Leigos Missionários Combonianos

Olhem, aí estão os Leigos Missionários Combonianos!

LMC AlemaniaEncontro dos Leigos Missionários Combonianos (LMC) na casa de Nürnberg de 18 a 21 de março de 2016

Na sexta-feira, dia 18 de março, chegou a hora: os LMC chegaram de todos os cantos da Alemanha para seu encontro. Durante quatro dias o grupo preparou a tenda para a apresentação da Família Comboniana no encontro nacional dos católicos em Leipzig e empenhamo-nos com o texto preparativo da assembléia continental dos LMC em Portugal.

Os primeiros leigos chegaram bem motivados já na noite da quinta-feira, a última chegou bem na noite da sexta-feira, com uma arca na bagagem. A atmosfera era de alegria e todos eram dispostos e ansiosos de celebrar o tempo juntos e fazer as atividades. Já que os últimos encontros tinham sido marcados por um trabalho mais teorético, de reflexão e troca de ideias foram planejado para o atual encontro trabalhos práticos, bem concretos e criativos.

O sábado começou pela manhã com a missa juntos com os Missionários Combonianos e as irmãs Paulinas. Fortalecidos pelo café da manha afrontaram-se os dois temas: o encontro nacional dos católicos e os LMC internacional. Com grande alegria acolhemos o novo “membro” (recém-nascido) Stella junto com seus pais Irene e Ulrich, que participaram com bastante ânimo.

Ajudado por uma música no fundo expressamos por escrito pensamentos e ideias ligado ao tema e lema do encontro dos católicos: “Olhem, aí é o homem! “ Colocamos as ideias para a tenda da Família Comboniana em prática, experimentamos um jogo ligado à globalização, ensaiamos cantos e preparamos material. Gostamos muito de colocar roupas da Africa e América em figuras e fazer cartazes para eles.

LMC AlemaniaNo domingo participamos da missa da comunidade do domingo dos ramos. Na missa foi falado de temas atuais como escravidão, situação dos migrantes e a igreja mundial. Crianças colocaram símbolos em frente do altar enquanto adultos contaram a paixão de Cristo. Conseguimos ver bastante temas ligados a nossa caminhada LMC.

A partir de informações sobre a história do movimento LMC internacional e do texto preparativo para a assembleia continental dos LMC em Portugal foi discutido bastante sobre diferentes questões, especialmente sobre os atuais desafios do nosso grupo LMC. Há avanços na caminhada e há muito caminho pra frente…

À noite tínhamos um momento de oração junto com membros da comunidade local na casa dos Combonianos. Depois nos dedicamos de novo do trabalho creativo. Uns elaboraram um “cartãozinho de propaganda” do grupo LMC.

Na segunda-feira fechamos os trabalhos e fizemos um passeio especial no centro de Nürnberg: Um homem que tinha vivido na rua, nos guiou pela cidade e mostrou lugares onde se encontram moradores de rua e instituições de apoio. Ele contou das suas experiências de vida e luta. Conversamos também com assistentes sociais no “Lilith”, “Kassandra” e ponto ecuménico” que atendem mulheres dependente de drogas ilegais, prostitutas e moradores de rua.

Neste fim-de-semana fomos enriquecidos pelos dons de cada um e bebemos coragem do grupo LMC no caminho. Nos convivemos: Olhem, aí é o homem – indivíduo e membro de grupo; creativo, cheio de idéias, solidário – vivendo a missão.

LMC Alemania

Barbara Ludewig

Celebração da Páscoa LMC Espanha 2016

Sobre o tema: “Enviados para curar um mundo ferido desde a Misericórdia” o grupo dos LMC da Espanha reuniram-se em Madrid para celebrar o Tríduo Pascal.

Têm sido dias intensos em que nós compartilhamos orações, pensamentos, risos, sonhos… e onde, acima de tudo temos “feito família” e comunidade.

LMC Espanha

Notícias desde Centro África

Maria Augusta Olá ​ a todos,​

Espero que vos encontreis bem e toda a ​vossa ​restante família.

Estou em Bangui, cheguei ontem à noite. Eu e toda a comunidade apostólica estamos bem graças a Deus.

Eu passei, hoje, na porta Santa da catedral de Bangui. Estive lá no dia da sua abertura, mas não pudemos passar por lá, saímos por uma das portas laterais. Gostei muito de passar por lá, hoje.

