Leigos Missionários Combonianos

[Moçambique] Dia Internacional da Mulher na EIC

Dia 8 de Março, dia Internacional da Mulher. Momento de celebração sim, mas sobretudo de reflexão e questionamento sobre a situação das mulheres na sociedade.

Neste sentido, aqui na Escola Industrial de Carapira, os alunos dos 3ºs anos (10ª classe), como atividade das disciplinas de Educação Cívica e Moral e de Informática, organizaram cartazes e teatros sobre o tema da violência doméstica, a partir da leitura que fizeram da lei de combate à violência doméstica de Moçambique. Durante a manhã, no salão da escola foram expostos os cartazes a apresentadas as peças para os demais alunos e aos professores. Nem todos estiveram presentes, mas houve uma participação significativa dos alunos. Além das turmas de 3º ano, colaboraram também nas apresentações o grupo cultural da escola chamado WIPA WINA WOPA, que traduzindo da língua local, o Macúa, significa CANTAR DANÇAR TOCAR. Eles apresentaram duas canções tratando a temática da violência, uma na abertura outra na conclusão, e ainda uma prévia de uma peça que estão a organizar na temática do tráfico de seres humanos, que também inclui a situação de exploração sexual da mulher.

Ao final das atividades, entregaram uma pequena lembrança às mulheres da escola: as alunas, secretárias, voluntárias do corpo de paz e LMCs, através de um cartão com uma mensagem.

Foi um momento rico de informação e reflexão, e foi bom ver o empenho e animação dos alunos, sobretudo nas apresentações teatrais. Esperamos que fique a mensagem e o compromisso de combate a estas situações.

A todas as mulheres, nosso respeito e gratidão! E pela intercessão de Nossa Senhora Mãe da África, que Deus as abençoe em vossa missão!

Estamos juntos!

LMC Carapira, Moçambique

Abertura dos 150 anos do Plano de Comboni na Carapira

Cruz 150 anosAqui na Paróquia de Carapira, toda quarta-feira realiza-se a missa com os alunos católicos da Escola Industrial de Carapira e com as meninas do lar feminino das irmãs combonianas, que são alunas na escola primária do bairro. Nesta semana, no dia 19 de fevereiro, a celebração teve uma temática toda especial, com a abertura do ano de reflexão dos 150 anos do Plano de Comboni. Antecipando em um dia a abertura oficial proposta pelo instituto dos missionários combonianos, esta celebração foi marcada pela apresentação da cruz comemorativa deste marco histórico, entregue a cada comunidade MCCJ da Província de Moçambique, explicando aos presentes o seu sentido e motivação. Padre Gino Pastore, que presidiu a santa missa, destacou a força e coragem de Comboni, e a sua inspiração na elaboração do Plano, que tinha como lema “Salvar África com África”, motivando assim aos alunos e alunas a serem protagonistas de sua própria história, construindo uma realidade social melhor. Lançou aos alunos da Escola Industrial, que completa 50 anos de sua fundação, o desafio de, inspirados pelo exemplo de São Daniel Comboni, escreverem também eles o Plano da EIC para cumprir este lema.

Na quinta-feira, dia 20, na celebração da missa com a equipa missionária pelo padre Paulo Emanuel destacou-se esta data, lendo-se alguns trechos da carta do Geral MCCJ e refletindo o Evangelho no sentido de não termos a mesma tentação de Pedro, de sermos, mesmo que inconscientemente, impedimento para a realização do plano de Deus na nossa vida e na vida do povo.

Após o jantar, a equipa reuniu-se na casa dos LMC em tom de comemoração para marcar esta data com a partilha de comer e de conversa. Como símbolo deste encontro, para motivar a reflexão pessoal e comunitária, cada missionária e missionário recebeu uma mensagem contendo uma das perguntas que nos é lançada pelo Geral MCCJ em sua carta de apresentação dos 150 anos do Plano, no trecho em que nos convida a escrever nosso próprio plano.

Que o exemplo de São Daniel Comboni continue nos inspirando na vocação missionária e que o Espírito de Deus, o mesmo que conduziu Comboni na elaboração do plano, nos ilumine e conduza pelos caminhos da construção do Reino!

Estamos juntos!

LMC Moçambique

[Superior Geral MCCJ] Carta aos confrades em situação de violência e de guerra

Superiores MCCJ 2014

Sábado, 22 de Fevereiro de 2014
Alguns países africanos estão sob o domínio da violência e da guerra, em particular o Sudão do Sul e a República Centro-Africana. Os nossos confrades que lá trabalham decidiram ficar com as pessoas para partilhar com elas a própria vida. Uma escolha corajosa que nos faz recordar como São Daniel Comboni continua a amar e a fazer causa comum com os mais pobres e abandonados na África de hoje através destes confrades. A mensagem abaixo é uma carta de apreciação, encorajamento e afecto da Direcção Geral e dos superiores provinciais a estes confrades para que possam, por sua vez, consolar as pessoas com quem eles compartilham as suas vidas.

Missionários Combonianos
Via Luigi Lilio, 80

Roma

Roma, 22 de Fevereiro de 2014

“Consolai, consolai o meu povo, é o vosso Deus quem o diz.”
(Is 40, 1)

Queridos confrades, irmãs e leigos missionários combonianos
do Sudão do Sul e da República Centro-Africana

Saudamos-vos em nome de Jesus, o Senhor da Missão.

