Março – Para que as mulheres no seu ministério continuem a oferecer apoio às famílias e incentivem um sentido de pertença às comunidades onde estão inseridas. Oremos.
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Após um ano nas terras de Gumuz, na Etiópia.
Queridos familiares, amigas e amigos,
Espero que este e-mail vos encontre bem. Espero que toda a família esteja bem.
Graças a Deus estou bem.
Começo a sentir o forte calor, quase sempre de 40 graus que aqui se faz sentir. O calor que não se compara ao mesmo calor que sinto quando visito famílias, brinco com crianças ou trabalho com esta gente maravilhosa. Como dizia São Pedro, “como é bom estar aqui” (Mt 17,4).
Continuo envolvido na Biblioteca. Graças a Deus e à generosidade de algumas pessoas, foi possível comprar mais alguns livros para a Biblioteca. Os estudantes que aparecem podem ter acesso aos livros escolares básicos. Duas senhoras portuguesas, que aqui vieram trouxeram calculadoras e outro material. Muitas vezes procuro ter cadernos escolares e canetas e oferecer àqueles que não têm possibilidades económicas mas que revelam grande interesse. Sempre que solicitam algum livro em específico tentamos comprar. O seu tempo não é como o meu e posso ter dias em que me aparecem 2 ou 3 como ter dias em que me aparecem 20. Mas, como os compreendo. Jovens, com trabalho a fazer no campo, a estudar, com família e alguns com 2 ou 3 filhos, já. Como poderão ter tempo para a Biblioteca. A verdade é que arranjam e quando vêm estudam, há silêncio e isso deixa-me bastante alegre.
Continuo a ter um grupo fiel nas aulas de inglês e de informática. Eles gostam, têm desejo de aprender e eu, não sendo um especialista, tenho muito gosto em ensinar-lhes.
Tenho um grupo de estudo da Bíblia, em inglês, com 4 catequistas. Lemos a Bíblia, explico palavras em inglês, meditamos os textos, por vezes vemos filmes religiosos em inglês. Sinto-me muito feliz com eles.
Costumo ir brincar na escola que ainda alberga famílias refugiadas. Comprámos uma bola e isso é suficiente para reunir os jovens e para desfrutarmos de bons momentos.
Duas vezes por semana, no mínimo, acompanhamos os catequistas nas aldeias, visitamos famílias, brincamos com as crianças. São momentos que nos enchem o coração. Estar com as pessoas é fundamental na vocação missionária.
Com os Missionários Combonianos, com quem vivemos, todos os dias temos missa às 6.30 e todos os sábados fazemos uma hora de adoração eucarística. Às quintas-feiras vamos a casa das Irmãs Missionárias Combonianas, também com elas, temos uma hora de adoração eucarística e jantamos juntos. Às quartas-feiras eu e o David temos oração comunitária.
Apesar de todo este trabalho é desejo dos Leigos Missionários Combonianos, eu e o David (meu companheiro de comunidade) incluídos, iniciar uma nova presença missionária entre o povo Gumuz. Não somos os primeiros LMC na Etiópia mas somos os primeiros a trabalhar e a viver entre os Gumuz.
Assim sendo, estamos a visitar as comunidades, falamos com as pessoas, analisamos a situação concreta de cada vila e das famílias.
Infelizmente o carro que temos não nos permite esse trabalho contínuo. As estradas são péssimas e requerem uma carrinha razoável. Depois de um mês, só agora retomámos a brincar com as crianças das aldeias pois o nosso carro estava no mecânico, o que acontece com muita frequência. Para além de que continuamente estamos a pagar essas despesas. Será necessário comprar um novo carro que nos permita continuar o nosso trabalho.
Para além disso é nossa intenção construir uma casa numa das aldeias, junto das pessoas, e viver com elas. Juntamente com a casa iremos iniciar projectos. Ainda estamos a definir os projectos mas a construção de um jardim de infância para as crianças que passam o dia sozinhas, sem qualquer adulto e de um Lar de estudantes, que permita a alunos irem à escola, quando muitos não podem ir ou fazem 30 quilómetros diários para irem à escola são os projectos que nos parecem mais viáveis, tendo em conta o que já analisámos e ouvimos de jovens e adultos.
Infelizmente para realizar estes projectos será necessário dinheiro. Por isso peço a vossa oração para que possamos realizar a vontade de Deus junto deste povo lindo. Caso saibam de ONG´s que financiam este tipo de projectos, informem-nos, por favor. Toda a ajuda, por mínima que seja, é preciosa para Deus. E como sei que não estou sozinho aqui, tenho a certeza que estais comigo!
As adversidades por vezes aparecem, tais como tifo ou tifóide, mas estou alegre por ter sido enviado para este lugar onde Deus já se encontrava no meio destas pessoas.
