Alberto de la Portilla
3º Encontro da FEC – Missão, Culturas e Religiões
Foi nos passados dias 11 e 12 de Março que decorreu a 3ª sessão de formação da FEC – Fundação Fé e Cooperação – subordinada ao tema Missão, Culturas e religiões. Desta vez, toda a formação decorreu na Casa dos Franciscanos Capuchinhos, em Fátima. O formador Ir. Vítor Lameiras, da Ordem Hospitaleira São João de Deus.
Só somos confrontados com a nossa cultura, quando conhecemos outra.
O sábado começou com o tema da Inculturação, como desafio de aproximação. O orador fez um breve esclarecimento, acerca do conceito de inculturação. Afirmou que inculturação decorre da capacidade de entrarmos em diálogo com outras culturas e nunca, a imposição da nossa própria cultura. Está intimamente ligada aos valores da fé cristã, e a sua adaptação a um contexto cultural diferente.
A tarde prosseguiu após um almoço partilhado, falámos sobre a Missão e culturas em Diálogo. E aqui tivemos a oportunidade de refletir sobre muitos pré-conceitos que poderão existir sobre as outras culturas e que, acima de tudo, os valores evangélicos patentes em todo o mundo e em todas as culturas, são os mesmos. Não são valores “só dos cristãos” mas sim, valores universais. E que valores evangélicos são estes? São valores que nos permitem o diálogo entre culturas: acima de tudo, o amor (“amar até ao limite de amar o inimigo e de dar a vida”), a tolerância, a humildade, o espirito, a doação, a aceitação, o sacrifício, a confiança, a fé, o ser fiável, a capacidade de escuta ativa, a abertura ao “diferente”, o desapego. Certos de que a nós compete-nos semear, não no compete colher.
Tendo a perfeita noção de que, a missão não existe enquanto mecanismo de fuga e a partida, essa, exige uma inteireza da nossa parte, exige um coração aberto ao novo, uma disponibilidade total da nossa alma, exige honestidade e humildade, valores enraizados no mandamento maior: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos Amei”
A certeza única que nos acompanha é a certeza do amor, um amor gratuito, este é o principal valor que dará vida à missão.
Em seguida, vimos um vídeo sobre a experiência de missão da Catarina Lopes (da equipa da FEC) Timor-Leste. E deste vídeo, fica-nos a imagem de uma grande Missionária. Verdade seja dita: em todas as formações a Catarina nos surpreende e nos faz pensar sobre algo, sobre a sua experiência Missionária e sobre os frutos que nela foram produzidos. Do vídeo ficaram-nos algumas frases que escrevia no seu diário de bordo durante a missão lá e que partilhou connosco:
“Aqui (em Timor Leste) chora-se a morte porque se celebra a Vida.”
“Compete-nos semear. Não nos compete colher.”
“Achei que ia salvar o Mundo (…). Descobri que o Mundo me salvou a mim.”
E após este vídeo emocionante, mãos à obra: prosseguimos com uma atividade prática de “Tu a tu”. Ou seja: o irmão Vítor lançou o desafio de falarmos um par sobre os nossos valores através das mãos. E aqui se desenrolou uma atividade interessante de conhecimento do outro e da sua forma de se dar a conhecer através das mãos. O que, acima de tudo, requer uma atitude de escuta ativa e de “não julgamento” do outro. No fim, cada um transmitiu ao grupo aquilo que o outro lhe tinha falado de si quer com palavras, quer com as mãos. Concluímos que as mãos e o modo como elas se relacionam com o mundo falam muito de nós e que é necessário olhar o outro sem preconceito. Um olhar que, certamente, é necessário quando estamos em relação entre culturas, em inculturação, envolvidos, dentro da outra cultura.
