Leigos Missionários Combonianos

Viver o presente com paixão

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Fr. Fernando Domingues

As reflexões que se seguem pretendem ser simples comentários ao segundo objectivo proposto pelo Papa Francisco na sua Carta Apostólica a todos os religiosos por ocasião do Ano da Vida Consagrada do passado mês de Novembro de 2014, a fim de ajudar-nos a viver como missionários combonianos o nosso tempo. “A paixão por um ideal, no nosso caso, a missão, está ligada ao entusiasmo. A paixão não se conquista de uma vez para sempre. É como uma planta que devemos cuidar e alimentar todos os dias. Por isso é preciso tirar proveito de iniciativas como a que propõe o Papa no Ano da Vida Consagrada, para rever como estamos a viver a nossa consagração e qual é a nossa ligação com o Evangelho, com o Instituto e com a missão”, escreve o P. Rogelio Bustos Juárez, mccj.

VIVER O PRESENTE COM PAIXÃO

“O passado que é memória e o futuro que é imaginação evocamo-los pelo presente”
(Santo Agostinho)

  1. A sequela de Cristo, como referência principal

Quando se fala de nascimento dos carismas, a história da vida religiosa ensina-nos que a primeira coisa da qual partiram os fundadores e as fundadoras foi o Evangelho. Pela leitura atenta da Boa Nova conheceram Jesus Cristo, receberam a Palavra e descobriram como podiam segui-lo. Alguns deram atenção ao Jesus taumaturgo que curava os doentes, outros ao Jesus Mestre que, com autoridade, ensinava coisas novas; nós fomos interpelados pelo Jesus itinerante que deve anunciar o Evangelho a todos os povos, porque para isso foi enviado.

Nasceram daí as Regras ou Constituições como base teórica para tornar viva a intuição carismática. Nas Regras de 1871, o nosso Fundador dizia: certamente um espírito humilde que ame sinceramente a sua vocação e queira ser generoso com o seu Deus, observá-las-á de coração considerando-as como o caminho traçado pela Providência, mas é importante dizer claramente que as Constituições, a Regra de Vida e as tradições de qualquer Instituto só conservam o seu vigor se e quando continuarem a inspirar-se nos valores evangélicos.

Por isso o Papa escreve: «A pergunta que somos chamados a fazer neste Ano é se e como nos deixamos interpelar pelo Evangelho; se este é verdadeiramente o vade-mécum para a vida de cada dia e para as opções que somos chamados a fazer. Isto é exigente e pede para ser vivido com radicalismo e sinceridade. Não basta lê-lo (embora a leitura e o estudo permaneçam de extrema importância), nem basta meditá-lo (e fazemo-lo, com alegria, todos os dias). Jesus pede para pô-lo em prática, para viver as suas palavras.

Não tenho a certeza se, depois de termos concluído a nossa formação de base, todos tomamos a sério a nossa formação permanente. Hoje fala-se de sociedade líquida e amor líquido (cf. Z. Bauman) para aludir àquela rapidez com que estamos a mudar o mundo, a sociedade, a Igreja e a vida religiosa.

O Evangelho é a fonte que, com o seu dinamismo e a sua actualidade, pode indicar-nos caminhos sobre os quais orientar os nossos passos. A propósito, um instrumento útil pode ser o terceiro capítulo da Evangelli gaudium (n. 111-173) na qual o Papa Francisco nos convida a rever o modo como nos abeiramos da Palavra e a anunciamos.

Mas não é suficiente ser peritos em teologia bíblica ou bons pastoralistas se não formos capazes de pôr em prática o que anunciamos. Somos convidados a rever o lugar que a Palavra ocupa na nossa vida; se ela é verdadeiramente aquele guia seguro ao qual recorremos diariamente e que pouco a pouco nos faz assemelhar ao Mestre.