Estou quase a completar um ano neste país lindo! Não duvido disso! É um país lindo! Estou feliz! Sinto-me feliz! Vivo feliz! Isso não significa que, não haja sofrimento. Significa que, apesar de todas as contrariedades que aparecem, vale a pena estar aqui, significa que Deus nos fortalece e nos dá os instrumentos necessários para realizar a sua vontade!
Continuo a ter-vos presentes na minha oração, continuo a sentir a vossa amizade bem perto de mim, continuo a aprender que a distância não quebra laços antes os fortalece, recordando-me diariamente o quanto a vossa amizade e amor são importantes para mim.
Beijinhos e abraços deste amigo que muito vos quer,
Pedro Nascimento, LMC Etiópia
Intenções de Oração da Família Comboniana Fevereiro 2020
Fevereiro – Para que os superiores de todas as circunscrições dos MCCJ reunidos em Roma sejam iluminados pelo Espírito e possam encontrar soluções capazes de dar novo vigor ao nosso serviço missionário nos vários continentes. Oremos.
2020: Ano da Ministerialidade
O magistério do Papa Francisco insiste sobre a visão de uma Igreja ministerial, isto é, fraterna, impregnada do «cheiro das ovelhas», sinodal, colaborativa e que testemunha a alegria do Evangelho com o anúncio, com o estilo de vida e com o serviço. Uma Igreja que empreende um caminho de conversão e que supera o clericalismo e o cómodo critério pastoral do «fez-se sempre assim» (EG 33). O XVIII Capítulo Geral acolheu esta orientação da Igreja universal e assumiu-a, auspiciando um caminho de regeneração e requalificação do nosso empenho missionário no sentido da ministerialidade (DC ’15, 21-26; 44-46).
CARTA PARA INTRODUZIR O ANO DE APROFUNDAMENTO DA MINISTERIALIDADE
«Lendo o que escrevi podeis fazer uma ideia da compreensão que tenho do mistério de Cristo, que, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, em gerações passadas, como agora foi revelado aos seus santos Apóstolos e Profetas, no Espírito: os gentios são admitidos à mesma herança, membros do mesmo Corpo e participantes da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho. Dele me tornei servidor, pelo dom da graça de Deus que me foi dada, pela eficácia do seu poder» (Ef 3, 4-7)
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«Deve considerar-se como um indivíduo anónimo numa série de operários, que tem de esperar resultados não tanto do seu trabalho pessoal, mas de uma acumulação e continuação de trabalhos misteriosamente conduzidos e utilizados pela Providência» (E 2889).
Caríssimos confrades, saudações de Santo Tempo Natalício e Bom Início do Novo Ano de 2020!
Como todos sabemos, a exortação apostólica Evangelii Gaudium revelou a mudança epocal do nosso tempo e a necessidade de uma profunda renovação na Igreja, para viver com alegria o Evangelho e ser fiéis à própria vocação de discípulos-missionários de Jesus. Com esta visão renovada da Igreja, continua a emergir sempre mais uma Igreja «em saída», em que a missão é paradigma do seu ser e do seu agir, em escuta do Espírito através do grito da humanidade que sofre, dos pobres e da Criação. O magistério do Papa Francisco insiste sobre a visão de uma Igreja ministerial, isto é, fraterna, impregnada do «cheiro das ovelhas», sinodal, colaborativa e que testemunha a alegria do Evangelho com o anúncio, com o estilo de vida e com o serviço. Uma Igreja que empreende um caminho de conversão e que supera o clericalismo e o cómodo critério pastoral do «fez-se sempre assim». (EG 33)
O XVIII Capítulo Geral acolheu esta orientação da Igreja universal e assumiu-a, auspiciando um caminho de regeneração e requalificação do nosso empenho missionário no sentido da ministerialidade (DC ’15, 21-26; 44-46). O Espírito chama-nos a sonhar e a converter-nos, como missionários «em saída», que vivem o Evangelho através da partilha da alegria e da misericórdia, cooperando para o crescimento do Reino, a partir da escuta de Deus, de Comboni e da humanidade. Um sonho que é sonho de Deus, que nos leva a ousar, não obstante a nossa pequenez, conscientes de não estar isolados, mas ser membros de uma Igreja ministerial. Somos chamados a evangelizar como co-munidade, numa comunhão e colaboração com toda a Igreja, para promover juntamente com os pobres a globalização da fraternidade e da ternura. Tudo isto se concretiza em escolhas de redução e requali-ficação dos empenhos, desenvolvendo serviços pastorais específicos, saindo em direcção aos grupos humanos marginalizados ou em situa-ções de fronteira.
Para nos ajudar a crescer neste caminho, o Guia para a actualização do XVIII Capítulo Geral reservou o ano 2020 à reflexão sobre o tema da ministerialidade. Desejamos propor uma acção-reflexão, isto é, uma abordagem que parta da experiência, reflicta criticamente sobre o seu potencial transformativo e as suas criticidades, para discernir cursos de acção renovados.