E mais uma atividade prática nos foi proposta pelo irmão Vítor em grupos em que havia um grupo (que encarnou uma população portuguesa específica) com necessidades específicas e um outro grupo de missionários. O objetivo era que o grupo com necessidades informasse o grupo de missionários quais as necessidades que tinham e que, desta forma, o grupo de missionários primeiro identificasse quais as capacidades/valências/dons que tinha, de que forma poderia responder às necessidades solicitadas, quais as características da população em causa (ritmo de vida, cultura, tradição, costumes, escolaridade, etc.) e, em segunda instância, em conjunto com o outro grupo concretizasse um plano de ação/missão com objetivos, metodologia e tempo. Desta atividade sortiram várias conclusões, nomeadamente: a existência de uma dificuldade de comunicação entre grupos e intra grupo, a importância da atitude de humildade de saber dizer “eu não consigo”.
Já à noite ouvimos o testemunho Missionário da Daniela Pereira da Juventude Hospitaleira, que partilhou a sua experiência de missão de um ano, em Moçambique. Uma experiência que a marcou para a vida, pelo menos era isso que reflectiam os seus olhos e a fragilidade da sua voz. O sábado terminou com a oração no Santuário de Fátima. Bem junto de Maria, houve oportunidade de refletir acerca de tudo o que ouvimos, e entregar-lhe o dia seguinte.
O Domingo começou com trabalho de grupo à semelhança daquilo que tinha sido feito no sábado: um trabalho no qual nos foi proposto uma dinâmica na qual haviam também dois grupos – um grupo de missionários que se preparavam para missão e do qual eram selecionados 4 candidatos para partir; um outro grupo que encarnou um povo de África à sua escolha. O grupo dos “Africanos” selecionou a República Democrática do Congo, identificando como problemáticas a exploração infantil e as condições de saúde. Apresentadas as problemáticas aos missionários “candidatos”, estes apresentaram-se a si e as suas motivações/capacidades/dons. Esta foi uma dinâmica ativa que nos permitiu, entre outras, alcançar uma perspetiva das dificuldades que a formação implica, nomeadamente: a dificuldade no encontro das necessidades especificas do país uma vez que não sabemos muitas coisas especificas de outras culturas; há muitos candidatos mas nem todos podem ir: um momento difícil na formação – o aceitar-se frágil, incompleto, a caminho, incapaz e que isso não é mau. Quando perdemos a capacidade de questionar, perdemos a capacidade de viver intensamente o Dom da vida. Quem Ama, Erra.
O encontro findou da melhor forma, com a Eucaristia no Santuário de Fátima.
Por Carolina Fiúza y Neuza Francisco.
LMC Portugal
Um retiro que nos leva a saborear a vida
O Silêncio é um dom de Deus, um dom capaz de dar muitos frutos a quem se atreve a “perder” tempo para ganhar vida de qualidade, uma vida plena que só Jesus nos pode dar. Ainda estou a saborear tudo o que escutei, meditei e senti no Retiro de Quaresma organizado pelos Leigos Missionários Combonianos e orientado pelo padre Horácio Rossas, MCCJ.
Conforme nos foi referido no início, este tempo de Quaresma e, de modo particular, o tempo que estivemos em retiro, é um tempo que Deus nos deu a graça de tirarmos, para “perder” tempo com Jesus. Mas, no fundo, quem quis perder tempo connosco foi o próprio Jesus. É incrível não é? Jesus quis perder tempo comigo e com todos os que se atreveram a ir ao Seu encontro. Alguém tão importante como Jesus, alguém que é Deus, não só quer sabe de mim e quer estar comigo, como é Ele quem quer perder tempo comigo!
Fomos, pois, convidados, a reflectir sobre várias passagens bíblicas que nos foram propostas! Foi intenso! Foi emocionante! Como já tive oportunidade de referir, a vida espiritual precisa de momentos de grande silêncio exterior e de grande trabalho interior! E este retiro foi muito fértil em momentos de reflexão, em momentos de encontro pessoal com Deus e em momentos de sentirmos o Seu amor puro, de tal modo grandioso, como aquele momento em que deixou o nosso coração limpo, após o sacramento da reconciliação.
