Leigos Missionários Combonianos

Encontro dos LMC sobre a “Evangelii Gaudium”, em Nürnberg

Grupo LMC AlemaniaDe 17 a 19 de Outubro de 2014, os Leigos Missionários Combonianos (LMC) alemães encontraram-se na Casa dos Combonianos em Nürnebrg. Nem a greve dos maquinistas conseguiu impedir o encontro! 🙂

O dia de sábado foi dedicado a um estudo intenso da encíclica “Evangelii Gaudium”, orientados pela Pia Schildmair. No domingo, reflectiram sobre os pontos essenciais da Encíclica, relacionando-os com a espiritualidade comboniana. Depois identificaram os pontos concretos para aplicar à vida de cada um(a) e do grupo e definiram os próximos passos a dar para os porem em prática. “Pedimos para que a alegria do Evangelho nos continue a acompanhar ao longo do nosso caminho!”

Barbara Ludewig

Ecos do Simpósio Comboniano

Comboni

Realizou-se, em Roma, de 15 a 19 de setembro, a reflexão sobre atualidade do Plano de Comboni para a regeneração da África passados 150 anos da altura em que foi inspirado e escrito. Para esta reflexão vieram representantes das diferentes Províncias dos Missionários Combonianos (MCCJ), assim como, estiveram presentes representantes das Irmãs Missionárias Combonianas (IMC), das Missionárias Seculares Combonianas (MSC) e dos Leigos Missionários Combonianos (LMC).

Ao longo desta semana de trabalhos, chegou-se a algumas conclusões que serão “provocação” para o próximo capítulo dos MCCJ e que também nos podem ajudar a uma maior reflexão:

  • O Plano de Comboni tem atualidade na medida em que nos chama a perceber as urgências e prioridades da nossa atualidade. Fazemos muitas coisas importantes, mas na impossibilidade de responder a todas as necessidades, temos que discernir o que é vital para o mundo de hoje e redimensionar a nossa ação e vivência missionária em função disso.
  • Comboni tem a inspiração do Plano porque se coloca aos pés da cruz. Hoje a missão já não tem um cariz “geográfico”, por isso, aos pés da cruz temos de procurar perceber os movimentos do Espírito e de que forma podemos responder ao nosso mundo, independentemente do lugar onde somos chamados a estar.
  • O “salvar a África com a África” não pode limitar a nossa ação. Ao contrário, deve levar-nos a adotar uma renovada metodologia, à medida das nossas forças. Assim, a missão na Europa implica re-acreditar nos valores da cultura Europeia e adotar a sua linguagem como meio de libertação e evangelização. O mesmo se aplica noutras culturas onde reconhecemos ser “vital” a presença comboniana.
  • «Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças», afirma o Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (nº49). Com este apelo do Papa somos interpelados a ousar crescer e especializarmo-nos no âmbito dos ministérios que consideramos ser os mais urgentes e prioritários no mundo de hoje.

Depois de uma semana de trabalho e reflexão, partindo do Plano de Comboni e dos apelos da própria Igreja, concluiu-se que a missão de hoje passará sempre, e sobretudo, pela luta em favor da Vida.

Assim, animados pelo carisma de Comboni, todos somos chamados a repensar e redimensionar o nosso ser missionário em vista a que muitos “tenham vida e a tenham em abundância”.

Susana Vilas Boas

Ecos da missão LMC

SusanaDesde cedo desejei estar o mais perto possível daqueles que nada têm e, sobretudo, de ser uma com eles, de modo que pudesse ser ponte entre os mais pobres de entre os pobres e as suas autoridades locais e, claro, entre estes e a Europa.

Recordo que, quando parti, com 24 anos, para a missão na República Centro-Africana não tinha nenhuma ideia do que me esperava. Sabia apenas que Deus me chamava e que o coração da África precisava de mim tanto como eu precisava dele.

Neste sentido, a formação com os Leigos Missionários Combonianos (LMC) foi muito importante e ajudou a confirmar a minha vocação como leiga e missionária dentro do carisma de Comboni, mas, se naquela altura eu amava a África, e não concebia a ideia de «ser feliz» sem lutar activamente por um mundo mais feliz, mais justo e verdadeiro, hoje, após 5 anos vividos no coração da África, posso afirmar que a doação à Missão traz-me mais do que a felicidade, traz-me o sentido para a vida, a força para a esperança no manhã e, sobretudo, faz-me sentir o amor e a presença de Deus mais do que nunca, afinal, estando entre os mais pobres do mundo inteiro, estou entre os mais amados de Deus.

Esquecidos pelos homens

PigmeosNa República Centro-Africana, este país tão esquecido pelos homens e tão amado por Deus, integrei aquela que foi a primeira comunidade LMC internacional: Mongoumba, em plena floresta, vivendo e trabalhando com os pigmeus e com os bantús (não pigmeus).

Uma das minhas lutas quotidianas foi a luta para que a crescente desflorestação acabesse. Com efeito, se o abate das árvores não cessar, dentro em breve não existirão mais pigmeus na região e os bantús, que vivem nas aldeias, tornar-se-ão mão-de-obra barata de quem quiser explorar a região.