Em Centro África foi aberta, em primeiro lugar a porta da catedral de Bangui, pelo Papa, antes de qualquer outra! No dia 20 de Dezembro foi aberta a porta Santa da catedral da nossa diocese Mbaiki. No dia de Natal foi aberta a porta Santa de cada paróquia. Desde o dia 17 de Janeiro até ontem, foram abertas as portas Santas, em todas as capelas que tinham porta e o Santíssimo Sacramento esteve exposto em todas elas, para adoração, no ostensório que o Santo Padre ofereceu à nossa diocese e ofereceu também a todas as outras de Centro África. As pessoas foram em peregrinação a pé às capelas mais próximas. Nós, no Domingo, fomos entregá-Lo à paróquia de Safa. Vieram buscá-Lo a 6 Km da vila e depois foram em procissão até à igreja e ficaram em adoração. O ostensório com o Santíssimo Sacramento percorrerá todas as paróquias da diocese até terminar “O Ano Santo da Misericórdia”.

Desde o dia 13 de Dezembro que não vinha a Bangui, há sempre muito que fazer na Missão…

Desde o início de Janeiro que eu e um professor estamos a dar umas aulas à tarde aos alunos para ver se começam a ler. Há muitos alunos no CE2 (4º ano de escolaridade e que não lêem nada). Graças a Deus parece que começam a ler um pouco as primeiras letras. Com a ajuda de Deus, que nos dá a força e a paciência para trabalhar, e aos alunos a vontade de aprender, vamos conseguir que aprendam. Neste mês estive com uma turma durante três dias, mas é muito difícil porque os alunos não compreendem o francês e eu não sei sango para lhes traduzir o que digo. A partir de maio ficarei com a direção da escola. Rezem para que Deus me ajude neste novo trabalho.

Desde o dia 2 de Dezembro que não  chovia, só no dia 17 de Fevereiro veio uma chuvada como é habitual aqui. Foram 75 dias sem chover…Já havia arbustos secos alguns abacateiros também, vamos ver se ainda rebentam. Houve muitos fogos na floresta e muitos campos de mandioca arderam. Muitas árvores caíram queimadas. A atmosfera ficava cheia de fumo só cheirava a ele. Era tanto que até fazia chorar!  Esperamos que não venha causar mais fome que a que já há. Graças a Deus que vieram duas chuvadas e toda natureza mudou…passadas 34 horas já se viam pequeninas ervas a sair, onde parecia que estava tudo seco. Realmente a água é o sangue da terra! Aqui chuva dizem “ngu ti Nzapa” = água de Deus, e é verdade. Aqui, em Bangui, ainda não choveu e está tudo muito seco… faz muito calor!

A Élia Continua a cuidar das crianças mal nutridas e não só. No mês de Janeiro começou a ir a Batalimo e encontrou casos muito graves, crianças muito doentes. Quando as mães fazem o que lhes é pedido (darem às crianças tudo o que lhes é distribuído conseguem recuperar bem). Quando são casos mais graves ficam internadas algum tempo no hospital.

Os Pigmeus continuam a ser ajudados com os medicamentos quando estão doentes. Ainda bem senão muitos morreriam porque não teriam dinheiro para os comprar.

Na missão temos um lar para os alunos pigmeus poderem aproveitar mais a escola. Lá comem, dormem, de manhã têm escola e à tarde vêm estudar durante uma hora à biblioteca. São uma dúzia de alunos.

Na semana passada estiveram, quatro dias, na missão o doutor Omnimos e a sua esposa, como sempre muito simpáticos. Foram operadas,16 pessoas adultos e crianças. Graças a Deus correu tudo bem. Esta semana estão aqui em Bangui, também a operar. Se houvesse muito mais pessoas como eles, o mundo estaria bem melhor!

Desejo-vos uma Quaresma bem vivida.

Unidos pela oração.

