os necessitados, ministério para a organização e mobilização comunitária.
  • Organização para pastorais. Algumas paróquias integram a diversidade de ministérios em três pastorais: Profética, Litúrgica, Social. 1. Pastoral profética: catequistas para a formação de base para os sacramentos, professores para dar uma formação contínua a todas as pessoas que exercem um ministério, coordenadores para acompanhar os vários grupos paroquiais, escola de pastoral e uma publicação periódica para a formação de todos os responsáveis e da comunidade paroquial. 2. Pastoral litúrgica: ministros para o acolhimento, coros, cantores, proclamadores da Palavra, acólitos, ministros extraordinários da Comunhão, coordenadores dos grupos da liturgia, actores para a representação do Evangelho nas missas das crianças. 3. Pastoral social: ministros da solidariedade e caridade, visitadores dos doentes, formadores da consciência social, sobre os direitos humanos e sobre a doutrina social da Igreja, hospitalidade.

Para que uma paróquia ministerialmente organizada funcione bem é fundamental poder contar com um conselho paroquial que inclua responsáveis quer dos ministérios ordenados, quer dos laicais, para que em comunhão acompanhem o processo evangelizador, discirnam os sinais dos tempos para compreender quais devam ser as opções pastorais adequadas ao contexto e aos tempos actuais e quais os ministérios necessários para levar em frente o trabalho missionário. É igualmente importante contar com uma espiritualidade que ajude todos os evangelizadores a conhecer e a amar mais a sua própria vocação de discípulos missionários de Jesus Cristo.
P. Fernando Mal Gatkuoth

Reunião nacional reflexiva dos Leigos Missionários Combonianos de México

LMC Mexico

No sábado, 1º de agosto de 2020, na solenidade de São Alfonso María de Ligorio, leigos de diferentes partes do país do México, realizamos uma reunião nacional para compartilhar nossa experiência com a pandemia. Participaram leigos de: Michoacán, Guanajuato, Guadalajara, Morelos e Cidade do México, acompanhados por nosso assessor nacional: Gustavo Covarrubias MCCJ. Começamos com uma oração para promover o espírito missionário, começando com o profeta Naum 1, 7. Mais tarde, compartilhamos o modo como vivemos nossa vocação como leigos missionários combonianos.

Fomos iluminados pela realidade, meditando sobre os diferentes panoramas sociais, políticos e familiares que enfrentamos e a maneira que podemos vivê-los, como teria feito São Daniel Comboni. Tomando como três estratégias: Oração, solidariedade e cooperação e sendo sinais de Esperança no mundo. Posteriormente, meditamos a Palavra de Deus para traduzir em compromissos concretos em nosso trabalho missionário: Oração, encontro com o outro, trabalhando pouco a pouco dias missionários, sempre priorizando a saúde de todos, tomando como referência o valioso e digno que é a vida humana.

Finalmente, compartilhamos o panorama da missão a nível internacional e encerramos com um momento de oração para invocar a proteção materna de Nossa Mãe Maria de Guadalupe, comprometendo-nos a permanecer como uma única família missionária comboniana.

“Sem os leigos, o trabalho missionário é estéril” (EC 1219).

Juan José Mendoza Buenrostro

Reunião on-line de LMC America

LMC
LMC

No dia 25 de Julho, dia do Apóstolo Santiago, celebrámos uma reunião virtual do Comité Americano, acompanhados por Alberto de la Portilla e pela presença dos LMC de sete países: Estados Unidos, Peru, Guatemala, El Salvador, México, Colômbia, Equador e Brasil; tivemos a presença, graças a Deus, do irmão Humberto Rúa e dos sacerdotes Gianni Gaiga, Juan Diego Calderón Vargas e Chris Aleti. Cada país partilhou a realidade do facto de estar a viver nas suas comunidades por causa da covid-19 e apercebemo-nos de que nos afectou a todos da mesma forma porque é a mesma doença com os seus efeitos e consequências. Apesar disso, os nossos rostos estavam felizes por nos ver e por partilhar experiências entre os Leigos Missionários Combonianos. Partilhámos o modo como a nossa forma de fazer missão tinha mudado, mas como não tínhamos deixado de servir a Cristo com ideias diferentes que nos alimentavam a todos.

A maioria dos grupos está a fazer uso das plataformas virtuais para todas as suas actividades, bem como a ajudar com a alimentação das pessoas necessitadas. O aspecto económico é uma preocupação, uma vez que os quatro meses de confinamento não nos permitiram trabalhar na promoção da missão. A nossa próxima reunião será em 28 de Novembro de 2020, onde esperamos voltar a encontrar-nos e partilhar a forma como avançámos durante estes meses.

LMC

“A VIDA DE UM MISSIONÁRIO É UMA CAMINHADA DIÁRIA E, NA NOSSA FRAGILIDADE HUMANA, SERVIMOS A CRISTO”.

Beatriz Maldonado e Mireya Soto