Leigos Missionários Combonianos

O papel ministerial do irmão

Joel Cruz

ENCARNAÇÃO DA PALAVRA, FRATERNIDADE E PROMOÇÃO HUMANA

O Irmão Joel Cruz Reyes, comboniano mexicano, trabalhou cerca de 12 anos no Equador. Aqui, conta-nos a sua experiência missionária, destacando as características do ministério do Irmão a partir da promoção humana que tem como fundamento a Palavra.

1. Encontro com a missão

Em 1997, cheguei ao Equador, para ir trabalhar no Centro Cultural Afro-Equatoriano, na cidade de Guayaquil. Nessa altura, o acompanhamento dos afrodescendentes girava em torno da religiosidade, da formação litúrgico-sacramental e sociopolítica, com o objectivo de os tornar social e eclesialmente visíveis. Com esta finalidade, procurava-se o apoio de especialistas leigos em psicologia, antropologia, sociologia e política.

Pelo comportamento, pelas atitudes e motivações que percebi nos Afros que vinham ao Centro, dei-me conta que a sua dependência do missionário era crónica. Tinham-se habituado a considerar-se material, espiritual e moralmente indigentes. Certamente, este comportamento era o reflexo das sombras da sua história que se reflectiam no presente, mas também era consequência da visão paternalista de quem os acompanhavam. Esta realidade impedia-os de crescer humana e espiritualmente, reduzindo-os mais à condição de objecto do que de sujeitos, desde o ponto de vista eclesial e social.

2. Entender e iniciar processos

Pouco a pouco, fui compreendendo que estes processos, embora fossem muito bons, estavam desligados da fé e da Palavra, como se a regeneração do ser humano afro fosse apenas um problema humano e social. Dei-me conta de que os processos não chegavam à compreensão do afrodescendente como filho de Deus, imagem e semelhança d’Ele, esculpido pela história, por circunstâncias sociais e eclesiais adversas, sim, mas no fim de contas um ser humano pensado, querido por Deus e com uma missão específica na Igreja, na sociedade e no mundo.

Os resultados eram lógicos porque, por um lado, o acompanhamento piramidal herdado pela tradição pastoral predominante na Igreja tornava-os objecto dependentes da acção do sujeito que era o missionário. Por outro lado, a intervenção de especialistas leigos sem uma visão religiosa, de fé e desligados da Palavra de Deus, não podia oferecer mais do que uma forma de ver o afrodescendente e a sua história, como um problema pessoal e social. Não se viam a si próprios como seres humanos, mas como um problema social e um objecto de abuso, de maus tratos e de exclusão. Estavam convencidos de que eram apenas vítimas e não seres humanos com uma responsabilidade eclesial e social.

3. Presença que partilha a vida

Quando comecei a caminhar com eles, percebi que a presença do Irmão que, pela sua natureza vocacional, está despojado do sagrado (do sacramento da ordem), pouco a pouco vai arredondando a pirâmide relacional nas estruturas culturais, sociais e eclesiais, até consolidar a circularidade da fraternidade ministerial querida por Jesus. O Irmão, precisamente por ser religioso, é capaz de contemplar a humanidade das pessoas que acompanha e de pôr essa humanidade em movimento (promoção humana) na Igreja e na sociedade.

Compreendi que o Irmão é uma ponte entre a ciência e a fé, entre o Evangelho e a sociedade, entre a Igreja e o mundo, entre a vida religiosa e a secular, entre o ministério sacerdotal e laical. Sem a sua presença, muitas vezes, os processos tornam-se polarizadores: de um lado, o litúrgico-sacramental, e do outro, o político-social. E o Irmão tem um pé em cada extremidade. Portanto, o Irmão é capaz de equilibrar os processos de evangelização e de fazer com que o ser humano não veja a sua história como uma tragédia humana sem Deus, mas sim uma história sagrada de salvação, onde Deus não só está presente como também se faz carne e assume as causas do ser humano como suas.

4. Os milagres da fraternidade

O Senhor deu-me a oportunidade de ver os milagres da fraternidade que brotam da consciência de saber que somos todos irmãos e irmãs, filhos do mesmo Pai; com a mesma dignidade e responsabilidade missionária de Cristo e, por isso, entendendo-se como o Corpo Negro de Cristo nessa sociedade discriminatória e exclusiva que tanto ofuscou a Igreja nesse contexto. Deu-me a oportunidade de experimentar o poder libertador deste tornar-se mais um entre eles, de não ter medo de rebaixar-se, tal como Jesus, e de procurar com eles os caminhos, as respostas e as soluções.