Beijinhos

Maria Augusta LMC

Carta à família comboniana no jubileu da misericórdia

Daniel Comboni«Este Coração adorável… rico em toda a graça, não conheceu um instante… em que não palpitasse com o mais puro e misericordioso amor pelos homens. Desde o sagrado berço de Belém, apressa-se a anunciar pela primeira vez a paz ao mundo: menino no Egipto, solitário em Nazaré, evangelizador na Palestina, partilha a sua sorte com os pobres, convida os pequenos e desafortunados a que se aproximem, conforta e cura os doentes, devolve os mortos à vida, chama ao bom caminho os extraviados e perdoa aos arrependidos; moribundo na cruz, na sua extrema mansidão reza pelos seus crucificadores; glorioso ressuscitado, manda os Apóstolos pregar a salvação ao mundo inteiro» (E 3323)

Caríssimos Irmãos e Irmãs da Família Comboniana,

Com esta carta, fruto de um tempo de oração, reflexão e partilha que tivemos juntos no final do ano da Vida Consagrada e no início do Ano Jubilar da Misericórdia, desejamos oferecer a todos os membros da Família Comboniana algumas reflexões e, sobretudo, convidar cada um/a à viver em profundidade os desafios e as oportunidades que o Ano jubilar nos oferece pessoalmente e como Família. Com esse fim desejamos propor-vos uma jornada comum de oração, recordado quanto dizia Comboni: «a omnipotência da oração é a nossa força» (E 1969).

Miserando atque eligendo: amados-perdoados / chamados-perdoados

Chamados/as, pela graça de Deus, a seguir Cristo nas pegadas de São Daniel Comboni – «escolheu-nos antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença…» (Ef 1, 4) – temos, como parte integrante do nosso ADN carismático, a chamada a contemplar o Coração trespassado de Cristo na Cruz, expressão mais eloquente da misericórdia infinita de Deus pela humanidade inteira e a deixar-nos transformar, para que nos tornemos também nós, abraço de amor e de misericórdia para todos/as. Isto, «para que fosse enaltecida a glória da sua graça com a qual nos favoreceu em seu Filho, no qual temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos nossos pecados, segundo a riqueza da sua graça» (Ef 1, 6-7).

Como todos os discípulos e discípulas de Cristo, estamos conscientes de que o Evangelho que queremos anunciar nos ultrapassa. Sabemos bem que o seguimento de Jesus Cristo, que nos chama a testemunhá-lo com a nossa vida e as nossas palavras, é exigente e nós nem sempre estamos à altura da mensagem que Ele nos confia: falta-nos, por vezes, profundidade para viver segundo a nossa chamada.

Na oração pessoal, na vida sacramental, na direcção espiritual e no encontro com os nossos irmãos e irmãs experimentamos a misericórdia de Deus. Sentimo-nos gratos/as ao Espírito Santo que actua no nosso coração, dando-nos o espírito de arrependimento e de purificação. Damos graças a Deus pelo dom da alegria de ser perdoados/as que nos renova e nos habilita a recomeçar todos os dias.

Misericordes sicut Pater: no seio das nossas comunidades e famílias

Deus ama-nos e perdoa-nos fazendo-nos sentir este mistério através do encontro pessoal com Ele e exprime a sua misericórdia através dos nossos irmãos e das nossas irmãs. Nas nossas comunidades e famílias somos então chamados/as a acolher-nos reciprocamente, graças ao Espírito Santo que nos une à volta de Jesus e nos torna cada vez mais cenáculo de apóstolos/as.

Na vida quotidiana, nos momentos de correcção fraterna e nos nossos encontros e assembleias, descobrimos que vivemos da misericórdia recíproca. Ajudamo-nos a crescer, a purificar-nos e a reconciliar-nos quando todos nos empenhamos a viver a boa nova do amor misericordioso de Deus.

Os irmãos, as irmãs, os familiares fazem-nos compreender que nos perdoam quando são pacientes e caminham conosco; fazem-nos tocar o amor quando nos dão confiança, apesar dos nossos limites. Quando a comunidade e a família vivem de misericórdia, tornam-se um espaço de graça, um lugar de cura e reconciliação no qual se constrói comunhão e vida, não negando as fadigas, fraquezas e limites próprios e dos outros.

Tudo isto qualifica a experiência de misericórdia que vivemos entre nós. «A misericórdia não é contrária à justiça, mas exprime o comportamento de Deus para com o pecador, oferecendo-lhe uma nova possibilidade de se arrepender, converter e acreditar» (MV 21).

Misericordes sicut Pater: na comunidade apostólica

Deus nosso Pai chamou-nos a servir e a trabalhar juntos, como comunidade apostólica; neste lugar de colaboração, somos desafiados/as a crescer no nosso caminho de saída de nós mesmos/as e de configuração com Cristo, servo obediente. Chamados/as a viver o novo mandamento do amor, «Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei, assim deveis amar-vos uns aos outros» (Jo 13, 34-35), o Senhor dá-nos todas as graças necessárias para partilhar a sua misericórdia e torna-nos capazes de perdão recíproco.

