Leigos Missionários Combonianos

Contrastes

Liliana FerreiraEu estou onde está o meu coração e meu coração está nesta terra maravilhosa cheia de árvores imponentes e grandiosas, que infelizmente têm sido levadas (roubadas) para outros países. Nesta terra onde o sol nasce no mar e se poe sobre as montanhas, onde a lua não é mentirosa e nos sorri quando a contemplamos. Nesta terra onde se respira ar puro, que infelizmente também já é fonte de rendimento para muitos. Nesta terra de praias maravilhosas de areia branca e água transparente que com muita tristeza deixam de ser desertas para dar lugar a mega empreendimentos turísticos. Nesta terra de cor vermelha, terra vermelha cor do sangue, do sangue derramado por muitos na luta pela independência, do sangue de muitos derramado na luta pela paz e do sangue daqueles que hoje lutam por uma vida mais digna e pelos seus direitos. Aqui a terra é também meio de sobrevivência, é dela que o povo tira os alimentos necessários para se manter durante o ano, mas que está a ser usurpada por multinacionais que surgem do nada e exigem seus direitos sobre a terra sem pensar nas consequências na vida de quem lá viveu toda a vida.

Moçambique é belo e atractivo, cheio de belezas e recursos naturais, com pessoas simpáticas e acolhedoras, para o exterior sai a ideia de que é também um centro de emprego, mas isto só mesmo para quem vem de fora. O desemprego aqui é elevado, os jovens que se esforçam por terminar a 12ª classe deparam com as portas fechadas para o mundo do trabalho e outras vezes é lhes oferecida a oportunidade de trabalho em troca de um valor…

MozambiqueEsta realidade delineou as discussões das aulas de Educação Cívica e Moral do primeiro semestre onde discutimos a situação actual de Moçambique tocando em pontos como: desigualdade na distribuição sociais, pobreza, educação e saúde, corrupção, globalização, acção das multinacionais, contrastes… temas importantes para desinstalar os jovens dando a conhecer a realidade e procurando fortalecer as suas mentes críticas de modo a poderem exigir justiça e um futuro mais promissor.

Liliana Ferreira, LMC 

 

Projecto ZO KWE ZO (toda a pessoa é pessoa)

PROGRAMA DE ATENÇÃO SANITÁRIA À POPULAÇÃO PIGMEIA EM MONGOUMBA

República Centro Africana

Família Comboniana unida por uma causa

Contexto:

Este ano a Família Comboniana em Portugal terá, como tema do ano, a escravatura. Assim, dadas as circunstâncias em que se encontram os países onde trabalhamos, a Família Comboniana une-se em prol de um projecto que em favor dos pigmeus de Mongoumba – RCA (onde temos a nossa LMC Élia Gomes como responsável pela área da saúde).

A subprefeitura de Mongoumba encontra-se, na Floresta Equatorial, na Prefeitura da Lobaye na República Centro-africana e faz fronteira com a República Democrática do Congo e a República Popular do Congo, em plena floresta equatorial.

A população estimada é de 21.235 habitantes, sendo mais de 50% jovens (com idades inferiores a 20 anos).

Aqui existe uma trintena de povoados situados, em grande parte, nas margens dos rios Ubangi e Lobaye. O conjunto da população é variado, sendo as etnias mais numerosas a etnia Ngbaka e Mondzombo, do grupo Bantú. Existe ainda um grupo de pigmeus Aka, segundo o último censo realizado pela CARITAS, em 2004, o número de habitantes pertencentes a esta etnia é de 3.089, estando esta população repartida por 80 acampamentos dispersos na floresta.

Apesar de serem os pigmeus os primeiros habitantes desta região, estes sofrem a descriminação por parte do resto da população que os utiliza como mão-de-obra barata e os excluem das organizações sociais.

As actividades económicas pertencem ao sector primário: café, banana, mandioca, caça, pesca e recolha de frutos. Nesta zona existem ainda empresas madeireiras e mineiras que exploram os recursos naturais quebrando o equilíbrio do ecossistema e destruindo o habitat natural dos pigmeus.

