Leigos Missionários Combonianos

Simpósio Comboniano-O espírito do Plano e o desafio da missão africana no ano 800

simposium

Neste segundo dia, o simpósio Comboniano debruçou-se sobre o Plano de Comboni, desde o contexto em que foi escrito até à sua aplicação e compreensão no nosso contexto atual.

Para nos ajudar nesta reflexão, o P. Joaquim Valente (MCCJ) provocou todos os participantes, apresentando e contextualizando, no ontem e no hoje, os pontos cardiais do Plano de Comboni e lançando alguns desafios que nos são, pelo Plano, colocados.

De facto, Comboni reconhece que as coisas não funcionam, reconhece que desconhece a solução, reconhece que ele não tem nem é a solução para a regeneração da África, reconhece que há que se colocar à escuta de Deus, que só Deus tem e é solução.

Comboni põe-se aberto aos novos movimentos do Espírito que atua na realidade e na história humana. Nos entretantos, percorre a Europa e aprende da experiência de todos quantos trabalham para a missão. Com todos estes testemunhos e de todas estas aprendizagens, Comboni procura “recapitular todas as coisas em Cristo”.

Por seu turno, o P. Johnson Uchenna Ozioko (sacerdote nigeriano), ajudou-nos a fazer uma leitura do Plano de Comboni a partir da África de hoje, alertando sobretudo, tanto a importância atual do “salvar a África com a África”, como a importância e a urgência de mudar a linguagem que usamos para falar da missão e dos africanos.

Por seu lado, segundo a sua especificidade, a Ir. Fernanda Cristinelli (IMC) apresentou sucintamente a reflexão sobre este mesmo tema, feita pelas Missionárias Combonianas, sublinhando o sentido e a urgência de redimensionar a ministerialidade de ser e viver a missionariedade no feminino.

Ao fim do dia, fica no coração de cada um dos participantes as últimas palavras proferidas pelo P. Johnson Uchenna Ozioko: Jesus lavou os pés aos discípulos e disse-lhes: «Ide e fazei o mesmo». Comboni amou a África, digo-vos: «Ide e fazei o mesmo».

Susana Vilas Boas

Workshop MCCJ sobre o Plano de Comboni

Misa en S Pedro

O mundo de hoje, a sua urgência missionária e os desafios da missão comboniana

Começaram, hoje, os trabalhos de reflexão sobre os 150 anos do Plano de Comboni para a regeneração da África. De todas as partes do mundo chegaram representantes das diferentes províncias dos Missionários Combonianos (MCCJ), assim como, estiveram presentes representantes das Irmãs Missionárias Combonianas (IMC), das Missionárias Seculares Combonianas (MSC) e dos Leigos Missionários Combonianos (LMC).

O dia começou com a eucaristia junto ao túmulo de S. Pedro, lugar onde Comboni teve a inspiração para o Plano. Contudo, este simpósio/workshop, como lembrou o P. Enrique Sanchez (superior geral dos MCCJ) na sua homilia, não procurar “contemplar” o Plano de Comboni, ao contrário, partindo dele, visa refletir e dar graças a Deus pela realidade que este Plano tem sido desde o tempo de Comboni. Hoje, há que procurar a atualidade do Plano de Comboni, percebendo de que modo ele se aplica e nos provoca no nosso ser missionário. Para isso, alertou o P. Mariano Tibaldo (MCCJ), há que perceber as nossas prioridades nos dias de hoje e a forma de – no hoje – viver o desafio do Plano.

A reflexão começou com o Ir. Enzo Biemmi que apresentou a exortação apostólica Evangelii Gaudium como uma provocação atual do Papa Francisco mas que em tudo se enquadra com o Plano de Comboni, no que diz respeito à forma como Comboni concebia a vivência da vocação missionária.

De facto, hoje, há que abandonar as ideias pré-concebidas do missionário que evangeliza “os outros”. É urgente uma consciência e vivência missionária que se fundamente sobretudo na conversão do próprio missionário. Só o encontro do missionário com Cristo, o faz explícita e implicitamente anunciar o Evangelho em todas as circunstâncias. Não se trata, pois, de um anúncio para fora, mas de um pulsar da alegria do encontro com Cristo que se manifesta na vida do missionário. Devemos, portanto, estar conscientes que sem a conversão do missionário não há anúncio, porque sem esta vivência da Graça, não se consegue chegar ao coração do homem, onde já habita o Espírito.

