O Dia Mundial das Missões foi o cenário ideal para esta celebração.
D. Jesús Ruiz Molina, Missionário Comboniano de nacionalidade espanhola e bispo da diocese de Mbaïki, onde se insere a nossa missão de Mongoumba, depois de agradecer aos Leigos Missionários Combonianos (LMC) pelo seu trabalho missionário, que foi nomeando um a um – um total de 18 durante todo este tempo – destacou algumas das suas características:
Primeira: uma missão laical com uma marca feminina.
Acontece que na missão de Mongoumba vieram mais mulheres leigas do que homens leigos. 15 mulheres para 3 homens. Esta missão por parte dos leigos tem desde o início uma marca feminina, pois foi uma leiga missionária italiana, Marisa Caira, que abriu esta missão aos leigos, tendo-lhe dedicado mais de 20 anos da sua vida. Esta presença feminina contrasta com uma igreja local, como a Centra Africana, cujos movimentos e fraternidades, onde a maioria são mulheres, são dirigidos por homens.
Em segundo lugar, a internacionalidade.
A missão não é de uma única nacionalidade, mas católica, isto é, universal. E os LMC deram testemunho de que é possível viver a fraternidade, mesmo com diferenças culturais, sob a orientação da mesma fé. O que nos torna diferentes, longe de ser um obstáculo, torna-se uma oportunidade de enriquecimento mútuo e de crescimento como missionários, porque a missão encoraja-nos a não nos fecharmos em nós mesmos, mas a abrirmo-nos ao novo e a assumir os desafios de viver com pessoas de outras nacionalidades.
Terceiro: uma missão específica.
Embora permanecendo abertos ao serviço de todos, os LMC encontraram alguns campos de ação para realizar a sua missão específica: a educação, a saúde, o povo Aka ou pigmeu. Isto exige uma preparação adequada no campo profissional e uma sensibilidade atenta para lidar com um sector da missão como os Aka, historicamente marginalizados e discriminados no contexto nacional.
D. Jesús Ruíz encorajou os LMC a não desanimar perante as provações a que estamos continuamente sujeitos como missionários. Por isso, recordou-lhes a experiência dos discípulos de Emaús para se deixarem acompanhar pelo Senhor que, com a sua palavra e a Eucaristia, abre os nossos olhos para o reconhecer vivo e para o sentir caminhar entre nós. “Se esquecermos a Eucaristia, fonte e cume do nosso ser cristão”, disse D. Jesús Ruíz, “a nossa missão reduz-se a uma ação humanitária ou filantrópica, mas não a de testemunhas do Ressuscitado que difunde vida nova”.
Cristina Souza, LMC, de Portugal, acompanhada pelas leigas Elia, também de Portugal, Cristina do Brasil e Anna da Polónia, em nome dos leigos que desenvolveram o seu serviço missionário em Mongoumba, agradeceu a todos o apoio e a confiança recebidos, bem como a paciência na aproximação e compreensão das pessoas da missão. Referiu-se aos compromissos assumidos pelos leigos no domínio da educação, da saúde, da Cáritas e do povo Aka, que não teriam sido possíveis sem o acompanhamento de todos.
O P. Victor Hugo Castillo, delegado dos Missionários Combonianos na República Centro-Africana, reconheceu o trabalho dos LMC em favor de uma missão onde não basta o interesse pessoal, mas a fé no Senhor Jesus que os chamou e enviou. Convidou os presentes a refletir sobre o testemunho dos leigos que deixaram o seu país, o seu povo e a sua cultura para se inserirem numa realidade muito diferente, muitas vezes com as dificuldades que isso comporta, bem como para viverem a fraternidade com pessoas de outras nacionalidades. Encorajou os jovens da missão a decidirem-se a servir como leigos missionários noutros países, dado que também eles, a partir da sua cultura, têm riquezas a partilhar noutras latitudes. Por fim, encorajou os LMC a ver este ano jubilar não como um ponto de chegada, mas como um ponto de partida, para continuar a obra do Senhor que não cessa de convidar os seus eleitos a dar-lhe continuidade.
P. Fernando Cortés Barbosa, Missionário Comboniano