Leigos Missionários Combonianos

Projecto ZO KWE ZO (toda a pessoa é pessoa)

PROGRAMA DE ATENÇÃO SANITÁRIA À POPULAÇÃO PIGMEIA EM MONGOUMBA

República Centro Africana

Família Comboniana unida por uma causa

Contexto:

Este ano a Família Comboniana em Portugal terá, como tema do ano, a escravatura. Assim, dadas as circunstâncias em que se encontram os países onde trabalhamos, a Família Comboniana une-se em prol de um projecto que em favor dos pigmeus de Mongoumba – RCA (onde temos a nossa LMC Élia Gomes como responsável pela área da saúde).

A subprefeitura de Mongoumba encontra-se, na Floresta Equatorial, na Prefeitura da Lobaye na República Centro-africana e faz fronteira com a República Democrática do Congo e a República Popular do Congo, em plena floresta equatorial.

A população estimada é de 21.235 habitantes, sendo mais de 50% jovens (com idades inferiores a 20 anos).

Aqui existe uma trintena de povoados situados, em grande parte, nas margens dos rios Ubangi e Lobaye. O conjunto da população é variado, sendo as etnias mais numerosas a etnia Ngbaka e Mondzombo, do grupo Bantú. Existe ainda um grupo de pigmeus Aka, segundo o último censo realizado pela CARITAS, em 2004, o número de habitantes pertencentes a esta etnia é de 3.089, estando esta população repartida por 80 acampamentos dispersos na floresta.

Apesar de serem os pigmeus os primeiros habitantes desta região, estes sofrem a descriminação por parte do resto da população que os utiliza como mão-de-obra barata e os excluem das organizações sociais.

As actividades económicas pertencem ao sector primário: café, banana, mandioca, caça, pesca e recolha de frutos. Nesta zona existem ainda empresas madeireiras e mineiras que exploram os recursos naturais quebrando o equilíbrio do ecossistema e destruindo o habitat natural dos pigmeus.

 

Introdução:

Para apoiar a nível sanitário a população pigmeia, a missão – e mais concretamente a comunidade de Leigos Missionários Combonianos (LMC) aí presentes – procuram servir de ponte entre esta população e o centro de saúde público local, bem como, proporcionar o acesso dos pigmeus a medicamentos, a programas de mal nutrição e de epilepsia, a campanhas de vacinação e a aceder a água potável (através da construção de poços na floresta).

A nível local a população pigmeia não consegue ir além de uma participação de 2% dos gastos totais a nível da saúde.

 

Actividades:

  1. Doação da medicação necessária aos pigmeus mediante uma colaboração financeira da parte destes.
  2. Educação sanitária individual e em grupo durante as consultas e em diferentes acampamentos sobre a vacinação e as doenças de maior incidência.
  3. Acompanhamento, medicação e formação de casos de epilepsia e de mal nutrição (muito frequentes nesta região).
  4. Criação de 2 poços na floresta de forma a responder às necessidades de água potável.

 

Pressuposto / orçamento (em €uros) para o desenvolvimento das actividades (para um ano):

Conceito Financiamento necessário
Gastos em medicamentos

3 700,00 €

Mal nutrição

550,00 €

Epilepsia

630,00 €

Campanhas vacinação / sensibilização

150,00 €

Construção de 2 poços de água

250,00 €

Total

5 280,00 €

 

Este projecto visa a que seja assegurado um nível mínimo de saúde para a população pigmeia desta região (visto serem estes os mais pobres entre os mais pobres).

A par destas actividades, a Missão Católica de Mongoumba realiza outras actividades tanto a nível da Educação como a nível da Pastoral. Assim que, este projecto representa apenas uma parte da dimensão global da Missão.

Desde já, a comunidade de LMC, presente em Mongoumba, agradece a colaboração de todos e sobretudo a atenção dispensada à realidade do povo pigmeu. É, de facto, em constante colaboração que a Missão vai continuando e que, pouco a pouco, todos juntos, vamos construindo um mundo melhor, “para que muitos possam ter vida e tê-la em abundância” (cf. Jo 10, 10).

Nota: Actualmente, nesta missão, está a LMC Élia Gomes que, também como enfermeira, se ocupa particularmente das questões do âmbito da Saúde.