  1. Conformar a nossa vida ao modelo do Filho
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P Manuel Pinheiro. Peru

Se é Jesus Cristo que seguimos, ser-nos-á de ajuda reflectir sobre a segunda parte do nosso nome, «do Coração de Jesus», porque nos permitirá aprofundar a nossa identidade. Quando em 1885, através de D. Sogaro, a Santa Sé nos concedeu ser congregação religiosa, fomos chamados: Filhos do Sagrado Coração de Jesus. Em 1979 chegou-se à reunificação e renascemos com o nome de Missionários Combonianos do Coração de Jesus. É interessante o facto de se ter mantido a referência ao Coração de Jesus.

O Papa Francisco na sua carta advoga que se o Senhor é o nosso primeiro e único amor, poderemos aprender dele o que é o amor e saberemos como amar porque teremos o seu próprio coração, isto é, identificar-nos-emos com Ele. Foi isso mesmo que meditaram e partilharam connosco alguns Padres da Igreja.

Santo Ireneu, por exemplo, fala de «Jesus Cristo que, pela superabundância do seu amor, se tornou aquilo que somos nós para fazer de nós o que Ele é» (Contra as heresias, Prefácio do livro V).

São Gregório Nazianzeno desenvolve um outro aspecto: «Pela minha condição terrena, estou ligado à vida cá de baixo, mas sendo também uma partícula divina, trago em mim este desejo da vida futura».

O homem não é apenas ordenado moralmente, regulado por um decreto sobre o divino, mas é ghenos, da estirpe divina, como diz São Paulo, é «estirpe de Deus» (Act 17, 29).

Santo Atanásio, no Tratado sobre a Encarnação do Verbo, afirma que o Logos divino se fez carne, tornando-se como nós, para a nossa salvação. E, com uma frase que se tornou célebre, escreve que o Verbo de Deus «se fez homem para que nós chegássemos a ser Deus; tornou-se visível corporalmente para que tivéssemos uma ideia do Pai invisível, e suportou a violência dos homens para que herdássemos a incorruptibilidade» (54, 3).

O nosso Fundador, São Daniel Comboni, fazendo sua a espiritualidade do seu tempo, soube responder aos desafios da missão inspirando-se na espiritualidade do Sagrado Coração, ampliando o seu significado, dando-lhe um cunho mais social e missionário.

Resumindo, se aqueles que aprovaram o nosso nome julgaram oportuno e necessário incluir nele a referência ao Coração de Jesus, é pois necessário que nos identifiquemos cada vez mais com os seus sentimentos e o traduzamos em atitudes. Seguimos Jesus não de um modo qualquer, mas esforçando-nos por ser «cordiais» no nosso modo de agir, de ser reflexo e expressão dos sentimentos do Filho de Deus. Tudo isto tem consequências na vida pessoal e comunitária. A ponto de fazer de nós parábola existencial, sinal da presença do próprio Deus no mundo (Cf. Vida Consagrada n. 22).

  1. Fiéis à missão a nós confiada

O terceiro ponto convida-nos a rever a nossa fidelidade ao mandato que recebemos dos nossos fundadores. Uma intuição carismática é, ao mesmo tempo, dom e responsabilidade. Dom, porque não fizemos nada para o receber através da pessoa e do trabalho dos nossos fundadores, que todavia foi reconhecido pela Igreja, pelo que temos a responsabilidade de não o desvirtuar nem alterar, mas ser os continuadores deste presente que nos foi colocado nas nossas mãos.

E aqui é possível fazer-se duas leituras: ou agarrar-nos ao pensamento e à obra do nosso Padre Fundador pretendendo, por fidelidade carismática, reproduzir sine glossa o que ele fez ou então agir de modo tal que tudo o que fazemos não se assemelhe de modo algum a quanto sugerido ou proposto pelos nossos fundadores e mover-nos em total liberdade, interpretando os novos desafios a nosso gosto e escrevinhando a herança que recebemos há 150 anos.

