Hoje a comunidade LMC do Ipê Amarelo Nova Contagem Minas Gerais comemora e celebra os 14 anos de vida matrimonial de Ana Cris e Alejandro. Que está data se repita por muitos e muitos anos e que possam juntos com seus filhos continuar está linda caminhada Missionária, sempre com intercessão de Comboni as bênçãos de Deus e da virgem Maria.
Neste mês de abril acolhemos em nossa comunidade Ipê Amarelo o padre Serafim que veio para somar conosco na missão. E junto trouxe a alegria da primeira missa em nossa casa de missão Santa Terezinha. Desde que cheguei há um ano e seis meses não havia acontecido a Santa missa em nosso lar. Receber Cristo Eucarístico é renovar as forças e manter viva a esperança para continuar na caminhada.
Nesse momento de incertezas, de espera onde não podemos planejar bem o futuro, os próximos passos, é imensa a alegria de poder viver esse momento, me trouxe uma imensa alegria. Eu tinha um grande desejo de falar “Cordeiro de Deus” em comunidade.
A presença do espirito missionário, o desejo de viver e trabalhar conosco em comunidade, que transpareceu nas atitudes e palavras do padre… também me fazem vibrar de alegria. O Senhor é muito bem-vindo padre Serafim, que Jesus missionário nos una e nos fortaleça para nesta caminhada, que juntos possamos viver a missão do Cristo ressuscitado.
Forte abraço.
Regimar Costa, LMC Brasil
NB. Regimar Costa e o marido Valmir Barp estão aguardando a abertura de fronteiras para partir em missão para Moçambique.
Partilhar o amor de Deus com os demais, receber e dar, determinaram a nossa vocação missionária (Irmã Vicenta Llorca, Irmã Missionária Comboniana há mais de 40 anos na Etiópia e Pedro Nascimento, Leigo Missionário Comboniano, há dois anos na Etiópia). Tal como fez com Abraão, também a nós, através da oração e discernimento pessoal, Deus disse: “Deixa a tua terra e vai para a terra que eu te indicar” (Gen 12,1). O nosso destino foi a Etiópia, país cheio de sol e de hospitalidade. A Etiópia é um país lindíssimo, com uma grande riqueza histórica e cultural, cheio de tradições e com imensos povos, com grande diversidade linguística.
Benishangul-Gumuz faz parte de uma das regiões da Etiópia e uma das suas tribos aqui presente é a dos Gumuz, gente de carácter forte, disposta a lutar para defender-se em muitos sentidos. O nosso trabalho missionário é especialmente desenvolvido entre os Gumuz.
O nosso primeiro impacto foi muito bom, pois sempre quisemos partilhar a nossa vida com gente simples, como esta. A comunidade das Irmãs Combonianas, situada em Mandura, oferece serviços como a educação, a saúde e a pastoral catequética. A comunidade dos Leigos Combonianos (David Aguilera e Pedro Nascimento) vive com os Missionários Combonianos, em Guilguel Beles, a 10 quilómetros de distância de Mandura e procuram auxiliar ambas as comunidades nas áreas da educação e pastoral catequética, bem como no acompanhamento de alguns doentes.
Nós, Ir. Vicenta e Pedro, trabalhamos na pastoral e no serviço social, pois uma pessoa completa-se desenvolvendo alma e corpo. Uma das actividades que realizamos juntos é o acompanhamento da catequese das mulheres no seu desenvolvimento espiritual, humano e material. Sabemos que a mulher tem um papel importante na transformação da sociedade e aqui elas precisam de descobri-lo. A mulher Gumuz trabalha imenso e é muitas vezes negligenciada nas oportunidades tais como a educação, onde o aproveitamento escolar não é uma prioridade, especialmente, para as mulheres e raparigas. Estas têm, especialmente, que trabalhar no campo, apanhar lenha para cozinhar, carregar água do fontanário ou do rio, carregar pesados sacos com cereais (fruto do trabalho do campo), cuidar dos filhos, cozinhar… A vida da mulher Gumuz é difícil e cheia de sacrifícios e de trabalho árduo.
Reunimo-nos todas as semanas com um grupo de mulheres e elas elegeram um nome para o grupo: “Construtoras da Paz”, nome devido à situação de guerra que temos vivido por mais de dois anos, na nossa zona. Neste grupo partilhamos a Palavra de Deus, rezamos pela paz e tomamos juntos um café com a colaboração económica de todas, e fazemo-nos próximos nas experiências de dor e sofrimento que vivemos, fortalecemos a amizade, partilhamos sonhos e aspirações para o futuro. Estes encontros dão-nos a possibilidade de nos conhecermos e estar mais perto uns dos outros. É nosso desejo, segundo as nossas possibilidades, desenvolver actividades que possam ajudar as mulheres na parte económica, já que elas têm um papel importante na manutenção da família.
