Leigos Missionários Combonianos

Novo logótipo dos LMC em Portugal

Logo LMC PortugalNo dia 25 de Janeiro de 2016, os LMC Portugal comemoraram 18 anos desde a sua fundação. Neste sentido, para comemorar esta ocasião, o Movimento renova a sua imagem e passará a usar um novo logótipo.

Este novo logótipo incorpora elementos essenciais da espiritualidade laical comboniana:

  • A Cruz
  • Jesus Cristo

As 4 figuras que surgem em primeiro plano, formam uma cruz. «… a cruz é a marca de todas as obras redentoras de Deus, porque todas elas nascem e crescem aos pés da cruz.» (S. Daniel Comboni, E.4564). Também nós, estamos conscientes que a missão comporta a aceitação de inevitáveis dificuldades e sofrimentos com a marca da cruz. Contudo, sabemos que no possível sentimento de fracasso ou frustração, Jesus sempre gerou e gera Vida para o Seu povo.

  • Internacionalidade e interculturalidade

As 4 figuras que formam a cruz, com as cores dos continentes (África, Ásia, América e Oceania), e surgem de braços abertos (dando a ideia de movimento, de partida), significam a alegria, disponibilidade e o chamamento de cada Leigo Missionário Comboniano a anunciar Jesus Cristo àqueles que ainda O não conhecem. A cor branca do coração presente na figura verde representa o continente Europeu.

Uma característica missionária é o viver em transição, o não “assentar raízes”, com toda a precariedade e fragilidade que isso possa implicar; o sentir-se caminhante em direcção a Deus e peregrino em direcção ao irmão. Como missionários que somos e temos uma positiva e real disponibilidade para sair em direcção a outros povos, vivendo a missão ad gentes no meio de outras culturas, credos e raças, o que é constitutivo da nossa vocação específica. «A obra deve ser católica, não espanhola, francesa, alemã ou italiana. Todos os católicos devem ajudar os pobres negros, porque uma nação só não pode socorrer toda a raça negra». (S. Daniel Comboni, E.944).

  • Sagrado Coração de Jesus

O coração representado na figura de cor verde pretende significar a grande devoção de S. Daniel Comboni ao Sagrado Coração de Jesus. Numa das suas cartas, Comboni revela que o seu Plano para a Regeneração da África foi escrito no Vaticano por alturas da beatificação de Margarida Maria Alacoque. Coincidência ou não, Comboni pede a sua assistência, visto que ela amava muito o Sagrado Coração de Jesus. (S. Daniel Comboni, E.1736).

Certo é que Comboni ao longo de toda a sua vida sempre depositou extrema confiança e devoção à cruz e ao Sagrado Coração de Jesus, ao ponto de, lhe consagrar todo o vicariato da África Central. «Por isso fixei o terceiro domingo de Setembro, dia 14, dedicado à Exaltação da Santa Cruz, o dia para consagrar solenemente todo o vicariato da África Central ao Sagrado Coração de Jesus.» (S. Daniel Comboni, E.3202).

  • Amor a África e aos pobres

Não é por acaso que o coração presente no logótipo está sobre o peito da figura de cor verde, representando por isso o continente Africano. Daniel Comboni ofereceu a sua vida ao coração da África, com a África no seu coração. Ao assistir à morte em África dum seu jovem companheiro missionário, Comboni em vez de desanimar sente-se interiormente confirmado na decisão de continuar a sua missão. «As últimas palavras dos meus irmãos e minhas serão sempre ‘Nigrízia ou Morte’». (S. Daniel Comboni, E.3004).

  • A importância da vida comunitária

O ponto de união das 4 figuras que formam a cruz, significa a nossa vivência comunitária.

O nosso caminho tem uma dimensão comunitária. É importante que no Movimento procuremos estruturas que ajudem a reforçar os laços afectivos, o acolhimento dos que regressam da missão, a vida de grupo, a partilha de vida e de fé, etc. Esta vida comunitária não significa, necessariamente, viver “debaixo do mesmo tecto”, pois a vida comunitária laical tem as suas próprias características e riquezas. Mas, acreditamos que, nessa diversidade de formas, o essencial é viver em comunhão desde a partilha de bens e da própria fé. «Tudo era suportável para estes dignos ministros de Jesus Cristo que não procuravam senão a glória de Deus e a salvação das almas mais abandonadas. Na pequena comunidade de Cartum reinavam a paz, a ordem e o espírito de Jesus Cristo.» (S. Daniel Comboni, E.2042).