Julgo que seja bem evitar estes dois extremos. É necessário de facto receber a chama das mãos de quantos nos precederam conservando a lucidez para descobrir como devemos responder aos desafios do presente sem enfraquecer a originalidade carismática. Foi este, creio, o objectivo da Ratio Missionis e do trabalho de requalificação dos nossos empenhos sobre os quais o Instituto insistiu nos últimos anos.

O Papa Francisco exorta-nos a perguntar-nos, neste Ano da Vida Consagrada, se os nossos ministérios, as nossas obras e presenças respondem aos que o Espírito Santo pediu aos nossos fundadores. Numa palavra, convida-nos a viver numa atitude de discernimento constante para não errar e ser assim reflexo e expressão daquele carisma eclesial que recebemos.

  1. Ser peritos em comunhão
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P Gino Pastore. Moçambique

Sendo assim e considerando o valor que tem para a nós a vida fraterna, seria oportuno que nos interrogássemos sobre a qualidade da nossa vida em comum. A este propósito, o nosso Fundador foi muito claro ao descrever as características do seu Instituto: «Este Instituto torna-se, pois, como um pequeno cenáculo de apóstolos para a África, um ponto luminoso que envia até ao centro da Nigrícia tantos raios quantos os solícitos e virtuosos missionários que saem do seu seio. E estes raios, que juntos resplandecem e aquecem, revelam necessariamente a natureza do centro de onde procedem» (E 2648).

É interessante a imagem que São Daniel Comboni utiliza: «cenáculo de apóstolos». O cenáculo é a sala do piso superior, onde o Mestre confiou aos seus discípulos o que tinha no seu coração na véspera do mais alto gesto de doação. O estar juntos é aquela realidade que nos transcende e nos aproxima de Deus quando vivemos em comunhão com os irmãos. É também espaço de intimidade, onde podemos abrir o nosso coração aos companheiros de caminho e mostrar-nos como somos. Ali partilhamos aquilo que somos, descobrindo os nossos dons e limites e os de quantos vivem connosco. Teologicamente, a Trindade é o nosso modelo: três pessoas distintas mas um só Deus. Viver juntos ajuda-nos a partilhar os nossos dons e a acolher a riqueza de quantos vivem ao nosso lado. Somos diferentes, mas cultivamos e promovemos a unidade, através do respeito e da tolerância. Num Instituto internacional como o nosso, o desafio é maior mas não impossível.

Na imagem utilizada faz-se referência também à apostolicidade. Deste «cenáculo de apóstolos» sairão como que «raios» missionários solícitos e virtuosos para iluminar situações de obscuridade: o Papa fala de choques, de difícil convivência entre culturas diferentes, de prepotência sobre os mais frágeis, de desigualdade e poderíamos continuar com uma lista de situações que conhecemos e que encontramos pela frente no nosso serviço nas diversas partes do mundo, onde trabalhamos. A todas elas somos chamados a levar uma palavra de esperança e de encorajamento, iluminando as obscuridades e partilhando uma experiência de fraternidade, fruto da comunhão que experienciámos. E não basearemos a força e a eficácia da nossa vocação missionária sobre os recursos materiais que podemos levar à missão, mas sobre a disponibilidade a partilhar a experiência autêntica de Deus que temos e sobre a dose de humanidade que podemos transmitir. A qualidade da vida missionária dependerá do tempo que estivermos dispostos a dedicar às pessoas marginalizadas da sociedade. O nosso lugar, como missionários – e isto reconhecem-no-lo a maior parte das Igrejas locais – é onde há tensões e desconfianças, onde há situações que são contrárias à condição humana. É aí que devemos levar a presença do Espírito, procurando dar testemunho de unidade (Jo 17, 21), como nos recorda o Papa.

Tudo isto traduz-se num estilo próprio que deve ser de escuta, de diálogo e de colaboração com as pessoas com quem entramos em contacto. Até podemos ser pessoas dinâmicas e capazes, mas se não soubermos trabalhar em grupo, dificilmente daremos testemunho do amor trinitário sobre o qual se funda a vida comunitária. As diferenças não devem impedir-nos de dar testemunho de unidade perante a Igreja e o mundo.

