Leigos Missionários Combonianos

O Projecto APAC e as promessas de reinserção dos presos

Valdeci

Aqui está uma entrevista muito interessante com Valdeci Ferreira, um LMC brasileiro que trabalha há 39 anos para recuperar pessoas que falharam nas suas vidas e que foram presas.

Ele explica o método APAC onde os próprios recuperandos (prisioneiros) detêm as chaves da prisão, se ajudam mutuamente e onde a pessoa é recuperada para a sociedade. “Ninguém é irrecuperável” é um dos lemas das APACs e tornam possível este sonho de dar uma nova possibilidade àqueles que uma vez cometeram um erro.

PS. Está em português, onde as legendas podem ser adicionadas.

Sobre os trilhos do amor e da amizade nosso trem percorre a vida (2/3).

LMC Brasil

O perfume toma conta de todo o nosso trem. São elas que chegam para nos pegar pelas mãos e nos guiar, como maquinistas deste trem. São elas que sorriem para nós, como gesto de toda a sua acolhida. São elas que nos alimentam e brindam. Sim. Todas mulheres. Alegres, marcadas pelos anos de vida e de luta, bonitas e sorridentes. Jovens e experientes. Cabelos curtos, longos e grisalhos. As mulheres que passaram por nós nesta viagem, mostraram que são capazes de abraçar e lutar. Enfrentar grandes dragões e afagar nossas cabeças quando nós nos voltamos para os pés. Eunice é uma dessas mulheres. A primeira a nos receber na casa dos padres. Sempre atenciosa e acolhedora. Ela marca o nosso primeiro contato com as mulheres daquele lugar. Também Dina e Maynara estiveram em nosso vagão durante todo este itinerário. Foram elas que prepararam o nosso caminho, organizando e limpando a casa dos LMCs. Foram elas que nos receberam, nos ensinaram sobre as coisas daquele lugar. São elas as continuadoras das lutas e festas daquele povo tão acolhedor. De repente, estávamos todos juntos. As meninas correm entre nós numa brincadeira de se aproximar, as moças que arregalam os seus olhares diante dos desconhecidos se mostram curiosas com estes que chegam de longe, as mulheres que abrem os braços e os corações para nos receber e as senhoras, as líderes que já fizeram, que fazem e que, se preciso for, serão capazes de fazer tudo novamente.

O saber é algo que só cresce quando dividimos. E foi assim em nossas manhãs, bebericando um café ou um caneco de suco, muitos sucos, que compartilhamos o saber com o Marcelo, Padre Carlos, João Carlos, Valdênia, Renato, Yonná, Morgana e Padre Joseph. E tudo termina com o um gosto de querer mais, de ficar naquela estação por mais algumas horas, dias, vidas. O aprender é algo único e contagiante. Quem aprende passa a conviver com a vontade de ensinar, de transmitir, de compartilhar o que recebeu. Mas tem também o ensinar sem palavras. Com gestos, conversas, mas, principalmente com atitudes. Padre Silvério é um desses. Que olha para os menores, para os pequenos, com brilho no olhar, histórias para contar e toda uma vida para dedicar.

Chegamos na estação mais alta, a estação “Piquiá da Conquista”. Quando avistei ao longe, escondida entre palmeiras de açaí, mangueiras e pés de babaçu, aquelas casinhas brancas, todas bem organizadas, me veio a mente uma história distante de um lugar conhecido como Terra Prometida. Foi na conversa com Dona Tida, nas instalações do restaurante Sabor da Conquista, que tomamos conhecimento sobre a história e a conquista que se fazia ali, diante de nós, presente na vida do povo do Piquiá de Baixo. Assim como a Terra Prometida, esta história tem o seu Moisés. Um dos líderes da comunidade que marcou presença em todos os momentos e lutas deste povo. Mas foi no dia que o primeiro tijolo foi assentado, no dia que o Piquiá da Conquista foi avistado, que o Sr. Edvar faleceu por complicações respiratórias. Sim. Ele foi mais um dos que faleceram em virtude da poluição trazida pelas siderúrgicas para o Piquiá de Baixo. Dona Tida (Francisca), assim como Josué, conduz o povo pelo Rio Piquiá, promove reuniões, discute, escuta e organiza o povo. São 312 casas. Serão 312 famílias contempladas com um novo local para viver, longe dos dragões, mas não distante de suas labaredas e fumaças.

Talvez você pergunte pelo porquê desta viagem. Talvez estes não sejam os seus trilhos. Talvez nada disso faça sentido para você. Mas uma coisa eu posso lhe assegurar, você tem um jeito que é só seu. Mas eu conheci um homem, de aparência frágil, de olhar intenso, de vida bem vivida. Para resumir este homem, Dona Tida nos revelou um segredo que só as pessoas experientes e capazes de ouvir o sussurrar de Deus são capazes de nos dizer. Ela nos perguntou: Vocês conhecem aquele homem que tem o jeito de Deus? Nossos olhares se cruzaram como quem pergunta: ainda não conhecemos o jeito de Deus e como reconheceremos tal pessoa. Ela então nos questiona: vocês conhecem o Padre Dário? Nossos olhares se abrem e todos confirmam: Sim, conhecemos o Padre Dário. Cada um com sua história sobre este que tem o “jeito de Deus”.

A continuar…

“Com os pés no chão e o horizonte largo”

LMC Brasil

As Leigas e Leigos Missionários Combonianos do Brasil iniciaram o ano de 2023 com a organização do encontro presencial do Itinerário formativo LMC que se realizou entre os dias 15 a 23 de janeiro, no Piquiá em Açailândia/MA. Nesta região encontra-se uma das presenças mais antigas e com continuidade dos LMC e é uma referência para o trabalho como Família Comboniana na Causa da Justiça e Paz e Integridade da criação (JPIC).