Este estar entre os afrodescendentes como companheiro de viagem, e não como guia ou mestre, fez com que as pessoas começassem a saborear e a gostar da comunhão e da participação, a compreender o valor e o poder do cenáculo de apóstolos, sonhado por São Daniel Comboni. Assim, nasceu a Fraternidade dos Missionários Afro-Equatorianos, o Caminho Bíblico Afro, processos de etno-educação e recreação cultural num contexto urbano, organizações e associações afro com objectivos culturais e sócio-políticos, e a pastoral da juventude afro.

O caminho fraterno com os Afros permitiu-me constatar como o objecto foi transformado em sujeito social e eclesial. E tudo começou quando eles se descobriram como seres humanos, filhos de Deus, missionários do Pai. E esta consciência semeia-se vivendo com eles, discutindo com eles, como Jesus fez com os seus discípulos: na estrada, na casa, na festa, nos seus lugares… conversando, respondendo a preocupações, explicando, partilhando sem pressa, sem lugares fixos… muitas vezes longe do templo.

Esta consciência semeia-se vivendo com eles, discutindo com eles, como Jesus fez com os seus discípulos: caminhando, em casa, nas festas, por toda a parte… conversando, respondendo às inquietações, explicando, partilhando sem pressa, sem lugares fixos… muitas vezes longe do templo.

Tendo experimentado o poder regenerador da fraternidade no ser humano, fez-me pensar e imaginar o Irmão Missionário Comboniano como uma parteira de ministérios laicais que vão para além das estruturas do templo e das questões religiosas. De uma ministerialidade que toca as realidades humanas e sociais; como companheira daqueles ministérios que nascem com uma projecção secular, a fim de lhes infundir o Espírito e possam ser a força transformadora de Deus na sociedade.

O caminhar com as pessoas fez-me reconhecer como um Irmão religioso, ou seja, um perito em estabelecer a profunda ligação entre o mundo e Deus, entre a carne e o espírito, entre o humano e o divino. Um especialista em ajudar o ser humano a conceber a Deus como um cidadão que actua naquele meio social em que se encontra, através do ser humano que se reconhece a si próprio como a sua presença.

5. Questionamentos olhando para o futuro

Como assegurar que a fraternidade que promove a humanidade das pessoas se fortaleça e não termine diluída na tradição evangelizadora que olha mais para o litúrgico-sacramental? Como tornar mais visível e significativo o ministério da encarnação da Palavra nos ministérios que tocam as questões humanas e sociais no Instituto, na Igreja e na sociedade? Estas perguntas encontrarão a resposta na proposta feita por São Daniel Comboni de estabelecer Centros de Formação onde o africano não se alteraa e o missionário não morre.

Esta estratégia pareceu-me ser a mais apropriada para a realidade numérica e dispersa do Irmão no Instituto e, assim, poder pensar numa figura física que acompanhe o ministério do Irmão, o identifique, o defina e o torne mais compreensível. Por isso, tal como o padre se relaciona com a imagem da paróquia, uma estrutura que explica e torna compreensível o seu ministério, assim também comecei a imaginar uma obra que pudesse revelar toda a força ministerial da fraternidade no Instituto. Assim nasceu a ideia das Obras Combonianas de Promoção Humana (OCPHs) e o Centro Cultural Afro-Equatoriano de Guayaquil tornou-se a primeira destas obras.

Para a reflexão pessoal e comunitária:

  1. O que é que me chama mais à atenção nesta experiência religiosa? Porquê?
  2. O que suscita em mim esta experiência? Porquê?
  3. O que é que nos diz a nós mesmos como comunidade?
  4. Que parte ou partes desta experiência podem iluminar o trabalho paroquial ou projectos missionários nas nossas comunidades/missões?

PARA APROFUNDAR O TEMA

Orientações do Papa Francisco e Bento XVI sobre a fraternidade

Reflexões retiradas do documento “Notas para uma espiritualidade missionária da fraternidade” do Irmão Alberto Degán.

Neste terceiro milénio, o Papa propõe uma missão fascinante: combater a “globalização da indiferença” através da construção da “globalização da fraternidade”.  Naturalmente, este é um apelo para todos os cristãos, mas, sobretudo para nós Irmãos, este apelo suscita, sem dúvida, um sentimento de alegria e reclama uma responsabilidade particular.