Nada é por acaso e de certeza que não foi por acaso termos começado por escutar, no início do retiro, as palavras do salmo 63, “Ó Deus, Tu és o meu Deus! Anseio por ti! A minha alma tem sede de ti”.
Recordo-me de reflectirmos sobre a nossa insistência em querermos fazer tudo por nós próprios. Os discípulos atiraram as redes e não apanharam nada! Mas quando aparece Jesus… Ah quando aparece Jesus, tudo muda! Afinal é Ele que torna tudo possível nas nossas vidas! Que bom é compreender que todos os meus medos, todas as minhas inseguranças, todos os obstáculos podem ser ultrapassados se confiar em Deus, num Deus que é amor e que nos ama até à última gota de amor.
Por outro lado, fomos convidados a meditar até que ponto permitimos que Deus nos ame… O discípulo amado posso ser eu, podes ser tu! O discípulo amado é todo aquele que permite que Deus entre na Sua vida e se deixa ser por Ele amado! É que o amor de Deus é um dom gratuito! Ele não nos ama porque somos bonitos ou porque só fazemos o bem! Ele ama-nos como somos! Ama-nos com as nossas limitações! Ama-nos com os nossos erros! Sinceramente, sentir que Deus me ama, apesar de todas as minhas fragilidades e de todos os meus erros, dá-me uma alegria e uma paz interior que só podem vir de Deus…. Não devemos nunca resistir ao amor de Deus! Devemos, antes, deixarmo-nos amar assim como somos!
Fomos, ainda, convidados a meditar no Cristo Ressuscitado pois quem não faz a experiência de Cristo ressuscitado ainda não deu um salto na fé. A fé na ressurreição dá-nos um olhar novo sobre a realidade. Passamos a olhar a vida de modo diferente!
Acredito, sinceramente, que este retiro me tenha ajudado muito no crescimento da minha fé! Sinto, de verdade, que me encontrei com Deus várias vezes ao longo do fim-de-semana: nas várias explicações da palavra de Deus; nas meditações pessoais; na Eucaristia; na Reconciliação; na contemplação da natureza…
Terminámos o retiro com a celebração da Eucaristia dominical! Tal como a samaritana, todos dissemos a Jesus, “Senhor dá-me dessa água”. Afinal tudo é por Ele! Obrigado Jesus por nos teres convidado a passar este lindo retiro contigo! És importante para mim, és importante para nós, Leigos Missionários Combonianos! Gostamos muito de ti!
Também na Eucaristia dominical, a LMC Cristina Sousa, junto da família LMC, declarou o seu compromisso. Também ela faz parte do Plano que Comboni sonhou, também ela é, uma das mil vidas para a missão.
LMC Portugal
Maria Augusta escreve-nos de Mongoumba (RCA)
Caros LMC, amigos, familiares …
Eu e a Anna estamos bem, graças a Deus. O padre Fernando começou, hoje, uma nova malária… cada quinze dias fica doente, já são três medicamentos diferentes que toma… eu penso que terá malária resistente e terá de tomar medicamento diferente, mas antes deverá fazer exames em Bangui! O padre Samuel picou-o um bicho, não sei qual, nas costas, cresceu como um furúnculo e, agora sai pus. O médico receitou-lhe um antibiótico. Também tem malaria…
O padre Jesus está em Espanha, nos primeiros quinze dias acompanhou o cardeal e o Imã de Bangui que foram receber um prémio oferecido pela revista comboniana “Mundo Negro” e ao mesmo tempo fazer animação missionária. Neste momento está com a sua família, que espero estejam bem, para que ele possa voltar na data prevista, 1 de Março de 2017.
A pequena Merveille voltou no dia 13 deste mês depois de dois meses de hospitalização. Fiquei impressionada pois voltou ao peso que tinha aos quatro meses 3,5kg e já pesava quase 5…Sofreu muito! Também lhe descobriram tuberculose que está a curar. Espero que venha a recuperar depressa o peso perdido. Que o Senhor faça o que for melhor para ela.