Na verdade, o primeiro ponto e a fonte da vida missionária e da Evangelização é o reconhecer a presença de Deus na pessoa do outro, dando, deste modo, um novo estilo à missão. Este foi o verdadeiro agir de Cristo, que em tudo o que realizar remete o “protagonismo” para o Pai e/ou para a fé que salva aquele que O busca para ser salvo.

Neste âmbito, o P. Mariano Tibaldo (MCCJ) falou das problemáticas urgentes da vida missionária. Urgências, estas, que não se prendem com um critério geográfico, mas que deve responder, de facto, às exigências da Evangelização nos nossos dias. Foi precisamente sobre esta problemática que os participantes, em trabalho de grupo, refletiram e puderam partilhar com os demais as suas conclusões, em assembleia plenária.

Susana Vilas Boas

Conclusões do 2º Encontro dos LMC em África

CoordinacionO segundo Encontro continental dos Leigos Missionários Combonianos decorreu de 21 a 25 de Julho de 2014, em Kinshasa (RDC). Estavam presentes: 5 sacerdotes, 2 irmãs, 18 leigos, entre os quais 2 representantes do Comité Central. Os participantes representavam 6 províncias da África francófona e inglesa.

O objectivo desta Assembleia de Kinshasa era estabelecer um plano de acção concreto, partindo das conclusões das assembleias anteriores – a Assembleia Continental de Layibi (2011) e a Assembleia Internacional na Maia (2012) –, sob o tema: “Começar com aquilo que temos e a partir da nossa realidade”.

Tendo em conta os desafios actuais da nossa realidade africana, em que Deus nos chama a viver a nossa vocação como um testemunho do Seu amor, segundo o carisma de São Daniel Comboni, ao serviço da missão, que é dom de Deus, e, após uma reflexão conjunta, tiramos algumas conclusões que permitirão agora a cada província estabelecer um plano de acção. Estas conclusões são:

1. Vocação

Nós encorajamos cada LMC a viver a vocação, de acordo com o já definido em Layibi, a ultrapassar as dificuldades da vida e a manter os diferentes compromissos que temos, enquanto pais, trabalhadores e cristãos, dando assim testemunho da nossa vocação.

Como foi dito na Maia, as comunidades LMC precisam de elaborar processos que permitam o pleno cumprimento da vocação pessoal dos seus membros, ao longo de toda a vida; e de estabelecer um calendário de oração, de retiros, de sacramentos e de revisão de vida comunitária.

Para facilitar um caminho comum da nossa vocação, como Família Internacional de LMC, incentivamos os novos grupos a comunicar regularmente com os Comités Central e Continental para obter ajuda dos responsáveis da coordenação. Acreditamos que isto seja necessário para que se sigam linhas comuns, segundo as directivas internacionais.

2. Relação entre os LMC

O movimento tem uma mesma visão. Todos devem colaborar e trabalhar em conjunto para viver harmoniosamente a vida comunitária.

A fim de facilitar a integração de novos LMC nos grupos LMC locais, temos de reforçar a comunicação e o trabalho em rede entre a equipa coordenadora que envia e a equipa coordenadora que recebe, entre os Comités Central e Continental e os Superiores Provinciais MCCJ.

Para uma plena integração, os novos LMC estão convidados a participar na vida do grupo: na formação permanente, nas assembleias, nos retiros, na contribuição económica, nos processos de administração, etc.

Encorajamos os LMC que trabalham num país onde não existem LMC locais, a promoverem a nossa vocação, formando um grupo local.

3. Formação

Como movimento LMC da África, comprometemo-nos a fazer um caminho formativo conjunto, para seguir Cristo segundo o carisma de São Daniel Comboni, que nos chama a fazer causa comum com os povos aos quais somos enviados.

As decisões tomadas nas assembleias anteriores guiam-nos no percurso formativo, o qual deveria ter em conta os seguintes aspectos:

  1. As províncias devem colaborar na elaboração dos diferentes programas e subsídios formativos.
  2. Devemos partilhar os programas e os temas de formação entre as diferentes províncias e o Comité Central.
  3. Devemos traduzir os documentos da formação nas diversas línguas.