 

Introdução:

Para apoiar a nível sanitário a população pigmeia, a missão – e mais concretamente a comunidade de Leigos Missionários Combonianos (LMC) aí presentes – procuram servir de ponte entre esta população e o centro de saúde público local, bem como, proporcionar o acesso dos pigmeus a medicamentos, a programas de mal nutrição e de epilepsia, a campanhas de vacinação e a aceder a água potável (através da construção de poços na floresta).

A nível local a população pigmeia não consegue ir além de uma participação de 2% dos gastos totais a nível da saúde.

 

Actividades:

  1. Doação da medicação necessária aos pigmeus mediante uma colaboração financeira da parte destes.
  2. Educação sanitária individual e em grupo durante as consultas e em diferentes acampamentos sobre a vacinação e as doenças de maior incidência.
  3. Acompanhamento, medicação e formação de casos de epilepsia e de mal nutrição (muito frequentes nesta região).
  4. Criação de 2 poços na floresta de forma a responder às necessidades de água potável.

 

Pressuposto / orçamento (em €uros) para o desenvolvimento das actividades (para um ano):

Conceito Financiamento necessário
Gastos em medicamentos

3 700,00 €

Mal nutrição

550,00 €

Epilepsia

630,00 €

Campanhas vacinação / sensibilização

150,00 €

Construção de 2 poços de água

250,00 €

Total

5 280,00 €

 

Este projecto visa a que seja assegurado um nível mínimo de saúde para a população pigmeia desta região (visto serem estes os mais pobres entre os mais pobres).

A par destas actividades, a Missão Católica de Mongoumba realiza outras actividades tanto a nível da Educação como a nível da Pastoral. Assim que, este projecto representa apenas uma parte da dimensão global da Missão.

Desde já, a comunidade de LMC, presente em Mongoumba, agradece a colaboração de todos e sobretudo a atenção dispensada à realidade do povo pigmeu. É, de facto, em constante colaboração que a Missão vai continuando e que, pouco a pouco, todos juntos, vamos construindo um mundo melhor, “para que muitos possam ter vida e tê-la em abundância” (cf. Jo 10, 10).

Nota: Actualmente, nesta missão, está a LMC Élia Gomes que, também como enfermeira, se ocupa particularmente das questões do âmbito da Saúde.

Os LMC em Portugal estão disponíveis para facultar informação adicional, apoiar e esclarecer algumas dúvidas que possam surgir:

 

Pode descarregar o folheto do projecto ZO KWE ZO aqui.

Página do projecto no Facebook aqui.

Susana Vilas Boas: (00351) 960 145 875 e susanavilasboas@gmail.com (fez parte desta comunidade durante 5 anos)

Sandra Fagundes: (00351) 966 592 658 e sandrafagundes@gmail.com (ecónoma dos LMC)

Os donativos podem ser depositados na conta:

NIB: 0036 0131 99100030116 60

IBAN: PT50 0036 0131 99100030116 60

SWIFT: MPIOPTPL

LMC’s da Etiópia: Maggie, Mark e Emebet Banga

Maggie, Mark and Emebet

Saudações da Etiópia! Nós somos o Mark, a Maggie e a nossa filha Emebet. Somos Leigos Missionários Combonianos (LMC) do Canadá, a trabalhar em Awassa, Etiópia, já há 4 anos. Os Padres, Irmãos e Irmãs combonianos aqui na Etiópia, receberam-nos de uma forma muito calorosa e sentimo-nos verdadeiramente parte da família comboniana. Unimo-nos aos LMC motivados pela nossa fé e o nosso desejo de arranjar mais espaço para Deus nos nossos corações. Sentimo-nos chamados a darmos mais de nós próprios, de uma forma mais abundante, através deste modo específico que é a uma missão além-fronteiras. Sentimos este convite como um novo marido e mulher, e simplesmente, ficamos muito felizes em dizer “sim”. A nossa vida missionária tem sido bastante preenchida e damos graças a Deus por todas as bênçãos que ele nos tem dado. A maior dádiva foi a nossa filha Emebet, que adoptamos aqui na Etiópia. Neste momento ela tem 2 anos e todos os dias temos consciência da enorme dádiva que é tê-la nas nossas vidas e de ela nos ter a nós.