Tudo isto é muito bonito e atractivo, mas a vida humana está composta de tempos felizes e tempos dolorosos, dias de luz e dias de escuridão.
Devido a confrontos étnicos, sobretudo pela posse da terra, a estabilidade social piorou, muitos foram mortos, aldeias foram queimadas, algumas colheitas foram roubadas por oportunistas, muitos inocentes postos na prisão sem saber os motivos, as escolas e postos médicos fechados devido à insegurança, temendo que os estudantes sejam atacados pelos rebeldes e os professores e enfermeiros atacados e sequestrados, já que a maioria deles pertencem a outro grupo étnico. Infelizmente esta tem sido a nossa realidade nos últimos dois anos vivendo-se, ora momentos de paz, ora momentos de conflitos e insegurança. Porém, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor (Rom 14,8) e Ele connosco sempre está e nos acompanha.
Na missão das Irmãs, algumas mulheres pediram a protecção por umas semanas, ficando lá a dormir. A situação piorou e decidiram escapar para o bosque onde se podiam esconder. Quando a situação se acalmou, pouco a pouco, as famílias foram regressando às suas cabanas. Como referimos, anteriormente, esta situação tem-se repetido por dois anos e juntos experimentamos a dor, a insegurança mas também a protecção de Deus. As obras de Deus nascem e crescem aos pés da Cruz, dizia São Daniel Comboni.
Nada disto estava contemplado quando cheios de ilusão, chegámos a esta missão, mas decidimos fazer causa comum com este povo, partilhando os momentos bons e os maus, decidimos permanecer aqui e abandonarmo-nos nas mãos de Deus. Viveram-se tempos muitos difíceis e a nossa presença aqui, no meio das dificuldades, pretende ser testemunho da fidelidade a Deus manifestada na fidelidade ao povo com quem partilhamos a vida. Foi Jesus quem nos disse: “Eis que estou convosco todos os dias, até ao fim dos tempos” (Mt. 28,20).
No meio da dor, de ver sofrer a gente que escapa, dos que sofrem quando choram os seus entes queridos seja porque estão mortos ou porque privados de liberdade, tudo isto se converteu em tempo de graça que nos ajuda a fortalecer a fé e a fidelidade a um povo que vive tempos de sofrimento. Fazer minha a dor do outro, demonstra-nos o quanto o outro é importante para nós, o quanto lhes queremos bem. Ensinava São Daniel Comboni, faço causa comum convosco e o dia mais feliz da minha vida será aquele em que der a minha vida por vós.
Neste momento fazem-se negociações de paz entre o governo e os grupos rebeldes, as escolas e postos médicos (alguns) começam a abrir. Em nós, há a esperança de que se possam viver momentos de paz, felicidade e prosperidade.
Rezem por nós e por estes povos da Etiópia, pois a esperança não a podemos perder, rezem para que consigamos arranjar suporte para desenvolver actividades económicas com as mulheres e ajudar as famílias em necessidade, rezem pela paz e pela comunhão fraterna.
Vicenta Llorca, Irmã Missionária Comboniana e Pedro Nascimento, Leigo Missionário Comboniano
No passado dia 31 de Janeiro transmitimos em direto através da página de facebook dos Leigos Missionários Combonianos de Portugal as “Conversas Missionárias com Etiópia”. Nesta conversa entre os três LMC, David Aguilera – LMC de Espanha – e Pedro Nascimento – LMC de Portugal – partilharam sobre a vida que brota na missão que vivem como comunidade desde 2019 na Etiópia. Responderam sobre assuntos relativos à resposta ao chamamento para a vocação missionária, a preparação para a partida para a missão e as vivências e dificuldades em missão.
“Para mim foi uma partilha muito bonita e intensa, também com um significado especial para mim, já que também vivi durante algum tempo aquela missão e a sigo trazendo no meu coração a ela e a todas as pessoas que conheci na Etiópia e em todo o percurso que me levou até esta missão enquanto LMC. É muito bom sentir que os meus companheiros de missão fazem um caminho bonito, difícil mas com a vontade de servir e de se deixarem conduzir pelas mãos de Deus!”, refere Carolina Fiúza, a LMC Portuguesa que entrevista os dois LMC, e que esteve também com eles em missão em 2019.
Assim, em pleno tempo de confinamento que vivemos atualmente, no intuito de estimular o ritual de ficar em casa mas com amor, partilhamos um testemunho missionário que, certamente, tocou muitos.
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