4. Economia

Queremos incluir na nossa vida espiritual a economia pessoal, para viver uma vida fundada na Providência. Neste sentido, pedimos aos grupos para terem em consideração nos seus programas de formação, uma rubrica sobre a relação com o dinheiro, colocando a nossa estabilidade e confiança em Deus.

No processo de chegar a uma autonomia financeira, convidamos os diferentes grupos a formar os seus membros nos diversos aspectos financeiros, tais como: projectos de desenvolvimento baseados nas necessidades locais, angariação de fundos, contabilidade, etc.

Sabendo que pertencemos à família LMC, estamos chamados a ser responsáveis pela sustentabilidade do grupo. Neste sentido, todos os LMC devem contribuir para o fundo local do grupo. Deste fundo local, o grupo deverá, igualmente, dar a sua contribuição para o fundo comum internacional, gerido pelo Comité Central.

Estamos chamados também a animar a Igreja local e a todas as pessoas de boa vontade para colaborarem nas nossas actividades missionárias.

Para chegar à nossa autonomia financeira, convidamos os grupos a iniciarem actividades auto-sustentáveis, geradoras de rendimentos (agricultura, pecuária, farmácia, cinema, centro de fotocópias e internet, artesanato local, conferências, formações, colóquios, animação de eventos, etc.).

Não basta comprometermo-nos nos diversos projectos, devemos também apresentar as contas com transparência (caderno de contas, contas bancárias com mais de uma assinatura, etc.).

5. Organização

5.1 Cada província deve ter:

  1. Uma equipa coordenadora composta por: um coordenador, um secretário e um tesoureiro. Esta equipa deve enviar relatórios ao Comité Africano e ao Comité Central.
  2. Uma pessoa responsável pela comunicação (blog, facebook; twitter).
  3. Uma equipa de formação. Esta equipa deve programar e preparar os temas de formação, assegurar o acompanhamento e a avaliação das formações realizadas.
  4. Cada grupo deve ter um responsável de formação que trabalhe em rede com os responsáveis nacionais.

5.2 Comité Africano:

  1. A equipa coordenadora continental é composta por: um coordenador, um secretário e um tesoureiro.
  2. As suas funções são:
  1. Assegurar a comunicação com o Comité Central.
  2. Preparar e convocar os encontros continentais.
  3. Assegurar a comunicação entre as diversas províncias.
  4. Fazer com que as decisões tomadas nas diferentes Assembleias sejam postas em prática.

Grupo

Segunda Assembleia africana dos LMC

KinshasaOs coordenadores dos Leigos Missionários Combonianos (LMC) das províncias combonianas de África, e os respectivos responsáveis missionários combonianos que os acompanham, realizaram a sua segunda assembleia africana de 21 a 26 de Julho, na casa comboniana de Kinshasa-Kimwenza, na República Democrática do Congo (RDC). Foi um encontro de reflexão sobre o passado e de programação das próximas actividades dos LMC a nível do continente africano.

A segunda assembleia africana dos LMC contou com a participação permanente de 25 pessoas: 18 leigos, 5 combonianos e 2 combonianas, incluindo os responsáveis da comissão central dos LMC, o Alberto de la Portilla e o P. Arlindo Ferreira Pinto.

A primeira manhã da segunda assembleia africana dos LMC foi dedicada a dois temas formativos, com o objectivo de introduzir os participantes nos trabalhos da assembleia, um tema sobre a realidade actual congolesa e outro sobre a visão da missão na “Evangelii gaudium”.

Iniciou-se a assembleia com a apresentação dos participantes, orientada pelos membros leigos da comissão africana dos LMC: o Dieudonné Likambo (Dido), congolês; o Innocent Mweteise Karabareme, ugandês; e a Márcia Costa, portuguesa a trabalhar em Moçambique. Desta mesma comissão fazem parte também os provinciais P. José Luis Rodríguez López, de Moçambique, e o P. Joseph Mumbere Musanga, do Congo. O P. José Luis encontra-se no México e o P. Joseph participou apenas nos últimos dias da assembleia, por motivo das suas ocupações pessoais.

Seguiu-se a distribuição das diversas tarefas para toda a semana.