O dom da misericórdia torna-nos capazes de sair de nós mesmos/as, de viver gestos de ternura e de ser caridosos entre nós: ou seja, de realizar obras de caridade espiritual e corporal entre nós.

Muitas vezes, é difícil para nós “viver de misericórdia”, assumir os sentimentos do coração de Jesus. Por vezes, somos mais levados/as a ser caridosos com os que são de fora das nossas comunidades, das nossas famílias, esquecendo aqueles com quem vivemos e trabalhamos diariamente, como comunidades evangelizadoras. Deus, que nos quer misericordiosos/as, deseja que pratiquemos a misericórdia, acima de tudo, entre nós e com os mais próximos.

Misericordes sicut Pater: com o povo de Deus

O nosso serviço convida-nos a entregar-nos ao povo de Deus que nos acolhe no Seu nome. A experiência ensina-nos que se somos humildes e abertos/as, os nossos irmãos e as nossas irmãs usarão de misericórdia para conosco. Atitudes de arrogância ou de superioridade da nossa parte evocarão um outro tipo de resposta. A chamada a viver de misericórdia, como a viveu Comboni, obriga-nos a um caminho de conversão e de cura, para poder viver as nossas relações com simplicidade, humildade e humanidade.

Misericordes sicut Pater: para com as nossas instituições

Ao longo do caminho da nossa pertença aos nossos Institutos / grupos / família comboniana, os nossos sentimentos de amor, de orgulho sadio e de gratidão deveriam crescer com o passar dos anos. Mas, por vezes, nota-se também sentimentos de amargura, crítica destrutiva, o “terrorismo da bisbilhotice”, como lhe chama o Papa Francisco. Poderia dizer-se que isso faz parte da nossa condição humana, marcada pelo pecado, ainda em vias de transformação. As nossas fraquezas não deveriam surpreender-nos ou ser motivo de escândalo. Não deveriam enfraquecer o nosso sentido de pertença e a alegria de ser Comboniano/a, ou diminuir o desejo e o empenho a viver, de modo digno, a chamada a ser Santos e Capazes, nas pegadas de São Daniel Comboni.

Neste ano da misericórdia, deixemo-nos reconciliar com os nossos embaraços e feridas e revistamo-nos verdadeiramente «… de sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência…» e, assim, reavivar o nosso amor para com a nossa grande Família Comboniana.

Misericordes sicut Pater: instrumentos de misericórdia

A experiência da misericórdia enche-nos de alegria e do desejo de proclamar que a sua misericórdia e o seu amor são eternos (Salmo 25.6).

A exemplo de São Daniel Comboni, a experiência da misericórdia divina faz-nos dilatar o coração e estender os braços para a humanidade sofredora para que «… também nós possamos consolar aqueles que se encontram em algum tipo de aflição, mediante a consolação que nós mesmos recebemos de Deus» (2Cor 1, 4). Através do nosso testemunho, serviço e presença entre o povo de Deus, através do nosso ser missão, somos chamados/as a participar na obra salvífica do Deus misericordioso revelado em Jesus.

E então… Celebremos a misericórdia

Neste Ano Jubilar, por intercessão de Maria, Mãe da Misericórdia, peçamos a Deus Pai o dom de reconhecer-nos necessitados/as da Sua misericórdia e desejosos/as de ser reconciliados/as: connosco mesmos/as, com os nossos irmãos e irmãs em comunidade, com os nossos familiares, com os nossos colaboradores/as, com os Povos que servimos, com os nossos Institutos e grupos combonianos.

Convidamos, portanto, todos os membros da Família Comboniana, SMC, ISMC, MCCJ, LMC e outros Grupos/movimentos que se inspiram no carisma comboniano, a celebrar, a 17 de Março próximo, o XX aniversário da beatificação de São Daniele Comboni, com uma jornada de oração-contemplação da Misericórdia de Deus em Comboni. É um convite a, como seus filhos/as, deixarmo-nos transformar pela Misericórdia do Coração de Jesus e a reavivar a nossa compaixão e o empenho de anunciar, com palavras e obras, o Deus-Misericórdia aos irmãos e irmãs mais abandonados e sofredores.