  • As duas primeiras mensagens do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz (em 2014 e 2015) são inteiramente dedicadas ao tema da fraternidade. “A fraternidade é o fundamento e o caminho para a paz”, diz-nos Francisco. De facto, a paz e a justiça não são apenas uma questão técnica de fazer mudanças estruturais para diminuir as desigualdades escandalosas que caracterizam o mundo de hoje, nem são apenas uma questão política. Paz e justiça são, acima de tudo, um desafio espiritual: só se nos sentirmos irmãos, filhos do mesmo Pai, é que as pessoas estarão prontas a fazer as mudanças e os sacrifícios necessários para dar vida a uma sociedade justa e fraterna. Como disse Francisco na mensagem Urbi et orbi no Natal de 2018, “sem a fraternidade que Jesus Cristo nos testemunhou, os nossos esforços por um mundo mais justo não iriam muito longe” (Salmo 84, 11-12).
  • O Papa Bento XVI propôs a fraternidade como princípio económico: “O desenvolvimento económico, social e político necessita, para ser autenticamente humano, de dar lugar ao princípio da gratuidade como expressão de fraternidade”, afirma na sua encíclica Caritas in Veritate (CV), n. 34. E acrescenta: “O grande desafio que temos… é mostrar… que nas relações comerciais o princípio da gratuidade e a lógica do dom, como expressão de fraternidade, pode e deve ter lugar na actividade económica ordinária” (CV 36). Bento XVI propõe que a lógica da fraternidade deve reconfigurar o nosso sistema económico.
  • Mais recentemente, o Papa Francisco dedicou toda a mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2014 ao tema da fraternidade: “A fraternidade, fundamento e caminho para a paz”. Os subtítulos das diferentes partes deste documento são: “Sois todos irmãos, (Mt 23,8)”, “A fraternidade, premissa para vencer a pobreza“, “A redescoberta da fraternidade na economia“, “A fraternidade extingue a guerra“, “A fraternidade gera paz social“, “A fraternidade ajuda a proteger e a cultivar a natureza“. Basta dar uma olhadela rápida a estes subtítulos para se entender que, para o papa Francisco, a fraternidade – longe de ser um conceito aleatório e romântico – é um princípio de fé muito concreto com inevitáveis implicações sociais, políticas e económicas. Segundo o Papa, a justiça social não pode ser construída se não cultivarmos primeiro um profundo sentido de fraternidade nos nossos corações.
  • A primeira parte deste documento intitula-se “Onde está o teu irmão? (Gn 4,9). Na Bíblia, esta é a segunda pergunta que Deus dirige ao homem, e isto significa que para Deus é uma questão fundamental. O ser humano, tal como foi concebido pelo nosso Criador, realiza a sua humanidade quando deixa o seu egoísmo e se preocupa com as condições de vida dos seus irmãos e irmãs, quando entra numa lógica de comunhão e fraternidade que o faz perceber que a sua vida só tem sentido se for vivida numa atitude de solidariedade para com os seus semelhantes. Por outras palavras, para Deus ser humanos significa ser e sentirmo-nos irmãos.
  • Jesus apresenta-se a nós como o “primogénito no meio de muitos irmãos” (Rom 8,29): a fraternidade é o caminho traçado por Deus para a realização da nossa humanidade. Como diz um provérbio africano: “Eu sou um ser humano porque tu és um ser humano”, ou seja: “Sinto-me bem e posso realizar a minha humanidade quando vejo que os meus irmãos também estão bem e podem realizá-la”. Mas na nossa sociedade prevalece a lógica oposta, a do velho adágio latino “Mors tua vita mea“, que significa: “A tua morte é a minha vida“; “só se eu te matar e tomar posse dos teus bens poderei viver feliz”.

Assim, não nos surprende que Helmut Maucher – presidente da multinacional Nestlé nos anos 80 e 90 – tenha mesmo dito que precisava de executivos com instinto assassino. Desta forma, como afirma o economista Hinkelammert, “a luta para matar o outro é vista como fonte de prosperidade e de vida”. Assim, o evangelizador propõe o modelo e a espiritualidade do homem-irmão contra o modelo e a espiritualidade do homem-assassassino.

Para combater a injustiça e a pobreza, precisamos de uma revolução espiritual, de uma espiritualidade de fraternidade que nos faça compreender que a derrota e a morte do meu irmão será também, mais cedo ou mais tarde, a minha derrota e a minha morte. Como disse Martin Luther King, “ou conseguiremos viver todos como irmãos ou morreremos todos como néscios”.

  • Na Evangelii Gaudium (n.186), Francisco afirma que o nosso amor pelos “mais abandonados da sociedade” depende “da nossa fé em Cristo que está sempre próximo dos pobres“. Sem dúvida, face a tantos desafios enormes, sentimo-nos frequentemente pequenos e impotentes: não temos respostas imediatas sobre O QUE FAZER. Mas Jesus dá-nos uma indicação muito clara sobre ONDE ESTAR: hoje, como ontem, Jesus “sempre perto dos pobres” chama-nos a estar PERTO DOS POBRES, PERTO DOS ÚLTIMOS.