A Márcia Costa aproveitou do momento para recordar os principais objectivos da assembleia, nomeadamente aprofundar os temas da identidade, da formação e da autonomia económica, rever e programar as actividades dos LMC a nível do continente africano e de cada uma das províncias, tendo presente as conclusões das assembleias intercontinentais dos LMC, em particular da última assembleia na Maia (Portugal), em Dezembro de 2012, e da primeira assembleia africana em Dezembro de 2011, em Layibi (Uganda).

As palavras de boas-vindas a todos os participantes da assembleia foram dadas através da mensagem do P. Joseph Mumbere Musanga (lida pelo P. Enrique Bayo Mata), e pela Irmã Espérance Bamiriyo Togyayo, respectivamente superiores provinciais dos combonianos e das combonianas no Congo. Ambos sublinharam o valor da colaboração entre os Institutos nascidos do mesmo carisma de Comboni e a importância da oração e do testemunho missionário como família comboniana.

O P. Arlindo Pinto, coordenador dos LMC a nível do Instituto comboniano, informou que o P. Enrique Sánchez, superior geral, e o P. Antonio Villarino, assistente geral, mandam saudações para todos os participantes desta assembleia e que seguem com atenção as diversas realidades dos LMC no continente africano. Por sua vez, o Alberto de la Portilla, membro e coordenador da comissão central dos LMC, disse que esta assembleia é um acontecimento que interessa não só aos LMC africanos, mas a todos os outros LMC dos continentes europeu e americano que vivem em contextos e realidades diferentes, mas com um forte sentido de pertença aos mesmos LMC.

O P. Jean Claude Kobo Badianga, comboniano congolês, fez uma apresentação breve da história da República Democrática do Congo (RDC) para se poder compreender a situação sociopolítica e económica actual do país. Relacionou a história da RDC com a história e os conflitos passados e recentes dos países vizinhos (Angola e Congo Brazzaville, Ruanda e Burundi, Uganda, Sul do Sudão, e República Centro-Africana,). Falou das principais dificuldades que impedem uma governação estável e verdadeiramente democrática na RDC como, por exemplo, o tribalismo, o regionalismo e a corrupção.

Referiu-se aos diversos grupos rebeldes armados que actuam sobretudo no Norte e no Nordeste do País com a cumplicidade política nacional conjugada com os interesses internacionais relacionados com os riquíssimos recursos naturais do solo e do subsolo congolês. O petróleo, o ouro, o coltan e tantos outros recursos minerais preciosos são a real fonte das contradições sociais, das desigualdades económicas e dos conflitos armados na RDC.

A Igreja católica e as centenas de outras Igrejas e seitas religiosas tomam posições diferentes perante a realidade por que está a passar o país, na maior parte das vezes para favorecer o “status quo” e, poucas vezes, para denunciar as injustiças de que são vítimas os congoleses de Norte a Sul do país.

O P. Jean Claude recordou que os LMC têm aqui nesta realidade social, na RDC e nos demais países africanos, uma responsabilidade cristã e moral que pode e deve estar presente nas suas actividades pastorais e profissionais.

KinshasaP. Enrique Bayo Mata, comboniano espanhol a trabalhar na RDC, apresentou o tema da missão a partir da exortação apostólica pós-sinodal “Evangelii gaudium” do papa Francisco. Depois de uma apresentação geral do documento, o P. Enrique sublinhou a perspectiva da nova evangelização marcada pela alegria do anúncio e do testemunho do Evangelho de Jesus Cristo nas diversas periferias humanas do mundo actual. Falou da urgência da conversão pastoral para levar a Igreja a sair de si mesma e a tornar-se missionária, isto é, de se colocar ao serviço das pessoas e dos povos, sobretudo dos excluídos, dos mais carenciados da alegria da fé e da vida cristã, e dos mais distantes dos valores do Evangelho.

Referiu que os leigos, formados profissional e intelectualmente, têm uma missão particular no processo pastoral da evangelização que visa a transformação da sociedade e a inclusão social dos pobres na vida activa dos seus países.

Na tarde do primeiro dia, o Innocent deu uma panorâmica geral sobre quem são os LMC e o que eles esperam de si mesmos, recordando que se começa sempre de uma pequena realidade e com poucas coisas, mas que se cresce e se amadurece se se tem uma visão clara da identidade, de quem somos, e se se tem um plano concreto de acção, do que devemos fazer, num contexto permanente de escuta da Palavra de Deus, de oração e de discernimento vocacional no espírito de São Daniel Comboni. Uma vez concluída a exposição de Innocent seguiu-se uma longa partilha de ideias e de experiências das diversas realidades dos LMC em África.