Saudamos-vos com grande afecto,

Os Conselheiros Gerais e Coordenador Comité Central LMC:

SMC – Irmãs Missionárias Combonianas

ISMC – Instituto Secular Missionárias Combonianas

MCCJ – Missionários Combonianos do Coração de Jesus

LMC – Leigos Missionários Combonianos

Roma, 28 de Fevereiro de 2016

Acaba-se uma coisa e começa-se outra

Ewa“As nossas crianças  acabam de terminar o seu período de férias. Que, neste ano, foram excepcionalmente mais longas: três meses, por causa das eleições presidenciais, que se realizaram no passado dia18 de Fevereiro. Felizmente, por aqui tudo correu calmamente e sem problemas maiores. Daqui a umas três semanas, já estarei de novo na Polónia. Bem, acaba-se uma coisa e começa-se outra. Durante o período de férias, passei a maior parte do tempo com as crianças mais pequenas, com aquelas que têm maiores dificuldades na escola. Era uma espécie de aulas de recuperação. Depois das aulas, passávamos muito tempo com as crianças, para nos divertirmos juntos, brincando e pintando, criando objectos de barro e papel, para depois os colorir e recortar. O que na Polónia é comum, mas para as minhas crianças no Uganda tratava-se de algo novo e muito especial.”

Apesar de a minha profissão ter a ver com a administração, aqui também trabalhei como baby-sitter e assistente social. Todo este tempo que estive aqui, fui descobrindo que este é um bom lugar para mim. É incrível e surpreendente, porque nunca quis, e nem nunca tinha pensado em fazer o que fiz. A missão é assim, ensina-nos a obedecer e a estar nos lugares onde é mais preciso estar, e não onde se mais gosta ou se gostaria de estar. Às vezes a nossa imaginação não se coaduna com a realidade, é bem diferente e distante das necessidades reais do mundo. Aqui, descobrimos como se tornam importantes o tempo, a oração e a abertura ao Espírito Santo. Os três pilares para se chegar a descobrir, neste contexto particular, o que Deus quer de nós. Não posso dizer que agora já descobri tudo, mas estou numa atitude contínua de procura. Estou a começar a entender por que fui enviada para aqui. Agora, quando o meu período missionário de dois anos terminar, sei que quero voltar para aqui, para junto das minhas crianças de St. Jude.

EwaSt. Jude não são só as crianças, mas todas as pessoas que lá trabalham. As baby-sitter e assistentes sociais, com quem passo muito tempo. No início do meu serviço missionário, o meu trabalho era dedicado à gestão de todos os funcionários, o que não foi nada difícil, pois era a mais jovem de todos, mas devia supervisionar tudo e todos. Devia verificar e avaliar. Não era uma situação confortável, porque achava que tinha vindo para ali para ajudar e não para controlar. No entanto, como já referi antes, a missão ensina-nos a humildade e, também, ajuda a conhecermo-nos melhor a nós mesmos e aos nossos conhecimento e comportamentos. Tenho que admitir que, às vezes, as coisas que pareciam as mais evidentes, terminaram com um mal-entendido. O modo de ser, de falar, de gesticular foram interpretados de forma incorrecta. Ao longo do tempo, felizmente, tivemos oportunidade de aprender uns com os outros.
A missão também é comunidade. O que, para mim, foi extraordinária. Em Gulu, onde tudo era novo para cada uma de nós quatro, fomos capazes de criar uma comunidade. Como aquela que já existia em Matany, onde trabalhou a Danusia, outra LMC polaca. Éramos quatro jovens e inexperientes: três polacas e uma espanhola. Juntas, trabalhamos, rezamos, conversamos, descansamos, mas também discutimos e tivemos os nossos mal-entendidos. Mas tudo foi belo, preciso, intenso. O que sempre nos manteve unidas foram as pessoas, a missão e, em especial, a oração. Cada uma de nós é uma imagem diferente de Deus, mas com a mesma fé e com um coração grande e aberto.
Em nome da minha comunidade e de mim mesma, gostaria de agradecer a todas e a todos aqueles que nos apoiaram com os mais pequeninos gestos, com um postal ou um e-mail. Em nome das minhas crianças, gostaria de agradecer também todo o apoio económico, o que, graças a ele, permitiu-nos fazer uniformes para as crianças, melhorar a comida e a saúde… enfim, permitiu-nos colorir um pouco mais a vida de cada uma daquelas crianças. Mas acima de tudo, gostaria de agradecer por cada uma das vossas orações, por terdes pensado em nós… pois, sem vós, não teríamos podido estar aqui.

Ewa

Ewa Maziarz, LMC