Leigos Missionários Combonianos

[Portugal] Assembleia LMC

Momento de (re)lançar desafios e de Respirar fundo

No passado fim-de-semana realizamos aquela que foi, para nós, a segunda Assembleia Nacional. Encontrámo-nos na nossa amada casa de Coimbra e aproveitamos este tempo para olhar e reflectir sobre o tempo presente e, sobretudo, sobre o tempo futuro.

Com a graça de Deus, chegamos ao fim da revisão do nosso diretório (que esperamos que venha a ser aprovado em breve) e, perante a realidade das nossas Comunidades de Vida, traçamos linhas orientadoras para o futuro tendo em conta os desafios lançados na Assembleia Internacional dos LMC em Dezembro de 2012 na Maia.

Quisemos, como habitualmente, viver esta Assembleia com a presença das pessoas que se encontram em formação. Assim, com elas, partilhamos os momentos de oração, de refeição e de lazer, vivendo estes momentos à luz da Exortação Apostólica “Alegria do Evangelho”. Foi, pois, com esta alegria e com a ajuda do P. Silvério Malta (MCCJ) que, estando em Assembleia, permanecemos em comunhão com os formandos e com toda a Família Comboniana.

Nas nossas orações, a “Alegria do Evangelho” foi lida e rezada à luz da alegria, sofrimento e esperança dos LMC em missão e dos povos aos quais somos enviados.

De facto, a crescente violência na República Centro Africana e a instabilidade política em Moçambique deixam-nos inquietos, sofredores e em comunhão com os LMC aí presentes e com estes povos vítimas destas situações, mas, é também por esta cruz, que encontramos força para o nosso caminhar e esperança na fé d’Aquele que venceu a morte e a dor.

por Susana Vilas Boas

[Comité Central] Formação para a Missão

Uma semana não é muito tempo, e por isso, há que a aproveitar muito bem! Sem dúvida que a semana que passei na Polónia foi muito bem aproveitada. Nesta ocasião, queria partilhar convosco o tempo de formação que tive com a comunidade internacional que se está a preparar para partir para o Uganda.

Dedicamos 3 dias intensivos (manhã, tarde e noite) para a formação. Não foi fácil a realização desta formação em inglês, já que não é a língua materna de nenhum de nós, e para além disso necessita de ser aperfeiçoada antes da partida para a missão (elas irão fazê-lo em Londres a partir de Março). Mas não há obstáculo suficientemente grande quando existe vontade! De imediato pegamos nos dicionários de espanhol, polaco e inglês para acertar na palavra exacta, e a ajuda mútua não se fez esperar. No entanto, tornámo-lo possível, ainda que ao final do dia a cabeça pedia descanso pelo esforço, mas valeu a pena.

Creio que foi uma semana bonita, interessante e necessária. Como grande família que somos, todos nos sentimos responsáveis por esta comunidade que caminha para abrir novos horizontes, e creio que foi importante dispor de algum tempo para as acompanhar. Este tempo de formação foi um tempo de diálogo onde partilhamos o nosso ser LMC, a nossa chamada vocacional e os sonhos que temos como missionários. A todos estes ideais, sobre os quais é importante falar antes de partir, acrescentamos um tempo de aprofundamento e aprendizagem mais “profissional” sobre a nossa estadia e serviço na missão.

Começamos por reflectir entre todos os que é ter esta vocação LMC e a nossa vontade de a partilhar. Depois dedicamos uma tarde para conhecer em profundidade, a história do movimento e dos documentos mais importantes a nível europeu e internacional que nos ajudem a centrar nesta construção de uma comunidade internacional, onde esperamos que participem muitos outros LMC de diferentes países. Para isto, é bom cimentar bem as bases.

Para fixar os pilares desta comunidade, trabalhamos toda a manhã e parte da tarde do segundo dia, partilhando e confrontando entre todos, as nossas expectativas comparativamente com experiências concretas de outros LMC, as nossas dúvidas e os nossos sonhos.

Depois falamos da importância da inculturação, do conhecimento do outro e de nós mesmos, para não transpormos modelos europeus, para dar o tempo e o espaço ao outro, para não cairmos na armadilha de impor as nossas soluções aos outros, mas apenas ajudemos a que cada pessoa, cada povo, possa ter voz própria e encontrar as suas próprias soluções.

No último dia falamos um pouco sobre a importância de conhecermos melhor a realidade em profundidade, de escutar bastante para entender muito bem, e de ter tempo suficiente para partilhar as nossas vidas, conhecendo em primeiro lugar, o novo meio que nos rodeia e as suas gentes.