A Márcia Costa apresentou, de seguida, uma síntese da primeira assembleia africana em Layibi, sobretudo do que diz respeito à identidade e à missão dos LMC. Realçou que faz parte da vocação dos LMC sair da sua realidade ou do seu país, por um determinado período, para uma actividade missionária concreta, e que os LMC assumem um compromisso por toda a vida. Os LMC têm uma formação humana, espiritual e missionária específicas e procuram os meios para se tornarem economicamente autónomos nas suas várias actividades. Terminada a apresentação, seguiu-se uma partilha abundante à volta dos temas do documento de Layibi. Insistiu-se, mais uma vez, que é importante que os LMC façam uma experiência de missão fora do seu contexto geográfico.

O segundo dia das actividades foi dedicado à apresentação dos relatórios das actividades da comissão africana, da comissão central e das diversas províncias africanas presentes: Egipto-Sudão, Sudão do Sul, Togo-Gana-Benim, República Centro-Africana, Congo, Moçambique e Uganda. O Dido Licambo apresentou o relatório dos trabalhos da comissão africana desde a assembleia de Layibi até à preparação da actual assembleia de Kinshasa, e o Alberto apresentou os relatórios da comissão central e das províncias que não estiveram representadas na assembleia, mas têm LMC nos seus países (Chade, Malawi/Zâmbia, e Etiópia).

Um dos problemas mais comentados foi a falta de comunicação entre a comissão africana e as diversas províncias de África. Uma das razões apresentadas para a pouca partilha de informações e experiências foram as dificuldades naturais provenientes das diferentes línguas, faladas em cada uma das províncias, e a dificuldade de acesso às novas tecnologias da comunicação, sobretudo através da Internet, na maior parte dos países africanos.

Com o objectivo de se preparar a formulação das conclusões da assembleia, seguiu-se o método de encontros por grupos seguidos de plenário, nos dia 23 e 24, para responder sucessivamente às seguintes perguntas: Qual é a relação que existe entre os LMC locais e os LMC estrangeiros que se encontram no teu país? Quais são os desafios e as estratégias a ter em conta para se fazer um caminho comum? Como podemos partilhar os conteúdos da formação dos vários países para se chegar a ter uma mesma base formativa a nível continental? O que nos está a faltar para que possamos viver a vocação de LMC, segundo as conclusões de Layibi? Quais estratégias seguir para podermos viver plenamente a vocação LMC? Quais estratégias podemos adoptar para chegar à autonomia económica? Como podemos organizar o movimento dos LMC a todos os níveis: formação, relação entre os LMC dos diferentes países de África, vocação, organização, e economia.

Na tarde do dia 24 e na manhã do dia 25, os leigos encontraram-se entre si para formularem as conclusões da assembleia, enquanto os combonianos e as combonianas, à parte, aproveitaram deste tempo para falar sobre a sua colaboração com os LMC e para partilhar algumas ideias e experiências sobre como podem e devem ajudar os LMC a consolidarem-se em todas as províncias combonianas. Recordou-se que este compromisso foi assumido pelos combonianos no Capítulo Geral de 2009.

Na última tarde de trabalho, leram-se, discutiram-se e aprovaram-se as conclusões, seguindo os temas debatidos durante a assembleia. Seguiu-se a eleição do comité africano, tendo sido reeleitos para os próximos três anos: o Dieudonné (Congo); o Innocent (Uganda); e a Márcia (Moçambique). Por fim, sugeriu-se que o próximo encontro se realize em Julho de 2017, em Lomé (Togo), data e lugar a serem confirmados pelos superiores provinciais do sector.

Kinshasa

No sábado, o grupo foi visitar o jardim botânico de “Kisantu-bas Congo” e a catedral de Kisantu, a cerca de 120 km da cidade de Kinshasa.

A assembleia concluiu-se, no domingo, com uma reunião conjunta com os LMC congoleses de Kinshasa na comunidade provincial de Kinshasa-Kingabwa, tendo-se seguido a Eucaristia, presidida pelo P. Joseph Mumbere, e um almoço fraterno.

