Leigos Missionários Combonianos

Inicia causa de beatificação do Padre Ezequiel Ramin

EzequielA fase diocesana do processo de beatificação do “Servo de Deus” Padre Ezequiel Ramin – já proclamado “Mártir da Caridade” pelo Papa João Paulo II – começou, com a primeira sessão pública, no passado sábado, dia 9 de Abril, na cidade italiana de Pádua. Padre “Lele” Ramin, comboniano de Pádua, foi assassinado no dia 24 de Julho de 1985 em Cacoal, no Brasil. A pesquisa sobre a fama de santidade, baseada no “super martyrio”, demonstra a consciência de que o religioso morreu em defesa da sua própria fé, da paz e da justiça.

O trabalho do processo rogatório foi aberto na igreja dos Missionários Combonianos, na Via San Giovanni da Verdara, em Pádua, com a instituição do tribunal sobre o processo “super martyrio” e o juramento dos componentes. Depois de um momento de oração, Dom Pietro Brazzale, coordenador geral da rogatória, apresentou as motivações e o significado. Seguiu-se o juramento do bispo Claudio Cipolla e dos membros do Tribunal para a rogatória diocesana: o juiz delegado Mons. Giuseppe Zanon; o promotor de justiça P. Antonio Oriente; o advogado notário das actas, Mariano Paolin, e o notário adjunto e coordenador geral da rogatória, Mons. Pietro Brazzale.

Celebração da Páscoa LMC Espanha 2016

Sobre o tema: “Enviados para curar um mundo ferido desde a Misericórdia” o grupo dos LMC da Espanha reuniram-se em Madrid para celebrar o Tríduo Pascal.

Têm sido dias intensos em que nós compartilhamos orações, pensamentos, risos, sonhos… e onde, acima de tudo temos “feito família” e comunidade.

LMC Espanha

Carta à família comboniana no jubileu da misericórdia

Daniel Comboni«Este Coração adorável… rico em toda a graça, não conheceu um instante… em que não palpitasse com o mais puro e misericordioso amor pelos homens. Desde o sagrado berço de Belém, apressa-se a anunciar pela primeira vez a paz ao mundo: menino no Egipto, solitário em Nazaré, evangelizador na Palestina, partilha a sua sorte com os pobres, convida os pequenos e desafortunados a que se aproximem, conforta e cura os doentes, devolve os mortos à vida, chama ao bom caminho os extraviados e perdoa aos arrependidos; moribundo na cruz, na sua extrema mansidão reza pelos seus crucificadores; glorioso ressuscitado, manda os Apóstolos pregar a salvação ao mundo inteiro» (E 3323)

Caríssimos Irmãos e Irmãs da Família Comboniana,

Com esta carta, fruto de um tempo de oração, reflexão e partilha que tivemos juntos no final do ano da Vida Consagrada e no início do Ano Jubilar da Misericórdia, desejamos oferecer a todos os membros da Família Comboniana algumas reflexões e, sobretudo, convidar cada um/a à viver em profundidade os desafios e as oportunidades que o Ano jubilar nos oferece pessoalmente e como Família. Com esse fim desejamos propor-vos uma jornada comum de oração, recordado quanto dizia Comboni: «a omnipotência da oração é a nossa força» (E 1969).

Miserando atque eligendo: amados-perdoados / chamados-perdoados

Chamados/as, pela graça de Deus, a seguir Cristo nas pegadas de São Daniel Comboni – «escolheu-nos antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença…» (Ef 1, 4) – temos, como parte integrante do nosso ADN carismático, a chamada a contemplar o Coração trespassado de Cristo na Cruz, expressão mais eloquente da misericórdia infinita de Deus pela humanidade inteira e a deixar-nos transformar, para que nos tornemos também nós, abraço de amor e de misericórdia para todos/as. Isto, «para que fosse enaltecida a glória da sua graça com a qual nos favoreceu em seu Filho, no qual temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos nossos pecados, segundo a riqueza da sua graça» (Ef 1, 6-7).

Como todos os discípulos e discípulas de Cristo, estamos conscientes de que o Evangelho que queremos anunciar nos ultrapassa. Sabemos bem que o seguimento de Jesus Cristo, que nos chama a testemunhá-lo com a nossa vida e as nossas palavras, é exigente e nós nem sempre estamos à altura da mensagem que Ele nos confia: falta-nos, por vezes, profundidade para viver segundo a nossa chamada.

Na oração pessoal, na vida sacramental, na direcção espiritual e no encontro com os nossos irmãos e irmãs experimentamos a misericórdia de Deus. Sentimo-nos gratos/as ao Espírito Santo que actua no nosso coração, dando-nos o espírito de arrependimento e de purificação. Damos graças a Deus pelo dom da alegria de ser perdoados/as que nos renova e nos habilita a recomeçar todos os dias.