Nos nossos primeiros anos, a Maggie trabalhou no centro de saúde católico de Bushulo, cerca de 7 km a sul de Awassa, usando a sua formação em medicina naturopata na prática clínica e actividades de saúde pública. Agora, a Maggie é mãe a tempo inteiro, ficando em casa a tomar conta da Emebet (o mais nobre e divertido dos ministérios!). O Mark trabalha no Secretariado Católico de Awassa, o principal organismo de coordenação da diocese de Awassa que cobre a zona sul da Etiópia. É o director de programas sociais e de desenvolvimento da Igreja Católica, incluindo educação, assistência médica, água, promoção da mulher, resposta a emergências e outros serviços sociais para os mais pobres. Juntos, como marido e mulher, temos também outros ministérios, que inclui o trabalho como tutores, no Colégio Católico e a Associação de Estudantes da Universidade de Awasssa, proporcionar programas de retiro no Centro de Retiros de Gethsemani, dando aulas de arte num orfanato local e ensinando Teologia do Corpo.

Não se percebe onde começa o nosso trabalho e termina o nosso tempo livre e estamos gratos por isso. É uma consequência da vida missionária – onde o nosso trabalho é a nossa vida, a nossa vida é o nosso trabalho e ambos tentamos oferecer a Deus.

O meio que nos rodeia é de pobreza extrema e desamparo com necessidades intermináveis. As exigências neste contexto, e o rosto das pessoas que vivem nele, são reais e um desafio para nós, e nós não temos respostas predefinidas. Às vezes rimos, às vezes choramos e às vezes olhamos um para o outro de olhos bem abertos sem saber o que fazer. Mas, através de todos estes conflitos, estamos a crescer e a mudar, ao mesmo tempo que damos o nosso melhor para viver lado a lado com os nossos irmãos e irmãs Etíopes. É a nossa alegre luta diária. Os ‘posts’ e reflecções que partilharemos convosco são a história da nossa jornada LMC. Rezamos para que Deus continue a transformar-vos e a transformar-nos nas pessoas para as quais fomos criadas.

 

Maggie, Mark e Emebet

Leigos Missionários Combonianos

Awassa, Etiopia

Sonho de Deus em Nós

“A posição de um discípulo missionário não é a de centro, mas de periferia”.

Papa Francisco

Lourdes Vieira

Encontro-me há seis meses nesta imensa periferia de Contagem continuando a missão que Jesus nos confiou como LMC’s. Quando aqui cheguei fiquei assustada pensando naquilo em que eu poderia ajudar, pois percebi que a comunidade caminhava pastoralmente bem, cada uma com seu coordenador, tudo fluía.

 “Mas quando silenciamos o coração, Deus fala!”

Claro, havia o acompanhamento aos possíveis vocacionados a serem LMC, mas como sabemos os ventos não estão para muitas vocações, principalmente neste novo contexto pelo qual passa nossa economia brasileira. Mas quando silenciamos o coração Deus fala! Existe um ditado do povo Macua de Moçambique que diz assim: “Yakhala enokhala mmurimani, ekoma khoniwa” (Quando há barulho no coração não se ouve o batuque). Então ,num belo dia de oração, coloquei-me nas Mãos de Deus e  pedi ao Espírito Santo que, com minha permissão, me colocaram a caminho dos irmãos nesta periferia de Minas Gerais.

Para tanto seria pertinente buscar novos conhecimentos. Estudei então Massoterapia e adquiri algumas noções de Biomagnetismo com o padre Jorge e a Regina que alegremente me conduziram.