  1. Apaixonados pelo Reino

Uma última consideração: seguir Jesus, desejar assemelhar-se ao seu coração, permanecer apaixonados pela missão e ser construtores – e não meros consumidores – de comunidade, será possível na medida em que mantivermos sempre viva a paixão pelo Reino. Se virmos bem, muitos de nós manifestam uma certa dose de irresponsabilidade pelo modo como administramos o tempo e os bens que chegam às nossas mãos. Se perdemos o contacto com as pessoas, será difícil imaginar as carências que vive a maior parte da nossa gente. Na carta, citando João Paulo II, o Papa Francisco afirma: «A mesma generosidade e abnegação que impeliram os Fundadores devem levar-vos a vós, seus filhos espirituais, a manter vivos os seus carismas que, continuam, com a mesma força do Espírito que os suscitou, a enriquecer-se e a adaptar-se, sem perder o seu carácter genuíno, para se porem ao serviço da Igreja e levarem à plenitude a implantação do seu Reino».

Porque é que alguns dos nossos candidatos perdem o entusiasmo inicial quando fazem parte do Instituto? Porque é que para muitos de nós é tão fácil deixar de ser combonianos, quando surgem dificuldades ou desacordos? Porque nos é cada vez mais difícil obedecer e responder aos desafios que se nos apresentam? Porque é diminuta a nossa paixão pelo Evangelho e por tudo aquilo que diz respeito á missão? Porque é que tantos vivem como reformados antes do tempo? Não será porventura porque negligenciamos algumas referências fundamentais ligadas à nossa identidade, pelo que saímos do caminho e perdemos a rota?

A paixão por um ideal, no nosso caso, a missão, está ligada ao entusiasmo. A paixão não se conquista de uma vez para sempre. É como uma planta que devemos cuidar e alimentar todos os dias. Por isso é preciso tirar proveito de iniciativas como a que propõe o Papa no Ano da Vida Consagrada, para rever como estamos a viver a nossa consagração e qual é a nossa ligação com o Evangelho, com o Instituto e com a missão.
P. Rogelio Bustos Juárez, mccj

“Tira as sandálias dos pés, porque o lugar onde você está é terra santa”

Brasil

Esta terra se chama Pau-Brasil, Irajá, Comboios, Caeiras, Olho d’Água, aldeias indígenas situadas no estado do Espirito Santo.

Vivi 9 dias com muita intensidade, dias importantes, lindos, cheios de amizade e de partilhas, Nós Família Comboniana (padres, irmãs, leigos, escolásticos) e o povo indígena Tupinikim, povo desta terra santa.

Simplicidade, humildade, partilha, acolhimento, são palavras que revivo celebrado aqueles dias.

A disponibilidade, a ternura das famílias que encontramos, visitamos, vivemos, brotaram dentro mim a beleza dos valores autênticos e sinceros que valorizam o encontro com o Outro e a sacralidade de saber acolher.

O povo Tupinikim, como todos os povos indígenas, é um povo que lutou pelo reconhecimento da terra que sempre foi deles e que perderam com a colonização, perdendo também o direito de serem moradores.

Terra indígena, terra santa.

Uma luta que iniciou no ano 1979 até 1981 pelo um território sempre mais explorado, da outra colonização, aquela de uma multinacional estrangeira, apoiada de um poder político e econômico lobístico.

Muitas foram as tentativas da parte da polícia com armas e ameaças para que o povo Tupinikim saíssem de suas terras. Muitos os processos, a procura de carta e documentos para demostrar que era terra indígena e finalmente nos 1993 a demarcação da terra e o reconhecimento que é território indígena protegido, com suas comunidades e aldeias.

Luta pela Vida, luta pelos direitos, para o respeito de uma cultura que está perdendo-se e que está resistindo ao uma homologação sempre mais dominante que quer todos como objeto e consumidores.

