Na passada assembleia europeia das combonianas, cruzei-me com a Pilar Sainz, Missionária Comboniana em Almeria. Fruto desses dias de convivência e trabalho, surgiu o convite para passar a semana do DOMUND (DOmingo MUNDial) em Almeria. E como as coisas de Deus são mesmo assim, acabei por participar juntamente com a Pilar e o P. Joaquim (Missionário Espiritano em Cabo Verde) numa animação missionária pelos colégios, institutos e paróquias de Almeria.
A diversidade dos grupos que visitamos foi muito ampla.
Passei pelo colégio público da Primária “Los Millares”. Os alunos da primária são muito irrequietos, e mesmo antes de me apresentar, já havia várias mãos levantadas. São crianças curiosas e interessadas em saber acerca de como se vive noutros países, como se estuda, como se fala, como se come… A abordagem e compreensão da realidade Moçambicana ou dos valores macroeconómicos não é uma coisa fácil, mas entendem as coisas simples da vida, como o acesso à água, como são construídas as suas casas, ou os materiais que se usam nas escolas em função do país onde nasceram.
Noutro encontro muito semelhante, devido à idade, encontrei-me com os grupos da primeira comunhão da Paróquia de San Isidro Labrador. Em cada tarde tive 2 ou 3 grupos para falar do DOMUND, e para explicar o tema deste ano “Fé+Caridade=Missão”, o que para os mais pequenos não é fácil. Aqui queria destacar os desenhos que foram fazendo nos seus cadernos, depois de lhes falar e mostrar fotos acerca de como vivem os missionários em África (religiosos/as, sacerdotes e legos/as). Cativa-os o modo como os africanos são capazes de levar as coisas à cabeça e o verde intenso das paisagens. Também estive com eles na Eucaristia de Domingo, e ajudaram-me muito bem a explicar aos mais crescidos, na homilia, como se vive em África.
Durante alguns dias também passei pelo instituto secundário Bahía de Almeria. Nos institutos nota-se muito a diferença de idades dos alunos das várias turmas. Têm vergonha quando chega a hora de fazer perguntas, mas também compreendem mais facilmente os contrassensos deste mundo; as diferenças entre países ricos e países pobres; o que nos une e diferencia apenas por ter nascido em países diferentes. Creio que o olhar de alguns denotava a estranheza face à possibilidade de partir de um país como Espanha para ir viver para Moçambique. Espero que pelo menos a questão permaneça nas suas mentes.
Finalmente, quero contar-vos o tempo que passei nas paróquias de San Jose, San Isidro Labrador e San Francisco de Asís. Foram dois fins de semana intensos, partilhando um pequeno momento nas eucaristias. Tornando consciente que a missão é responsabilidade da comunidade, de todos os cristãos. Que o missionário(a) não parte, mas é enviado pela sua comunidade. E que é responsabilidade da comunidade prestar apoio económico, mas sobretudo, promover as vocações missionárias entre os seus membros e a oração por aqueles que são enviados e pelos povos com quem eles partilham as suas vidas.
Agradeço às professoras de Educação Moral e Religiosa, catequistas e párocos, que durante estes 10 dias tornaram possível a minha estadia, bem como o delegado de missões Don Antonio Martin Acuyoa, o Bispo de Almería Mgr. Adolfo González Montes, assim como aos sacerdotes da casa sacerdotal de Almeria e aos seus funcionários(as) que me acolheram muito bem.
Foi momento de semear. Esperemos que o Espírito transforme em Vida.
por Alberto de la Portilla