Misericordes sicut Pater: no seio das nossas comunidades e famílias

Deus ama-nos e perdoa-nos fazendo-nos sentir este mistério através do encontro pessoal com Ele e exprime a sua misericórdia através dos nossos irmãos e das nossas irmãs. Nas nossas comunidades e famílias somos então chamados/as a acolher-nos reciprocamente, graças ao Espírito Santo que nos une à volta de Jesus e nos torna cada vez mais cenáculo de apóstolos/as.

Na vida quotidiana, nos momentos de correcção fraterna e nos nossos encontros e assembleias, descobrimos que vivemos da misericórdia recíproca. Ajudamo-nos a crescer, a purificar-nos e a reconciliar-nos quando todos nos empenhamos a viver a boa nova do amor misericordioso de Deus.

Os irmãos, as irmãs, os familiares fazem-nos compreender que nos perdoam quando são pacientes e caminham conosco; fazem-nos tocar o amor quando nos dão confiança, apesar dos nossos limites. Quando a comunidade e a família vivem de misericórdia, tornam-se um espaço de graça, um lugar de cura e reconciliação no qual se constrói comunhão e vida, não negando as fadigas, fraquezas e limites próprios e dos outros.

Tudo isto qualifica a experiência de misericórdia que vivemos entre nós. «A misericórdia não é contrária à justiça, mas exprime o comportamento de Deus para com o pecador, oferecendo-lhe uma nova possibilidade de se arrepender, converter e acreditar» (MV 21).

Misericordes sicut Pater: na comunidade apostólica

Deus nosso Pai chamou-nos a servir e a trabalhar juntos, como comunidade apostólica; neste lugar de colaboração, somos desafiados/as a crescer no nosso caminho de saída de nós mesmos/as e de configuração com Cristo, servo obediente. Chamados/as a viver o novo mandamento do amor, «Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei, assim deveis amar-vos uns aos outros» (Jo 13, 34-35), o Senhor dá-nos todas as graças necessárias para partilhar a sua misericórdia e torna-nos capazes de perdão recíproco.

O dom da misericórdia torna-nos capazes de sair de nós mesmos/as, de viver gestos de ternura e de ser caridosos entre nós: ou seja, de realizar obras de caridade espiritual e corporal entre nós.

Muitas vezes, é difícil para nós “viver de misericórdia”, assumir os sentimentos do coração de Jesus. Por vezes, somos mais levados/as a ser caridosos com os que são de fora das nossas comunidades, das nossas famílias, esquecendo aqueles com quem vivemos e trabalhamos diariamente, como comunidades evangelizadoras. Deus, que nos quer misericordiosos/as, deseja que pratiquemos a misericórdia, acima de tudo, entre nós e com os mais próximos.

Misericordes sicut Pater: com o povo de Deus

O nosso serviço convida-nos a entregar-nos ao povo de Deus que nos acolhe no Seu nome. A experiência ensina-nos que se somos humildes e abertos/as, os nossos irmãos e as nossas irmãs usarão de misericórdia para conosco. Atitudes de arrogância ou de superioridade da nossa parte evocarão um outro tipo de resposta. A chamada a viver de misericórdia, como a viveu Comboni, obriga-nos a um caminho de conversão e de cura, para poder viver as nossas relações com simplicidade, humildade e humanidade.

Misericordes sicut Pater: para com as nossas instituições

Ao longo do caminho da nossa pertença aos nossos Institutos / grupos / família comboniana, os nossos sentimentos de amor, de orgulho sadio e de gratidão deveriam crescer com o passar dos anos. Mas, por vezes, nota-se também sentimentos de amargura, crítica destrutiva, o “terrorismo da bisbilhotice”, como lhe chama o Papa Francisco. Poderia dizer-se que isso faz parte da nossa condição humana, marcada pelo pecado, ainda em vias de transformação. As nossas fraquezas não deveriam surpreender-nos ou ser motivo de escândalo. Não deveriam enfraquecer o nosso sentido de pertença e a alegria de ser Comboniano/a, ou diminuir o desejo e o empenho a viver, de modo digno, a chamada a ser Santos e Capazes, nas pegadas de São Daniel Comboni.

Neste ano da misericórdia, deixemo-nos reconciliar com os nossos embaraços e feridas e revistamo-nos verdadeiramente «… de sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência…» e, assim, reavivar o nosso amor para com a nossa grande Família Comboniana.