“Nos pequenos gestos vou-me encontrando com a realidade deste povo…”

Hoje atendendo as pessoas na Casa Comboniana e no Centro de estudos das Irmãs na Pampulha, sinto que basta entregar-se e o resto é com Ele. A Pastoral da criança também é motivo deste chamamento, nestes dias estamos a terminar um curso de capacitação para novos lideres, desta vez não tão preocupada com a criança abaixo do peso, mas com a obesidade das crianças de Zero aos Seis anos de idade. Neste momento estamos atuando com 8 grupos, assistindo a 200 famílias e cerca de 300 crianças sendo acompanhadas pela pastoral da Criança aqui na região da Paróquia. Nos pequenos gestos vou me encontrando com a realidade deste povo que busca felicidade, segurança e saúde, vida em abundancia!

A missão hoje já não se faz apenas da vontade de ser missionário, mas também de capacitação para as mudanças aceleradas que estão acontecendo e, nem sempre estamos dispostos a abrir a cabeça para novamente sentar-mo-nos nos bancos da escola preparatória para melhor servir aos irmãos.

Claro que não podia deixar de falar do Papa Francisco. Eu estive em Aparecida do Norte para uma reunião da Pastoral da Criança e pude vê-lo bem de perto, aos pés da padroeira do Brasil e sob a emoção das palavras do nosso pastor rezei por todos que se perderam nas drogas, pelas famílias e para que haja mais vocações na Igreja. Assim vamos continuando a caminhada; juntos!

Por Maria de Lourdes Vieira – LMC Brasil no Ipê Amarelo

Fonte: Informativo LMC Brasil

A nossa maneira de viver a missão!

Uma reflexão- oração dos nossos amigos Marco e Maria Grazia Piccione, Leigos Missionários Combonianos italianos.

CLM family in UgandaOs Piccio (como são tratados pelos amigos) são… o pai Marco (de facto o Piccione), a mãe Maria Grazia e os seus dois filhos Francesco (4 anos) e Samuel (2 anos e meio).
São uma família de Leigos Missionários Combonianos de Rho (Milão) e fazem parte do grupo de Leigos Missionários Combonianos de Venegono Superiore (VA).
Desde agosto de 2011 vivem em Aber (Uganda), para onde foram enviados como Leigos Missionários Combonianos, fidei donum, pela Arquidiocese de Milão para a diocese de Lira (Uganda).
Maria Grazia trabalha como médica no hospital em Aber. O Marco é educador no orfanato Santa Clara, trabalha nas escolas e em vários campos da educação e acção social.
O Francesco frequenta a creche da paróquia Santa Josefina Bakhita e o Samuel é uma criança Ugandesa que os Piccio adoptaram e que vive com o casal desde os seus 10 meses.
O seu projecto missionário passa também por partilhar a vida quotidiana do trabalho e da vida familiar com as pessoas que encontram todos os dias, dando um testemunho de responsabilidade, compromisso e proximidade.

Esta, e muitas outras reflexões, podem ser encontradas no blog dos Piccio, que é o instrumento, através do qual, todas as semanas partilham a sua experiência com os amigos Italianos (e não só), que desta forma os acompanham, apoiam e tornam possível o seu sonho: http://picciouganda.blogspot.it/

Missão é…

Missão é… Eu sou assim (a minha história, a minha cultura, as minhas capacidades) e é este “ser eu mesmo” que quero partilhar convosco;

missão é… partilhar uma revelação que me faz feliz;

missão é… quando me levanto e coloco os pés fora da cama todas as manhãs para renovar o “SIM” que disse (como marido, como pai, como educador, como cristão) e me empenho em fazer o meu melhor;

missão é… não procurar as mudanças no outro;

missão é … não ter vontade nenhuma, mas eu faço-o na mesma;

missão é … Eu não tenho forças, mas eu sei que posso dar um pouco mais de mim;

missão é … Eu não tenho capacidade, mas dou o meu melhor;

missão é… Eu tenho medo, mas confio;

missão é… Eu não te consigo entender (nem Te consigo entender), mas faço um esforço;

missão é… fazer com que os profetas de todos os tempos continuem vivos, testemunhando tudo o que deles aprendemos;

por tudo isto, a missão é… crescer, desafiando-nos a nós mesmos;

por tudo isto, a missão é… com todos;

por tudo isto, a missão é… em qualquer lugar;

por tudo isto, a missão é… sempre.