O nosso Capítulo Geral de 2015 aceitou este convite do Papa e, por conseguinte, indicou como primeiro critério para requalificar os nossos compromissos o critério da “proximidade aos pobres” (DC’ 15, n.44.5). Este é um critério que para nós, os Irmãos Combonianos, tem um valor especial, porque o nosso Fundador nos via como aqueles que estão mais próximos das pessoas, porque passamos mais tempo com elas: Na África Central os irmãos artesãos bem preparados contribuem mais para o nosso apostolado que os sacerdotes para a conversão, porque os alunos negros e os neófitos (a maior parte dos quais, seja para aprender o ofício seja para trabalhar, há-de permanecer um espaço de tempo bastante longo com os «mestres» e os «especialistas», que com as palavras e o exemplo são verdadeiros apóstolos para os seus alunos) estão com os irmãos leigos e observam-nos e escutam-nos mais do que podem observar e escutar os sacerdotes.(E 5831).

Nota: Ver também a última encíclica do Papa Francisco “Fratelli Tutti” sobre a fraternidade e amizade social (3 de Outubro de 2020).

PARA A Oração pessoal

E o Verbo fez-se homem e veio habitar connosco. E nós contemplámos a sua glória, a glória que possui como Filho Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (Jo 1,14)

Reflexões a partir dos encontros continentais de Irmãos na América:

  • No meio de uma mentalidade e tradição eclesial que aprisiona a Palavra de Deus nos templos, nos discursos teóricos e que dificilmente ousa ir além das estruturas eclesiais e tocar as questões humanas e sociais, insere-se a figura ministerial do Irmão Missionário Comboniano.
  •  A sua vocação de “fazer carne a palavra”, no contexto onde vive e convive, e para modelar o ser humano como filho de Deus e irmão de todos, leva-o a abrir caminhos e a tomar iniciativas que não se limitem às estruturas e tradições eclesiais, porque a “encarnação missionária da Palavra” vive-se em harmonia com os tempos e lugares onde se encontra.
  • O espírito fraterno de Deus leva-o à inserção na vida e no quotidiano das pessoas, pelo que é capaz de descobrir e resgatar a riqueza e experiência de cada pessoa e dos grupos humanos que acompanha missionariamente, com o objectivo de valorizar a Igreja e a sociedade e de promover o verdadeiramente humano dos povos por onde passa, como obra e revelação de Deus que deve ser conhecida, reconhecida, valorizada, assumida e proposta pela Igreja ao mundo.
  • A convivência fraterna com as pessoas, a partir da consciência e do espírito missionário, faz do Irmão um radar que capta os sinais, os ruídos, e os desafios que, naquele lugar e naquele momento, se estão a viver. Por isso, a sua palavra e o seu contributo são decisivos para o dinamismo, a criatividade e a actualização da missão comboniana.
  • O seu rosto fraterno evangélico e social, faz do Irmão uma ponte entre a sociedade e a Igreja, entre o secular e o religioso, entre os leigos e o clero. É precisamente por esta razão que se torna a face social do compromisso missionário da Igreja. Esta dimensão vocacional insere-o no núcleo da sensibilidade humana que procura solidariedade, justiça, paz, e um compromisso de transformação social. A sua vocação faz dele uma presença que fortalece a consciência e o espírito do ser humano a viver o Reino como justiça, paz, alegria (Rm 14, 17ss.
  • O papel do Irmão como pessoa consagrada e ministro de Cristo, então, é a edificação e o crescimento humano e cristão das pessoas e das comunidades, desde a perspectiva do Evangelho; pelo que, a sua acção não exclui o ministério da Palavra. A sua presença evangelizadora entre as pessoas enfatiza a dimensão da fraternidade em todos os seus aspectos: o desenvolvimento integral das pessoas, a promoção da justiça, da paz, dos direitos humanos… ou seja, o seu ministério toca directamente as questões sociais, antropológicas e culturais, na óptica do Reino de Deus.

PARTILHA COMUNITÁRIA
E PISTAS DE ACÇÃO

  1. Numa atmosfera de oração e escuta mútua, partilhemos em comunidade os frutos da oração pessoal.
  2. Reflitamos juntos:
    1. O que te faz pensar, tendo presente o que partilhámos e rezámos sobre o ministério do Irmão?
    1. A que é que o Espírito nos convida a nível pessoal, comunitário, de Província e de Instituto?
    1. Como é que podemos responder de maneira concreta aos apelos do Espírito?

“O ministério dos Irmãos, discípulos de Cristo fraterno, presta atenção à dimensão da fraternidade em todos os seus aspectos, incluindo o desenvolvimento integral das pessoas, a promoção da justiça, da paz e dos direitos humanos. É, portanto, um ministério predominantemente aberto às dimensões social, antropológica e cultural do Reino de Deus, orientado para a transformação social, o testemunho e a proclamação da fraternidade e a animação da comunidade cristã”.

SUGESTÕES PARA A CELEBRAÇÃO DA EUCARISTIA:

No momento do PAI-NOSSO, fazer um momento prolongado de silêncio para pensar na fraternidade que nasce de Deus.

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