Misericordes sicut Pater: instrumentos de misericórdia

A experiência da misericórdia enche-nos de alegria e do desejo de proclamar que a sua misericórdia e o seu amor são eternos (Salmo 25.6).

A exemplo de São Daniel Comboni, a experiência da misericórdia divina faz-nos dilatar o coração e estender os braços para a humanidade sofredora para que «… também nós possamos consolar aqueles que se encontram em algum tipo de aflição, mediante a consolação que nós mesmos recebemos de Deus» (2Cor 1, 4). Através do nosso testemunho, serviço e presença entre o povo de Deus, através do nosso ser missão, somos chamados/as a participar na obra salvífica do Deus misericordioso revelado em Jesus.

E então… Celebremos a misericórdia

Neste Ano Jubilar, por intercessão de Maria, Mãe da Misericórdia, peçamos a Deus Pai o dom de reconhecer-nos necessitados/as da Sua misericórdia e desejosos/as de ser reconciliados/as: connosco mesmos/as, com os nossos irmãos e irmãs em comunidade, com os nossos familiares, com os nossos colaboradores/as, com os Povos que servimos, com os nossos Institutos e grupos combonianos.

Convidamos, portanto, todos os membros da Família Comboniana, SMC, ISMC, MCCJ, LMC e outros Grupos/movimentos que se inspiram no carisma comboniano, a celebrar, a 17 de Março próximo, o XX aniversário da beatificação de São Daniele Comboni, com uma jornada de oração-contemplação da Misericórdia de Deus em Comboni. É um convite a, como seus filhos/as, deixarmo-nos transformar pela Misericórdia do Coração de Jesus e a reavivar a nossa compaixão e o empenho de anunciar, com palavras e obras, o Deus-Misericórdia aos irmãos e irmãs mais abandonados e sofredores.

Saudamos-vos com grande afecto,

Os Conselheiros Gerais e Coordenador Comité Central LMC:

SMC – Irmãs Missionárias Combonianas

ISMC – Instituto Secular Missionárias Combonianas

MCCJ – Missionários Combonianos do Coração de Jesus

LMC – Leigos Missionários Combonianos

Roma, 28 de Fevereiro de 2016

Peregrinando a caminho de Bangui, para a visita do Papa

Jesus

No dia 25/11 começou a peregrinação dos fiéis da nossa paróquia a pé, de Mongoumba até Bangui, para participarmos nas cerimónias da visita papal. Eram quatro grupos de 18 pessoas, um deles era composto apenas por pigmeus recentemente baptizados.
Iniciava-se o dia às 2.30hs da manhã com uma papa de arroz bem açucarada, para toda a gente ter energia para a caminhada. Rezava-se, e de seguida todos partiam, entoando belos cânticos em sango.
Cada dia eram percorridos cerca de 30Kms, com alegria, apesar das “bolhas” nos pés…
Ao chegarem ao local previsto para pernoitar, almoçavam, e à tarde, depois de um merecido repouso, assistiam a uma catequese sobre o tema do dia, seguida da Eucaristia.
Os temas apresentados foram: “Reconciliação”, “Laudato Si”, “A Alegria do Evangelho” e “Felizes os Obreiros da Paz”, temas interessantes que os peregrinos muito apreciaram. Em cada catequese foi distribuída a cada peregrino uma fita simbólica do tema tratado: violeta, verde, vermelho e branco.

Ao terminar a missa jantava-se logo, aproveitando os últimos raios de luz.
Às 20hs já toda a gente estava na cama, quer dizer, a dormir numa lona estendida no chão de terra, dentro ou fora da capela. As comunidades onde repousamos foram acolhedoras e solidárias, trazendo água e lenha. Em duas delas prepararam comida que chegou para mais de 70 pessoas.

Elia

A Élia, eu e três cozinheiras (voluntárias) fomos de carro, com tudo o que era necessário para cozinhar durante seis dias e que acabaram por ser sete.

A Élia foi incansável, com todos os que vinham ter com ela com os pés magoados ou com dores…
A chegada a Bangui foi no Sábado de manhã. As pessoas na rua paravam admiradas por ver toda aquela gente, cada um com a sua cruz maior do que ele, e com um grupo de pigmeus bem animados no meio. Só mesmo Mongoumba!
As atividades, na casa dos combonianos em Bimbo, onde ficámos alojados, foram iguais às dos dias anteriores.

Foram quatro dias de caminhada em que ninguém desistiu apesar da fadiga…, esperamos que esta peregrinação venha a dar frutos; de conversão ao Senhor, em cada coração, pessoas protetoras da Terra “Bata sopo / bata sessé”, anunciadores alegres do Evangelho e homens e mulheres de paz.

Um abraço

Maria Augusta, LMC Mongoumba