Por último, terminamos falando sobre Comboni. O que significava para cada um de nós os desafios que se colocam em sermos combonianos, o estilo, a metodologia, a paixão e a entrega de que somos herdeiros e à qual devemos fidelidade. Tudo isto, como LMC e como família comboniana. Queremos que essa seja a nossa referência, também em Gulu (Uganda) a partir do trabalho da comunidade, desde a família e desde a realidade e necessidades do povo, abertos a aprender todos os dias e a contribuir com o melhor de nós mesmos.

Pessoalmente, considero que foi um tempo muito rico, que me permitiu conhecer melhor esta comunidade e estreitar relações.

Espero que se sintam sempre protegidas por nós. São enviadas por todo o movimento e, como tal, estaremos a apoiá-las.

por Alberto de la Portilla

[Polónia] Nova comunidade internacional LMC em Cracóvia

LMC en Cracovia

Ser missionário, é ser capaz de aceitar as mudanças com alegria e esperança, onde quer que estas nos levem e com as pessoas que seja. E é muito mais fácil, quando descobri com entusiasmo, que em Cracóvia também me sinto em família e em casa. A comunidade recebeu-me com muito carinho e, o facto de conhecer as minhas novas companheiras de aventura, só fez aumentar a minha vontade de chagar a África. Três polacas e uma espanhola, que se comunicam em inglês, constituem a nova comunidade internacional, com a intenção e o desejo de aprender rapidamente o Acholi.

Somos a Monika, Ewa, Asia e a Carmen. Apesar do frio do inverno polaco, há muito calor nos nossos corações e, existe a vontade, de percorrer juntas este caminho, como comunidade. Não sei se é devido ao desejo que todas nós partilhamos, mas o facto é que nos relacionamos muito bem e a comunidade respira saúde.

Continuamos com o processo de formação, tentando assimilar e interiorizar coisas tão necessárias como saber quem somos (leigas missionárias combonianas), saber a nossa história e aprender o que significa entrar e integrar-se numa cultura desconhecida, diferente, e da qual nos queremos aproximar com o maior respeito possível.

Creio que somos uma equipa que se vai complementar bastante bem. Existe muita frescura e alegria de viver o Evangelho e a Missão que o Papa Francisco nos tem recordado e que nós tentaremos não esquecer em nenhum momento da nossa experiência em Gulu (Uganda).

Não podia ter sido mais positivo este começo de ano com a minha família, a família comboniana, com as leigas polacas e os padres combonianos da comunidade de Cracóvia. Juntos conseguem transmitir esta ideia de unidade e de entusiasmo com que todos sonhamos, em torno de um mesmo objectivo: seguir Jesus, caminhando ao lado dos últimos.

por Carmen Aranda Arnao

[Superior Geral MCCJ] O Plano de Comboni

Plan de Comboni

Nestes primeiros dias do ano de 2014, iniciamos as celebrações do 150º aniversário do Plano de Comboni para a regeneração de África, com uma proposta de reflexão que o Conselho Geral enviou a todos os irmãos. Estão ainda entre mãos, outras iniciativas que pretendem ajudar-nos a viver este acontecimento como uma ocasião para nos aproximarmos mais das grandes instituições missionárias de S. Daniel Comboni e torná-las nossas.

Em Roma e nas províncias e delegações de todo o instituto haverá celebrações, encontros de reflexão e de trabalho e momentos de animação missionária para conhecer melhor não só o texto do Plano, mas também sobre todo o espírito que está implícito nessas páginas, escritas explosivamente por Comboni, com grande paixão e entusiasmo missionário.

Estas mesmas páginas foram logo reescritas, não com o lápis e a tinta, mas com a vida de muitos missionários e missionárias que com grande generosidade aceitaram a herança da missão tal como foi concebida pelo nosso padre e fundador. Assim, o Plano não é algo que pertence apenas ao passado, mas sim como o sangue que nos corre nas veias no presente.

Celebrar o aniversário será também uma ocasião para entender melhor o quão actual é a proposta missionária contida no Plano, e a urgência em traduzir para a nossa linguagem dos nossos dias as instituições descobertas num passado que cumpre 150 anos.

Trata-se de fazer memória de um dom recebido há muito tempo, para descobrir a actualidade de um espírito e de estratégias missionárias que são válidas também para a nossa época e para a nossa humanidade, sempre necessitada de encontrar o Senhor.