As ameaças acabaram e a lei confirmou uma verdade que sempre existia, agora é tempo de recuperar um território explorado por uma fábrica (estrangeira) que plantou eucalipto em cada lugar por interesses de mercado, para fabricação da celulosa.

O problema destas arvores é que crescem rápido e tiram agua da terra, empobrecendo o solo e tirando espaço da floresta nativa.

Quando o clima, depois, por causa da seca não ajuda, tudo se transforma difícil e complicado para quem vive do cultivo.

Recomeçar, cuidar a terra e os seus frutos, através de uma tradição indígena sempre de respeito Pachamama, vivenciando na essencialidade, isso é uma linda lição de vida que o povo indígena nos ensina.

Em esta terra nós fomos acolhidos, sentimo-nos em casa e não existe coisa mais linda para um peregrino, para um estrangeiro ser acolhido e conduzido pela mão.

Família Comboniana: padre Elias, padre Savio, Irma Josefina, Emma, Wedipo, Cosmas, Fidel, Grimert.

Emma Chiolini (LMC italiana em Brasil)

Visita à Casa de Missão Santa Terezinha, Leigos Missionários Combonianos

RayleneMinha ida à Casa de Missão dos Leigos Missionários Combonianos (LMC) se deu entre os dias 04 e 10 de março deste ano. Tive a feliz oportunidade de conhecer os Combonianos em Agosto de 2014 em Piquiá, Açailândia/MA e essa visita ao Ipê Amarelo, foi sem dúvida edificante para minha vocação, encontrar mais leigos e ver suas atuações e atividades é de fato o caminho para clarear a dedicação de alguns anos da minha vida à missão.

“Eis que venho, com prazer, fazer a vossa vontade Senhor” (Sl. 39)

Participei da reunião da Pastoral da Criança; Pintura das mulheres; Grupo de Jovens; Discípulos de Emaús; Catequese e Via Sacra na Comunidade. Atividades que vivencio na minha comunidade São José do Egito, Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Imperatriz/Maranhão.

Nos dias em que estive em Nova Contagem, Minas Gerais, pude inteirar-me dos projetos, como a Casa Comboniana Justiça e Paz, o Espaço Esperança da Comunidade Nossa Senhora Auxiliadora – ACCSA e até mesmo de longe, o Projeto da Escola Industrial de Carapira em Moçambique, através dos registros e relatos de Lourdes.

Sem dúvidas, cada detalhe marcou essa experiência, sobretudo o carinho de todos, as ligações e os pedidos de orações que Lourdes solicitava a cada membro da comunidade, por onde passávamos, pois é de suma importância para essa fase de decisão.

Raylene  “Eu dormia, e sonhava que a vida era felicidade. Acordei, e descobri que a vida era serviço. Servi, e encontrei a felicidade”.

Raylene Bananeira

Imperatriz-Maranhão

Não podemos enterrar nosso espírito missionário!

BrasilNo dia 15 de março nos reunimos na cidade de Curitiba para dar continuidade aos encontros de acompanhamento aos interessados no chamado á vocação leiga missionaria comboniana desta região. Neste segundo encontro, dando prosseguimento ao tema Vocação e Missão, tivemos a oportunidade e o compromisso de rezarmos juntos no dia do nascimento de São Daniel Comboni. Unidos a toda a Família Comboniana nos dedicamos a rezar e refletir sobre sua vida e o nosso compromisso com a Missão para a Humanidade.

É inspirador perceber que Comboni não mediu esforços para encontrar a Cristo no rosto dos irmãos africanos, percorreu grandes distancias, ajudou a animar a Igreja e a fazê-la enxergar onde a vida estava ameaçada. Seu testemunho conseguiu atrair muitos outros consigo, foi ao encontro, colocou-se a caminho, usou todos os recursos disponíveis em sua época, não teve medo das dificuldades.

Para refletimos sobre a atualidade do chamado missionário, assistimos também ao documentário “Missão e Comunhão Eclesial” da Campanha Missionária 2010.