LMC Portugal

Dois novos membros da comunidade polaca dos Leigos Missionários Combonianos

Adela e Tobiasz

 

No dia 3 de Junho – Solenidade do Sagrado Coração de Jesus – dois novos membros se juntaram oficialmente à comunidade polaca dos Leigos Missionários Combonianos (LMC). Durante a Eucaristia, Adela e Tobiasz expressaram formalmente o seu desejo de seguir a vocação missionária, no espírito de São Daniel Comboni. Estes expressaram o seu compromisso na presença de alguns missionários combonianos, amigos e convidados, gratos pela sua vocação, pela sua fé e pela presença de Deus nas suas vidas. Ambos salientaram que, graças ao seu amor conjugal, querem ser um sinal de Deus. Gostaríamos, como comunidade dos LMC, agradecer a Deus pela Adela e pelo Tobias, e orar por eles. Eles foram capazes de confiar nEle e de, corajosamente, deixar-se guiar por Ele, e, por isso, acabaram de dar o primeiro passo neste caminho comboniano. 🙂

Cirurgia em Mongoumba. 25 anos de disponibilidade e dedicação

MongoumbaFaz mais de 25 anos que o Professor Michel Onimus, ortopedista francês, dedica parte do seu tempo livre a operar na Republica Centro Africana, nomeadamente em Mongoumba. Os doentes que trata, são em especial crianças, portadores de malformações congénitas (pé boto, lábio leporino), sequelas Poliomielite, de queimaduras e de fracturas. Devido ao clima de instabilidade do país a sua atividade foi reduzida durante os últimos três anos em que operou quase só em Bangui.

Antes da “crise” acompanhava-o uma equipa de jovens voluntários (anestesista, enfermeiro…); hoje viaja apenas acompanhado pela esposa, Michele, que se ocupa dos aspectos logísticos. Assim, conta cada vez mais com o apoio do Barthelemy, anestesista centro africano do Centro Pediátrico de Bangui que arranja sempre um “tempinho” para trabalhar com o Professor!

Na bagagem trazem tudo o que vão precisar para as intervenções, desde o material cirúrgico ao adesivo… e quando partem deixam-nos o que não foi utilizado.

Desde que estou em Mongoumba recebemos a visita do Dr. Onimus quatro vezes sendo a última no passado mês de Fevereiro em que foram consultados 31 doentes, operados 15 e 4 ficaram programados para operar em Bangui no mês de Março.

Chegaram cedo, no dia 17 de Fevereiro, porque não fui eu a ir busca-los… vieram com o Irmão Alberto, missionário comboniano, que veio passar uns dias a Mongoumba! Assim tiveram tempo para um breve repouso antes de começar a maratona das consultas e da preparação dos doentes a operar. Apenas três dias para consultas e operações!

Mongoumba

A rotina é a mesma todos os dias, entramos na sala de operações às 8hs para sairmos por volta das 15hs, hora a que almoçamos. Após um curto descanso ás 16hs continuam as consultas e a visita aos doentes operados.

As operações são feitas no Centro de Saúde, numa sala vazia de tudo: com mesa operatória, mas sem fonte de luz, sem aspirador de secreções, sem ar condicionado, sem sala de recobro… Uma sala aberta para a rua por três janelas com redes que protegem das moscas, mas não do pó e cortinas que dão privacidade, mas tiram a luz. O único “luxo” é uma garrafa de oxigénio que só é utilizada quando das visitas do professor.

Apesar de todas as carências temos de agradecer a disponibilidade do chefe do Centro de Saúde, que não só autoriza a utilização da sala como ajuda nas cirurgias e põe à nossa disposição o autoclave para esterilizar o material.

Mongoumba

Os doentes, antes e após as operações ficam alojados no nosso Centro de Reeducação “Da ti Ndoyé” à responsabilidade do Bob, fisioterapeuta, que trabalha no Centro desde o sua criação.

O Dr. Onimus faz um trabalho difícil em condições difíceis, um trabalho feito com amor,  que tem proporcionado uma melhor qualidade de vida a muitas crianças e adultos.

“Tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos, é a Mim que o fazeis” (Mt 25, 40) ..

Abraço missionário

Élia Gome. LMC na RCA

O sinônimo de “hoje” é “presente”

hoje

Qual é a força que nos sustenta? De onde vem tanta esperança para continuar a sonhar, para resistir e para querer uma sociedade mais humana e feliz, mais fraterna para todos e para todos? O que nos move são os sonhos de uma realidade que nós queremos, uma realidade que não inclui situações de injustiça imposta pelas desigualdades sociais e económicas. Uma realidade que se transforma, porque somos nós quem a transformamos, com os nossos esforços, com os nossos sentidos, com as nossas escolhas. Podemos e devemos ser construtores de um nosso destino pessoal e coletivo, da nossa liberdade criativa. A nossa paixão e a nossa fé ganha força quando se está em contato direito com as vítimas da violência e da injustiça contra os direitos sagrados e fundamentais que são chamados de Direitos Humanos. Os sinais e Ressurreições nascem de nós mesmos, a partir da união e da força dos movimentos sociais e outras articulações que vêm de baixo, da sociedade civil e organizada… de nós! É possível fazer chover Justiça, fecundar a terra e obter os frutos que nascerão. É possível, porque queremos, acreditamos, lutamos, o construímos. A fadiga, a deceção, o desânimo, o medo se torna uma sombra gigante se o permitirmos, mas pequena e insignificante se permanecemos unidos e se a luta de um é a luta de todos. Entre os males mais fortes está a absoluta indiferença, é aquele que domina a nossa vida diária, uma espécie de cegueira global que leva as pessoas a viver em uma bolha, cega e estéril, incapaz de ouvir os batimentos do coração do mundo, esquecendo que, nessas batidas está também a nossa. Nós somos o mundo, a história é nossa, ninguém se senta excluído, nas palavras de uma canção de De Gregori, nós é que estamos escrevendo a história! Somos parte de um alfabeto que é capaz de escrever coisas maravilhosas, se escolhermos. Coragem, sonhos, esperanças, dignidade, liberdade, justiça, respeito, imaginação, fraternidade… tantas canetas com as quais começar a escrever, nós somos as folhas brancas sobre as que iniciar a fazê-lo.

Emma. LMC

O amor é uma corda que te leva para o alto…

CuerdaLinda, é verdadeiramente linda a catequese que estou fazendo com os presos. É apenas começou, mas está indo bem e cada vez eu saio profundamente no amor, há, na verdade todos nós somos apaixonados, é um momento de partilha, procurando a profundidade da alma.

Este desejo de colocar se em caminho para entender … para entender um ao outro … ao encontro de Deus.

Você anda com as pedras no o coração, duras, pesadas, que pouco a pouco tentando de arranhar elas, para torná-las pequenas como pedrinhas que podem ser removidas dentro de um sapato. Por agora são seis presos que fazem parte do grupo e isso é bom, porque quanto mais o grupo é pequeno o que é mais fácil de conversar e intimidade que é criado para contar a separação de vida importante e difícil. Estou muito feliz, também, ter a oportunidade de estar no meio deles, sem grades de ferro ou divisões, sentados em círculo, em um espaço que ajuda a proximidade. É importante ficar perto, contato com os olhos, ouvir com atenção, tomar a sua mão para orar e, finalmente, abraçar se para dizer OBRIGADO. Em que hora e meia e um pouco mais, eu me esqueço de estar dentro de uma prisão, eu me esqueço o uniforme vermelho que eles vestem, esqueço o barulho dos outros presos, estamos tão imersos na profundidade dos discursos que, aparentemente, poderia ser o título de um livro de Virginia Woolf: “um quarto de sua própria ” e na verdade é um espaço só para eles, um espaço para nós. Gosto, também, para trabalhar em um caminho que entra em um campo da valorização humana e autodescoberta, levando a um crescimento interior e pessoal. E isso se aplica não só para eles, mas também para mim. É uma troca, um dar e receber. Como o velho e querido, mas ainda relevante Paulo Freire: “ninguém ensina ninguém, todo mundo aprende com todo mundo.” De cada pessoa nós podemos aprender, também dos presos e das histórias  deles e eu sou grata.

Emma, LMC