No intercâmbio das propostas para a celebração deste aniversário, surgiu o desejo de favorecer um caminho que ajude a superar a tentação de realizar um simples exercício de recordar um momento da nossa história, para procurar antes de mais, que desça sobre nós o mesmo Espírito Santo que fez com que Daniel Comboni o entendesse como um caminho para uma nova missão que fosse uma resposta às urgências e desafios do seu tempo.

A nós, é lançado o desafio de encontrar o modo de actualizar a proposta de vida contida no Plano e que o Senhor tem hoje para nós, para os irmãos e irmãs que nos é confiada no serviço missionário.

Este ano temos a extraordinária ocasião não só para redescobrir o Plano de Comboni, mas também para escrever o nosso próprio plano, o plano que o Senhor nos inspira hoje, na medida em que estamos conscientes da urgência, dos desafios, da situação dramática do nosso tempo e da incessante e fiel preocupação de Deus para com os seus filhos.

Não há muito tempo, no último Conselho Geral, propusemos como desafio, realizar a viagem que conduz do Plano de Comboni ao plano dos missionários combonianos. O ano de 2014 é, quem sabe, o momento para nos perguntarmos em que ponto estamos a nível pessoal, de província e de instituto.

O que é o Plano?

Existem modos diferentes de abordar o Plano e de poder partilhar convosco, apenas uma breve reflexão, que nos possa ajudar a tentar elaborar o nosso plano pessoal ou, pelo menos, iniciar o que poderia ser um esboço.

Todos estamos conscientes do facto de, quando temos em mãos o texto do Plano escrito por Comboni, estarmos perante o resultado de um trabalho que percorreu um longo caminho e que no final se plasmou em poucas páginas que não podem expressar a força, os sentimentos, o valor, a esperança, a confiança, as alegrias e as dificuldades que, embora estejam contidas naquelas páginas aparentemente frias e inexpressivas, contêm um espírito que revela a grandeza do que aí está escrito.

O Plano não é o texto, mas sim a vida escondida nas palavras, nos pensamentos, nas intuições, nos sonhos e nos anseios que foram o motor capaz de mover as mãos de Comboni para traçar o que o Espírito queria expressar e vai muito mais além das ideias e das estratégias, que de algum modo, serão a resposta ao grito que se eleva aos ouvidos de Deus para suscitar a sua misericórdia.

Gosto muito de pensar que o Plano é a meditação oferecida por Comboni que, impregnado pelo Espírito, permite que Deus realize por intermédio do seu projecto missionário; é a porta que se abre para deixar que Deus entre na história de seus filhos e que dele necessitam e se cumpra assim o seu sonho missionário.

O Plano, antes de ser um documento escrito, foi um sonho e uma paixão, uma força incontida no coração de Comboni.

É a expressão do amor – fonte da missão – para os mais pobres e abandonados. Amor que se torna real e realizável. É a resposta concreta a uma realidade que não pode ser ignorada nem esquecida porque é feita por pessoas concretas, com nome e apelido, de dramas e urgências, de promessas e de dádivas que não permitiram qualquer atraso no envolvimento de Comboni – no seu tempo – e que não permitem hoje, que cada um de nós, adie a resposta perante um amanhã que nunca chega.

Visto através da pessoa de Comboni, o Plano é o preço a pagar por uma total disponibilidade que não permite voltar atrás, mesmo que isso signifique virar continuamente a nossa vida de pernas para o ar, e doar as nossas vidas centímetro a centímetro, porque fazer causa comum com os pobres nunca traz lucro ou riquezas para acumular.

O Plano é a expressão de uma paixão missionária que não pode ser contida por muros nem diminuída ou desanimada por problemas e dificuldades, porque se trata da força de Deus que se serve da fragilidade humana para manifestar o seu grande amor.

Nas páginas do Plano somos confrontados com o desejo de Deus e com o sonho de Comboni que se entrelaçam e se confundem convertendo-se numa única paixão, saciada apenas no madeiro da Cruz e no grito: “África ou morte”.

É a experiência do encontro, da comunhão profunda, de intimidade tão forte que as palavras podem diluir-se ou o texto desaparecer, mas a doação total permanece como testemunha de um pacto, cuja única paixão é a missão e os pobres

Nas profundezas do Plano encontra-se o sonho de Comboni de uma África aberta a Deus e ao seu plano redentor. O sonho de ver os povos africanos reconhecidos e respeitados nos seus direitos e na sua dignidade. O desejo de contemplar um continente iluminado pela luz do Evangelho que não tolera enganos nem injustiças, nem se alegra com a violência e a morte.

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O que nos é pedido hoje?