É o que fazia o próprio Comboni: chegou ao Plano de Regeneração da África com a África na base de uma experiência directa da missão, de estudos de aprofundamento e de confronto com outras experiências, encontrando no estilo ministerial a resposta ao desafio «impossível» da evangelização da África. O seu Plano reflecte uma compreensão sistémica de abordagem ministerial: uma obra colectiva e «universal», que cria redes de colaboração que reúnem todas as forças eclesiais, reconhecendo a cada uma a sua especificidade e originalidade. Uma obra que dá vida a uma pluralidade de serviços, em resposta às necessidades humanas e sociais, para os quais prepara cientificamente ministros ad hoc, e que prevê a fundação de comunidades missionárias sustentáveis do ponto de vista ministerial, socioeconómico e da significância social. Como nos recordam também Bento XVI e Francisco, a Igreja cresce por atração, não por proselitismo.
Portanto, a nossa reflexão sobre a ministerialidade requer que nos po-nhamos à escuta do Espírito, motor e protagonista dos ministérios na Igreja discípula-missionária. Propomo-nos aprofundar esta temática em relação à nossa vida missionária e experiência ministerial, pessoal e comunitária, através da partilha, principalmente, de dois subsídios:
- Suplementos na Família Comboniana;
- Um ágil subsídio com fichas que facilitará a partilha, o aprofundamento, a reflexão e o discernimento a nível comunitário.
Convidamos-vos a aproveitar estes instrumentos para um percurso de formação permanente a nível pessoal e comunitário, facilitado por um guia escolhido no seio de cada comunidade, que poderá valer-se de exaustivas notas de facilitação fornecidas juntamente com o subsídio.
Também o Sínodo para a Amazónia, celebrado recentemente, revelou a urgência de uma conversão pastoral da Igreja: o crescimento na mi-nisterialidade é uma chave fundamental deste caminho. Temos, por-tanto, uma grande oportunidade de crescimento e renovamento, e ca-be a cada um de nós e a cada comunidade tirar proveito disso. Mas é também um caminho que não percorremos sós, mas em comunhão com a Igreja. Aliás, auguramo-nos que o nosso empenho em colocar-nos neste caminho de renovamento missionário-ministerial possa ser de estímulo e de apoio – numa dinâmica maiêutica recíproca – à Igreja local em que vivemos: não será somente um percurso de formação permanente, mas também de missão/animação missionária.
Em 2020 teremos também um evento especial, a nível de Família Comboniana, sobre a ministerialidade social, que se realizará em Roma de 18 a 22 de Julho. Este fórum é parte de um caminho mais amplo que estamos a percorrer como Família comboniana, que prevê também um mapeamento de todas as experiências de ministério social da Família Comboniana. Queremos chegar a construir sinergias, a desenvolver uma visão e uma linguagem partilhadas, a fazer redes e a construir movimentos de transformação evangélica da realidade social. No médio prazo, este percurso ajudar-nos-á a desenvolver participativamente pastorais específicas, como nos pediu o Capítulo de 2015. Temos necessidade da vossa participação, com entusiasmo, neste processo, que quanto mais inclusivo for, mais rico e significativo será.
Por fim, em apoio da dimensão de JPIC (Justiça, Paz e Integridade da Criação), eixo transversal dos ministérios missionários, temos o gosto de vos apresentar dois instrumentos práticos que serão publicados em 2020:
= Subsídio para a formação comboniana de base e permanente sobre valores de JPIC
= O segundo volume sobre a JPIC da Família Comboniana, a cargo de P. Fernando Zolli e do P. Daniel Moschetti, que se segue ao volume Sede a mudança que quereis ver no mundo.
Que São Daniel Comboni interceda por nós: nos torne «santos e capazes» de fazer frutificar o dom da ministerialidade.
O Conselho Geral O Secretariado Geral da Missão
O que ficou e o que veio em nós
Talvez isto de viver em constantes chegadas e partidas seja a forma mais bonita de Deus mostrar o seu amor para connosco e seja a fórmula secreta do viver no serviço ao outro.
A missão sempre será assim um encontro de vidas que se cruzam como que por magia, como se tudo estivesse já planeado nas nossas histórias. A missão sempre será a forma mais concreta de ser testemunha viva de um amor que não morre. Renasce e faz renascer.
Hoje falamo-vos bem junto de vós. Para trás a certeza de que fomos e sempre seremos inteiros quando nos doamos sem interesse sem tempo ou hora, quando descemos de tudo o que fomos construindo ao longo do tempo e voltamos a ser como crianças um mais no meio deles. Somos família onde as gargalhadas parecem não ter fim e as lágrimas por vezes teimam em espreitar. Somos casa onde há sempre espaço para mais um. Sempre seremos. A missão não terminou. Jamais acabará. Porque o amor vence sempre.
Paula e Neuza, LMC em Peru