Durante estas duas semanas de encontro, oração e reflexão que nós, superiores das circunscrições, tivemos com a Direcção Geral do nosso Instituto, seguimos com preocupação a situação de violência que se está a viver nos vossos países. Recusamos a indiferença e, por isso, vos dirigimos estas palavras de comunhão e de fraternidade.

Dor e morte continuam a marcar indelevelmente o caminho da missão. O testemunho de presença, de “estar com” de todos vós nesta realidade de violência irracional e injustificada leva-nos a animar-vos a descobrir que São Daniel Comboni continua a amar e a fazer causa comum com os mais pobres e abandonados da África de hoje através da vossa presença. O vosso testemunho torna a sua presença viva e actual.

Estamos igualmente conscientes dos interesses políticos e económicos que provocaram uma crise profunda opondo os componentes de uma sociedade multiétnica e multirreligiosa. Fragilizou-se assim a convivência pacífica e fraterna de longos anos partilhados num mesmo território. A crise humanitária gerada não tem precedentes. Também sabemos que as portas de muitas das nossas paróquias e casas de formação foram abertas para acolher, acompanhar e consolar milhares de refugiados e deslocados. É, sem dúvida, uma faceta do ministério missionário da “consolação” de um povo em busca de paz. Comungamos dos vossos riscos e perigos, da vossa solidariedade e coragem.

Recordamos-vos as palavras que o nosso pai e inspirador escreveu uma semana antes de morrer: “Que aconteça tudo o que Deus quiser. Deus nunca abandona quem nele confia. Ele é o protector da inocência e o vingador da justiça. Eu sou feliz na cruz, que levada de boa vontade por amor de Deus gera o triunfo e a vida eterna” (Escritos 7246). E as suas palavras no leito de morte: “Coragem para o presente, mas sobretudo para o futuro.”

Rezamos para que cesse todo o tipo de violência e de violação dos direitos humanos, para que a paz, a justiça e a reconciliação rompam o horizonte do “humanamente impossível” e encontrem um lugar no coração dos homens e mulheres de boa vontade nos vossos países.

Abraçamos-vos com ternura e carinho e temos-vos presentes nas nossas orações e nos nossos corações. Que São Daniel Comboni cuide de cada um de vós e das pessoas que vos foram confiadas.

Superior Geral e seu Conselho
Superiores provinciais e delegados
Direcção Geral dos Missionários Combonianos

[Moçambique] A importância da terra

A terra é fundamental para a vida do povo desta região, porque sobrevivem fundamentalmente do que produzem na “machamba” (maneira como chamam aqui a plantação, a terra onde cultivam seus produtos).

Infelizmente, vêm chegando megaprojetos que pretendem ocupar grandes áreas pertencentes à população. Digo “pertencentes à população” pois em Moçambique, de acordo com a constituição, a terra pertence ao Estado, como benefício do povo, e assim não pode ser vendida ou constituída como posse particular de uma pessoa ou instituição. Estes podem obter um certificado de direito de uso e aproveitamento da terra (DUAT), que tem um tempo determinado para este uso.

Apesar da possibilidade desta documentação, também é considerado válido o direito costumeiro, onde todo nacional que faz uso de determinada área há mais de 10 anos já tem direito de uso e aproveitamento garantido sobre ela. Acontece que, por falta de conhecimento, grande parte da população tem sido retirada de seus locais, ou tem tido ocupadas suas áreas onde normalmente cultivavam, por empresas estrangeiras que chegam, na maioria das vezes respaldadas pelo governo ou autoridade local.

Por não saberem desse seu direito já constituído sobre aquela área, e por verem que o que chega tem “papéis” que lhe concedem o direito, muitas vezes a população simplesmente abandona a área e fica sem maneiras de reagir e sem um lugar para trabalhar seu sustento.

Por isso, nos últimos anos, a Diocese de Nacala, através da Comissão de Justiça e Paz, tem desenvolvido um trabalho de conscientização da população sobre a Lei de Terras, de 1997. Já com muitos anos, mas tão pouco divulgada e conhecida, pois não há interesse de que a população camponesa saiba de seus direitos. Além disso, também dão apoio na obtenção do DUAT comunitário nos “regulados” (maneira de organização social das comunidades, onde há uma autoridade local, nomeada régulo, considerada pela população como responsável tradicional daquela área).

Neste último Domingo estivemos em mais uma comunidade para apresentar e explicar à população local seus direitos sobre a terra, e, com a presença de um advogado moçambicano que acompanha os processos, explicar a maneira de obter o documento, como uma segurança maior para o direito costumeiro já constituído.

O interesse é grande. Parece que as populações estão cada vez mais preocupadas com as situações que já estão vendo acontecer ao seu redor. Estiveram presentes cerca de 190 pessoas, entre cristãos, muçulmanos, da religião tradicional. Afinal, estes encontros são para todo o povo, pois a terra é direito de todos. Assim, foram dados os primeiros passos com essa comunidade, que deseja seguir com o processo.

Rezemos por todos aqueles que sofrem com a falta da terra para seu sustento, também na realidade do nosso Brasil, e em tantos outros países, e busquemos trabalhar para que a terra possa ser usada em benefício do povo, e não para os interesses particulares de alguns.

Estamos juntos, unidos em oração e na missão!

Um grande abraço desde Moçambique!

Por Flávio Schmidt LMC Brasileiro em Moçambique