Os LMC em Portugal estão disponíveis para facultar informação adicional, apoiar e esclarecer algumas dúvidas que possam surgir:

 

Pode descarregar o folheto do projecto ZO KWE ZO aqui.

Página do projecto no Facebook aqui.

Susana Vilas Boas: (00351) 960 145 875 e susanavilasboas@gmail.com (fez parte desta comunidade durante 5 anos)

Sandra Fagundes: (00351) 966 592 658 e sandrafagundes@gmail.com (ecónoma dos LMC)

Os donativos podem ser depositados na conta:

NIB: 0036 0131 99100030116 60

IBAN: PT50 0036 0131 99100030116 60

SWIFT: MPIOPTPL

Rede Justiça nos Trilhos

Em defesa da justiça sócio-ambiental nas terras feridas pela empresa Vale.

Vale 1“Estou cansada de aguentar esse trem de minérios que passa em frente à minha casa dez vezes por dia. Cansei de escutar que esse comboio de 330 vagões leva embora a riqueza de nossas terras e deixa um rasto de atropelamentos e mortes: uma pessoa por mês! Estou farta dos discursos dos ‘engravatados’ da empresa: eles garantem que tudo isso vai trazer progresso, mas para nós, aqui, tudo está parado há mais de vinte anos!”

Esse é o desabafo de várias famílias, moradoras na área de influência do corredor de Carajás (900 Km de ferrovia entre Pará e Maranhão, na região norte do Brasil).
Aqui, a empresa mineradora Vale S.A. domina a economia e controla a política regional, detendo a propriedade das minas de ferro mais ricas e abundantes do mundo, bem como de um imponente sistema de logística (estradas de ferro e navios).
A Vale é a segunda maior mineradora do mundo, opera em 38 países e cresceu 19 vezes desde quando uma suspeita operação de privatização entregou esse tesouro a interesses particulares. Pinta a sua imagem de verde e amarelo, garantindo sua sustentabilidade e responsabilidade social com poderosas operações de propaganda mediática e influência sobre os partidos políticos; ao contrário, os povos e as comunidades de várias partes do mundo testemunham conflitos trabalhistas (3500 pessoas no Canadá enfrentaram a empresa com uma greve de pouco mais de um ano!), poluição, vazamentos, corrupção das administrações locais, até o uso de milícias para garantir seus interesses privados. Em 2012, a Vale foi escolhida em votação internacional como “pior empresa do mundo” (Public Eye Award, Suissa).

Por tudo isso, consideramos essa empresa como exemplo paradigmático da arrogância de muitas mineradoras no mundo. Desde final de 2007, uma rede de movimentos do norte do Brasil lançou a campanha “Justiça nos Trilhos” (www.justicanostrilhos.org), para denunciar os conflitos com a multinacional e reivindicar justiça sócio-ambiental. De lá para cá, a participação ao Fórum Social Mundial de Belém fortaleceu a rede de alianças e a ousadia da campanha, permitindo o nascimento, em abril de 2010, da Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale.

Vale 2Comunidades, movimentos sociais, trabalhadores e entidades que de várias formas se consideram afetadas pela empresa organizam-se desde o primeiro encontro da Articulação Internacional para trocar experiências e definir estratégias de resistência e alternativas aos impactos da mineração. A organização facilita esse intercâmbio entre pessoas de cerca dez diferentes países do mundo.

Justiça nos Trilhos está mantém também estreitas relações com a Rede Brasileira de Justiça Ambiental e o Observatorio de Conflictos Mineros em America Latina. Desde 2010 participa anualmente à Assembleia Geral dos Acionistas de Vale, levando também frente aos maiores investidores as denúncias e exigências das comunidades.

Uma frente específica de luta da rede Justiça nos Trilhos é o acompanhamento do caso emblemático da comunidade Piquiá de Baixo (Açailândia-MA), vítima da poluição da cadeia de mineração e siderurgia. Lá, mais de 300 famílias não aguentam mais conviver com cinco firmas siderúrgicas que invadiram as terras da comunidade. Reivindicam o reassentamento numa área livre de poluição, para voltar a viver com dignidade e saúde.

Vale 3Piquiá de Baixo é um dos casos mais graves de racismo ambiental e violações dos direitos humanos no Brasil. Em 2013, uma campanha internacional lançou uma ação de solidariedade e denúncia, para o reassentamento urgente da comunidade.