A estadia da LMC Irene correu bem, ela deseja voltar para partilhar a sua vida com este povo, durante mais tempo. Aprendi muitas coisas práticas com ela relativas à saúde com medicamentos e produtos da natureza. Gostei de estar com ela, acho que é uma verdadeira comboniana. No dia 2 de Janeiro quando era para regressar o batelão avariou-se no meio do rio e foi, rio abaixo com quatro carros, parando a dois kilómetros. Só passados três dias voltou ao seu lugar e pudemos ir buscar o carro. Irene tinha o avião dia 3 foi preciso vir um padre de Mbaiki buscá-la, ela passou o rio na piroga. Nessa noite dormiu em Mbaiki e, muito cedo, no dia 3 partiu para Bangui, conseguindo assim viajar para Kinshasa. Foi uma grande aventura!
Do dia 23 de Janeiro até dia 15 de Fevereiro estiveram connosco o pai e a irmã da Anna que vieram visitá- la. Foi difícil a comunicação porque só falam polaco. Com gestos e tradução da Anna lá nos fizemos compreender um pouco. Que bom seria que houvesse uma língua que toda a gente falasse…
No Mês de Janeiro enviámos para Mbaiki 5 jovens da Paróquia para fazerem formação para depois ensinarem as crianças de 3 a 5 anos (pré-primária). Se correr bem serão abertas três classes em três aldeias.
Ontem trouxe para Mbaiki 3 casais, responsáveis das capelas, com seus 8 filhos mais pequenos, deixam tudo… O Senhor os recompensará!
Estamos a ajudar uma senhora pigmeia que tem um cancro do peito. Levámo-la a Bangui, ficou no hospital durante dois meses, foram feito muitos exames e por fim trouxeram-na para Mongoumba pior que partira. Todos os dias vem comer com os alunos pigmeus que vêm à escola, é feito o penso ao peito. Damos-lhe um chá que ela diz estar a ajudá-la. Só um milagre a pode salvar, rezem por ela, por favor. Que Maria interceda por ela, junto de seu filho Jesus!
Já há dois meses que não saía de Mongoumba. Viajar cansa muito porque as estradas estão muito mal, cheias de buracos.
Desejo a todos os leigos e familiares uma boa Quaresma, santa conversão.
Sempre unidos pela oração.
Um abraço Missionário.
Maria Augusta
Hino para o 150º aniversário da Fundação do Instituto Comboniano
Os Missionários Combonianos do Sudão do Sul compuseram um hino para o 150° aniversário (1867-2017) da Fundação do Instituto Comboniano. “Trata-se de um simples gesto para esta celebração missionária comboniana que surge da nossa terra – disse o P. Guido Oliana, um dos principais promotores da iniciativa –. Gravamos o Hino com os nossos meios pobres. Talvez o resultado poderia ter sido melhor, mas tem um toque original e rústico, com um sabor próprio do Sudão do Sul. É cantado por um grupo de seminaristas do Seminário Maior de Juba e por uma irmã comboniana e uma sua amiga.”.
A seguir, publicamos o texto do Hino, em inglês; e a música.
WE ARE CALLED TO GO AND PREACH
We are called to go and preach the joy of the Gospel.
The pierced Heart of Jesus kindles us in love.
We are called to go and preach the joy of the Gospel.
The pierced Heart of Jesus kindles us in love.
1. We are moved by Saint Comboni’s spirit
to be a cenacle of prayerful apostles.
We are born from Jesus’ pierced heart,
and enkindled by his tender love,
and inspired by his divine Spirit,
to go and preach his Gospel of joy
2. We are called Comboni Missionaries
of the Heart of Jesus Christ the Lord.
This indeed is our inspiration,
and our pride, our cross, and our glory.
We are told to be holy and capable,
well prepared to give our life for Christ.
3. We are called to contemplate the cross
so as to know how God has loved the world.
We are moved to reach out to people
and proclaim the power of the Gospel
that frees people from any evil spirit
and empowers them as children of God.