Quando nos aproximamos do legado do Plano, ninguém de nós pode ignorar algumas perguntas que parecem evidentes quando queremos quando tentamos levar a sério o nosso ser missionário e comboniano. Podem elas ajudar-nos a visualizar o nosso plano? Não poderíamos desejar melhor.

Quais são as nossas paixões? O que mexe com os nossos corações ao contemplarmos a situação missionária do nosso tempo? Onde se concentra o nosso entusiasmo e onde gastamos hoje as nossas energias? Onde se situa o ponto de encontro entre os desejos de Deus para a humanidade e nossa disponibilidade para viver exclusivamente para a missão? Até que ponto é que o amor pelos mais pobres e abandonados nos dá a energia necessária que nos torna disponíveis para fazer qualquer coisa para o bem do Reino de Deus? Onde estão os sonhos, que nos podem ajudar a criar esse plano que Deus espera de nós para a humanidade, em que a missão continua a ser o grande desafio para aqueles que se dizem discípulos de Cristo e, especialmente para nós, que recebemos a vocação missionária?

Seria muito bonito que, se no final deste ano de celebrações, chegássemos a formular um novo plano, ainda que modesto, para a missão que nos desafia como missionários combonianos. Um plano que nos possa mostrar como o carisma de Comboni continua actual, vivo e fecundo.

Um plano que nos ajude a crescer na confiança e na certeza de que o Senhor continua a trabalhar juntamente connosco e nos prepara novos tempos que nos farão uma vez mais experimentar a alegria da missão, apesar da nossa pobreza e fragilidade.

Como podemos sonhar a missão no nosso tempo e que estamos dispostos a fazer para colaborar com o Senhor na realização do seu plano para com aqueles que Ele ama com todo o seu coração? Certamente que o grito e o sofrimento de tantos irmãos e irmãs em todos os cantos do mundo nos ajudarão neste esforço de dar uma resposta, ainda que modesta.

Que S. Daniel Comboni nos acompanhe neste sonho.


P. Enrique Sánchez G., mccj
Superior Geral

[Comité Central] Visita à Polónia

Olá a todos!

Como é do conhecimento de muitos de vós, de 17 a 24 de Janeiro, estive na Polónia para visitar os LMC. Foi uma semana muito interessante. Em primeiro lugar, gostaria de destacar o fim-de-semana que passei com o grupo de jovens candidatos a LMC. Na Polónia temos um grupo muito significativo de rapazes e sobretudo de raparigas com interesse missionário que se aproximam deste grupo a fim de conhecer esta vocação e com vontade de serviço à Missão. É um grupo numeroso, dinâmico e com muito interesse e disponibilidade.

Durante o Sábado estivemos a trabalhar, por grupos e em plenário, sobre o que significa ser Leigo Missionário Comboniano e o que pressupõe a participação no grupo. Foi um momento bonito de partilha de expectativas, ilusões, dúvidas e interrogações sobre esta vida missionária laical.

À noite partilhamos o testemunho missionário da Monikę Krasoń (polaca) e da Carmen Aranda (espanhola), duas das LMC que neste momento se estão a preparar para partir para o Uganda como comunidade internacional. Também partilhei algo sobre a minha experiência em Moçambique; pouco tempo, mas bonito.

No Domingo participamos no envio da Joanna Owanek e da Ewa Maziarz, a partir da sua paróquia (as outras duas LMC polacas que formarão esta comunidade internacional). A Eucaristia, presidida pelo bispo Monseñor Nitkiewicz, foi co-celebrada pelo pároco, por alguns sacerdotes diocesanos e 6 missionários combonianos das duas comunidades da Polónia, encabeçados pelo padre Gianni Gaiga (representante na Polónia do vicariato geral). Foi muito bonito ver como toda a comunidade, com o seu bispo à cabeça, se compromete com estas duas leigas que são enviadas para a missão, tanto espiritualmente como economicamente, o que neste último caso, lhes permite pagar a viagem, um seguro médico assim como algum dinheiro para o seu sustento. Creio que temos muito a aprender com a Igreja polaca neste sentido. Desde Cracóvia partiram 7 carros, com os jovens do encontro (umas 3 horas de viagem). Desta forma, elas estavam muito bem acompanhadas por toda a família comboniana (continuaremos a manter este apoio durante o seu tempo de formação e no seu destino de missão, o Uganda).

O fim-de-semana também deu para poder conversar de forma particular com alguns jovens, para partilhar inquietudes vocacionais e responder a perguntas concretas sobre o trabalho missionário. Esperemos que muitos deles encontrem aqui o seu caminho e compromisso ao serviço da missão.

por Alberto de la Portilla