Arlindo Ferreira Pinto.

Caminhar com Comboni

Mozambique

Olá companheiros de viagem, que a Paz esteja convosco!

Por estes dias os MCCJ têm estado em Assembleia, aqui, na Província de Moçambique. Como Família Comboniana, as IMC e nós, LMC, fomos convidados a estar presentes nos dois primeiros dias. Isto permitiu-nos conhecer um pouco melhor a nossa Província e os Missionários Combonianos que aqui estão a trabalhar.

Estando nós neste ano jubilar dos 150 anos do Plano Comboni, partimos de uma reflexão, apresentada pelo Padre Vitor Dias, formador no noviciado, em Santarém, Portugal. Como sonhar, experimentar, anunciar: Cristo, Comboni e a alegria do Evangelho, no Hoje, na nossa quotidianidade, na nossa ação?

Entre nós, fomos entrelaçando os nossos sentires, as nossas experiências de Cristo na missão e, assim como quem constrói uma esteira, fomos construindo uma partilha. Convosco, certos de que muitas coisas ficam por dizer, deixo alguns pontos:

Somos convidados, a exemplo de Comboni, ao encontro com Deus, sem nos deixarmos amarrar pelos nossos afazeres, para que, junto d’Ele, permaneçamos nesta atitude de: “Aqui estou para aquilo que TU me queres”, nos deixemos, pois, a cada dia, inspirar, enamorar, entusiasmar, ousar, pelo Senhor da Missão.

Uma metodologia do Encontro, que nos faça viver a Pastoral do Encontro com o outro, numa atitude de escuta e diálogo. Ousarmos viver a missão como uma “saudação”, um “sair a pé” pelas comunidades, para que no encontro informal, anunciemos a Cristo e nos deixemos evangelizar pelos povos que nos acolhem.

Lembram-se da atitude do Papa Francisco, que saiu do carro e foi ao encontro da velhinha? Não terá isso muito mais impacto, muito mais de anúncio de Cristo, do que mil palavras ditas a um microfone?

Pois é, também nós precisamos de parar o nosso “carro”, despojar-nos daquilo que somos e temos (formação, estilos de vida, experiências pessoais), para nos podermos encontrar com o outro, nossa comunidade e povo que nos acolhe, a partir daquilo que o outro é. É o convite a uma atitude de humildade, encontrar o outro a partir de si. Grande desafio, não é?

Plano de Comboni, reprodução ou atualização? Diríamos que as duas atitudes. Uma atitude de reprodução, no que respeita ao plano de Comboni, naquela que é a sua mais alta expressão: a liberdade da pessoa humana. Por outro lado um dos aspetos fundamentais do Plano de Comboni é a dimensão do Hoje. Um Plano que não é papel, mas sim ações que geram vida, uma vida que se quer em abundância. Para isso é imprescindível partir daquilo que está construído e contextualizar naquela que é a nossa realidade do hoje, aí aonde nos encontramos. Inquietarmo-nos em deixar o “velho” para começar o “novo”, partindo de uma contínua atitude de discernimento.

Qual a nova atitude? Em que apostamos? Construção de estruturas ou construção com o povo? Construções de pedra ou construções humanas?

O desafio está lançado: não nos tornarmos meros administradores das estruturas criadas, mas procurarmos, inventarmos, novas possibilidades, sem medos, com esperança e confiança, numa atitude que se quer não de “como quem está para dar” mas daquele que está para aprender e caminhar junto.

Cabe-nos aproveitar a riqueza da diversidade, para que possamos marcar a missão pelo ritmo de uma crescente colaboração e interajuda em que os povos com os quais trabalhamos sejam cada vez mais os protagonistas da missão e das suas vidas.

Despedimo-nos com a pergunta: “Como encarnar o Evangelho Hoje?”

Com a certeza de que nenhum de nós é integral e de que nenhuma cultura esgota o evangelho, caminhemos, com os medos do caminhante e com o coração cheio de confiança no Senhor da missão, que nos chama a enfrentar as dificuldades com serenidade e otimismo.

“A Paz esteja convosco!” e “Não tenhais medo!”.

Espero por vós em Moçambique 😉

MozambiqueMárcia Costa. LMC em Mozambique.