A Missão também nos nossos dias pede uma resposta urgente e corajosa. Missão Além Fronteiras e Animação Missionária, dois pontos essenciais do chamado de todo batizado. E estes momentos são importantes para reacender nossa chama missionária e ajudar a despertar a consciência missionária da Igreja, desejosos que mais pessoas despertem para este chamado.

BrasilBrasilAproveitamos também para partilhar como nasceu a organização dos LMC no Brasil, num breve relato destes quase 20 anos de caminhada. Vale recordar sempre o que recomenda o papa Francisco na Mensagem do Mês Missionário “continua a revestir-se de grande urgência a missão Ad gentes, na qual são chamados a participar todos os membros da Igreja, pois esta é, por sua natureza missionária: a Igreja nasceu em “saída”.

Continuemos a caminhada, sendo um pequeno sinal, na partilha da vida e na defesa e promoção da Vida para todos.

LMC Brasil

“Estive preso e foste me visitar”

Emma

Entre as várias atividades pastorais da Paróquia São Domingos, dirigida pelos missionários Combonianos em Nova Contagem, há também a pastoral carceraria, realizada por 15 voluntários, incluindo os Leigos Missionários Combonianos, que são parte da paróquia.

Toda terça e quarta-feira de manhã, o grupo se reúne para visitar os pavilhões do presídio de segurança máxima Nelson Hungria, localizado em Nova Contagem, com cerca de 2.000 detentos. A concentração é às 08:00 na praça adjacente ao presídio.

A realidade prisional do Brasil, assim como em outras partes do mundo, sofre de uma alta superlotação devido a um sistema prisional com pouca atenção à recuperação dos detentos.

As prisões de Minas Gerais, por exemplo, podem receber 32.000 presos, divididos em 144 unidades prisionais, na verdade, são 54.000 as pessoas reclusas nas várias unidades. Esta situação só consegue agravar as condições de vida dos presos, visando mais o punir do que o reeducar e o ressocializar, com graves violações dos direitos humanos.

Emma A ação, e o compromisso do grupo da pastoral carcerária, formado principalmente por mulheres, é acreditar em um trabalho para promover a dignidade humana, o respeito pelos direitos humanos, e a superação dos limites do sistema prisional atual, em favor de um modelo que permita a recuperação efetiva e a reintegração da pessoa do recluso.

O mais importante da nossa atuação pastoral é o testemunho de um Deus que não discrimina a ninguém, em um lugar marcado pelo desprezo, o preconceito e a violência, fazendo nossas as palavras do Evangelho: “estive preso e foste me visitar”. É a pedagogia de Jesus, método, modelo, passo que direciona o caminho desta pastoral, reconhecendo o rosto de Deus em cada pessoa, mesmo nos presos.

Muitos são os desafios e as dificuldades enfrentadas na nossa atuação pastoral, como o excesso de burocracia que muitas vezes atrasa e dificulta o nosso trabalho, com controles, restrições às visitas, permissões limitadas; mas é com coragem que este pequeno grupo de voluntários enfrenta as dificuldades, isso possibilitou, também, em 2014, a criação de dois grupos de catequese dentro do presídio que deu a possibilidade, para alguns detentos que o haviam solicitado, de receber os sacramentos.

EmmaPara isso são fundamentais os momentos de formação permanente que realizamos todo final de mês, com um espaço dedicado à programação e à formação, que permite que os agentes de pastoral carcerária possam conhecer e aprender as ações e informações que vão ajudar a melhorar as visitas ao presídio e a relação com os presos. Nisto ajudam, também, as formações realizadas pela diocese.

Nisso em síntese o trabalho da Pastoral carcerária. Atuação singela apertando mãos, encontrando rostos concretos, escutando as histórias de vida, dos que estão do outro lado das grades com vista a testemunhar a justiça e a dignidade de cada ser humano, porque como nos diz o Evangelho é: “Nisso que reconhecerão que sois meus discípulos: no amor que tiverdes uns para os outros” (Jo 13, 35).

Emma Chiolini, Leiga Missionária Comboniana