Actualmente, por causa desta situação, os pigmeus e os não pigmeus são obrigados a viver demasiado próximos e, claro, o choque cultural – para o qual ninguém estava preparado e que foi, naturalmente, imposto pelos interesses das empresas europeias de madeira – faz que os pigmeus vivam numa situação de escravatura e exclusão social total. Para ajudar a fazer frente a esta exclusão social, a missão criou e gere seis escolas de integração para os pigmeus. Escolas, estas, que estão espalhadas pela floresta num raio de cerca de 60 km. Tentamos, assim, através de um método específico, que as crianças pigmeias frequentem os primeiros anos de ensino para depois serem mais bem integradas nas escolas públicas.

Outros problemas, que aqui abundam, têm a ver com a saúde. Como os pigmeus vivem da floresta, esta, ao ser destruída, abre um caminho de fome e de doença. Por um lado, de fome, porque as árvores, que são a base da alimentação, são abatidas. Por outro, de saúde, porque as doenças aumentam e as árvores e plantas medicinais, usadas nas curas tradicionais, começam a ser difíceis de encontrar. Neste sentido, e também para ajudar neste caminho de integração dos pigmeus no sistema de saúde público, a missão gere um posto de saúde. Este está especialmente direccionado para os pigmeus e para os mais pobres da aldeia. Aqui, não fazemos as consultas, servimos apenas de ponte entre os doentes e o centro de saúde público, dando também o apoio necessário para a toma de medicamentos. Connosco trabalha um enfermeiro-socorrista centro-africano que nos ajuda a acompanhar os doentes para a correcta toma de medicamentos e a fazer a sensibilização sanitária nos acampamentos pigmeus.

Nesta área, as lutas são mais que diárias: são de minuto a minuto! A todo o momento deparo com erros clínicos graves no centro de saúde público que resultam tanto da ignorância e negligência de quem lá trabalha, como da discriminação e da falta de consciência da importância e valor da vida.

Assim, há dias que este centro de saúde parece produzir mais a morte que a vida. Por isso, quando as mortes acontecem «sem terem de acontecer», isto leva-nos a lutas que terminam ora em tribunal ora no Ministério da Saúde.

Dar voz

Escola Pigmea Olho este povo – pigmeu e bantú – e percebo que este não é senão vítima da corrupção mundial que ajuda o governo centro-africano a preocupar-se mais com abastecer-se de armas do que com a Saúde e a Educação. Como podemos nós, neste contexto, remar contra a corrente? Certamente, esta não é tarefa fácil mas isto não nos desanima, ao contrário, faz-nos lutar em favor da vida e da verdadeira liberdade deste país que, teoricamente independente, continua a sofrer diariamente os abusos da colonização.

Hoje, a comunidade LMC aqui presente, conta com a ajuda dos Missionários Combonianos e das Missionárias Seculares combonianas. Assim, em Família Comboniana, e trabalhando em comunidade apostólica, desenvolvem-se projetos nas mais diversas áreas, procurando, com o testemunho de vida, anunciar Aquele que nos envia, a todos, à Missão.

De facto, a missão, em todos os lugares do mundo, precisa de testemunhos de vida que sejam chave para a libertação dos povos. Hoje, na missão, o desafio não é «fazer alguma coisa para os outros», mas «ser alguma coisa com os outros». A oração sem a acção é vã e distante dos valores do Evangelho.

Hoje, a missão desafia-nos a viver de acordo com os valores que defendemos e em favor de um mundo onde todos, sem excepção, sejam considerados, de verdade, filhos de Deus, para que n’ELE encontrem Vida em abundância.

Susana Vilas Boas

LMC

Simpósio Comboniano-Propostas concretas para um Plano de Ação Apostólica em vista ao XVIII Capítulo Geral

Susana

Depois de uma semana de trabalho que, partindo do Plano de Comboni, deu início à reflexão sobre a missão de hoje. Para isso, fez-se a síntese do trabalho realizado, procurando chegar a conclusões aceites unanimemente pelos participantes.

Assim, por grupos, refletindo ao trabalho realizado nesta semana, elaboraram-se propostas concretas para a missão comboniana de hoje. Estas, foram discutidas em assembleia plenária a fim de se chegar a um plano de ação apostólica coerente tanto com as urgências da missão como com a identidade comboniana.

No final desta semana, os participantes refletiram e propuseram aspetos a serem levados, como contributo, ao XVIII Capítulo Geral.

Ao fim desta semana, fica o grito no coração de cada um de nós: missionários “para tenham vida e a tenham em abundância”.

Susana y P Enrique

Susana Vilas Boas

Simpósio Comboniano-Da inspiração concreta e da dinâmica do Plano à realidade atual

P Joaquim Valente«Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças» (Evangelii Gaudium 49). Com estas palavras do Papa Francisco, iniciamos este 4º dia de simpósio.

Hoje procuramos recolher e sintetizar as intuições destes últimos dias, para isso, a comissão dirigente, propôs quatro temas de reflexão:

  • A perspetiva da missão: no tempo de Comboni e no nosso tempo;
  • O estilo da missão: no tempo de Comboni e no nosso tempo;
  • Ministerialidade e formação: no tempo de Comboni e no nosso tempo;
  • A nossa missão na missão da Igreja local: no tempo de Comboni e no nosso tempo.

Estes pontos foram refletidos ao nível pessoal e em grupo, sendo, depois, discutidos em assembleia plenária. Deste modo, buscamos perceber o que devemos e temos de mudar no nosso ser missionário comboniano hoje, de modo a responder a este desafio do Papa: ser ferido, mas ousar ir mais longe para que Cristo seja anunciado a todas as criaturas e para que muitos possam ter Vida em abundância.

Susana Vilas Boas