Participaram deste momento bonito de formação, partilha, visitas: Leonel de Curitiba/PR, Dhenny de Balsas/MA, Diana de Fortaleza/CE e Tranquillo de Serra/ES.

Este período de convivência tem por objetivo ser um momento especial no processo de discernimento que já entra em seu segundo ano, em vista do chamado LMC para servir ao Reino. Oportunidade de aprofundar sobre a Vocação como chamado de Deus, a opção e o estilo de vida e missão. Nestes dias se privilegiou a temática do Ensino Social da Igreja com foco na JPIC – Justiça, Paz e Integridade da Criação com formações teóricas e as visitas realizadas em diversas iniciativas existentes na região.

Momento importante de fazer uma releitura da vida e da fé e como batizados, redescobrir a dimensão da missionariedade. “Sou batizado? Então devo ser missionário senão não sou cristão!” (Pedro Casaldáliga).

Sobre os trilhos do amor e da amizade nosso trem percorre a vida.

Foram dias de aprendizado, de convivência e de aconchego. Nosso itinerário, assim como uma viagem de trem, nos leva a conhecer lugares, apreciar paisagens e desfrutar do convívio daqueles que comungam da mesma fé e percorrem o mesmo caminho.

Vindos dos quatro cantos, reunidos na pequena e deslumbrante Piquiá, quatro pessoas (Diana, Dhenny, Leonel e Tranqüillo) que buscam conhecer e se conhecer, aprender e ensinar, vivenciar e sonhar, juntos para mais um passo em direção à estação Leigos Missionários Combonianos (LMC). Não será esta a estação final, mas sim, a primeira, aquela que irá nos permitir seguir por trilhas e trilhos ainda mais distantes.

Na mochila, somente o necessário: a Palavra de Deus, umas poucas roupas, muitas dúvidas e medos, alguns trocados e uma enorme vontade de viver tudo isso. Contamos apenas com a nossa espiritualidade e com pessoas dedicadas e abdicadas: Cristina, Marcelo, Adriana, Alexander, Padre Carlos, João Carlos, Dida, Padre Joseph, Flávio, Liliana e Padre Silvério. Pessoas que já percorreram por estes caminhos das mais variadas formas e meios. Pessoas que abriram estradas e assentaram trilhos.

Nosso trem partiu e pelo caminho foi recebendo gente. Gente divertida, gente sofrida. Pessoas que muito nos ensinaram, não apenas com suas palavras, mas com suas ações, suas atitudes e com suas vidas. Acreditar que somos agentes transformadores. Que transformamos duras realidades de exploração, enganação e morte, em um reino de vida, partilha e fé.

Por trás das grades, somos capazes de reconhecer aquela gente que é indesejada, maltratada e excluída da vida. Gente que é capaz de sorrir e voltar a viver, basta para isso que um jovem se sinta incomodado com o sofrimento alheio, junte o saber com o querer, e se coloque ao serviço na fronteira da reclusão. Marcelo, obrigado por nos ensinar que a teimosia nos faz remover grades e muros em nossas vidas e na vida de muitos outros.

Descemos do trem para ir de encontro ao povo do Piquiá. Visitamos, andamos por ruas quentes e empoeiradas. Mas não andamos só. Contamos com a companhia e a alegria do servir do Sr José Albino, Sr Celso, Dona Margarida e tantas outras pessoas que se juntam para celebrar a fé e compartilhar a vida. E lá fomos nós. No meio do povo. Do sol que ilumina o caminho e deixa marca em nossa pele. Somos marcados pelas palavras e pelos sorrisos recebidos. Por olhos que não enxergam, por mãos que não afagam, por pessoas acamadas e mal tratadas, mas resilientes e fortes. Pessoas de fé.

Por estes trilhos da vida, nos é exigido fazer escolhas. Diante de uma realidade temos a estrada da esquerda e o caminho da direita. Nossa resposta sempre será o sim. Tomaremos sempre a decisão pela estrada que nos leva ao Reino de Deus e dos pobres. Alexander é um desses poucos que teve a coragem e a disposição de dizer o Sim da vocação. Vocação de se colocar no meio dos pobres, servir aos mais necessitados e ajudar aos invisíveis sociais. Alexander nos ensina, com o seu português espanholado, a aprender duras lições de despojamento, sair do cômodo lugar em que nascemos e fomos forjados. Com suas dúvidas e questionamentos, sua vontade de logo fazer, Alex (como o chamamos) embarca em nosso trem e percorre conosco toda essa trilha.

A continuar…

Piquiá da Conquista: o trabalho no novo bairro continua a bom ritmo

Piquia

Aqui está um vídeo publicado por Justiça nos Trilhos onde podemos ver o progresso da luta de uma comunidade simples contra uma grande empresa extractiva.

Uma luta que a família comboniana vem acompanhando há anos.

Também pode ler e ver um vídeo legendado em espanhol em “El País”.

https://elpais.com/planeta-futuro/2022-12-19/piquia-el-poblado-de-chabolas-que-derroto-a-los-senores-del-hierro.html/

Projeto “sementes” atende famílias vítimas do ciclone Gombe no norte de Moçambique

LMC Carapira

Desde março quando o poderoso ciclone Gombe atingiu Carapira no norte de Moçambique, destruindo casas e machambas. Nós LMC vimos trabalhando para amenizar o sofrimento da população. Sempre em parceria com amigos e pessoas de bom coração.

Com a ajuda recebida do Brasil foi possível realizar pequenos projetos. Entre eles o projeto sementes.

Nesta quarta feira 23 de novembro demos início a primeira fase deste projeto, que consiste na entrega de 5 kg de milho e 3 kg de feijão para o plantio, a famílias mais vulneráveis.

As famílias beneficiadas têm o compromisso de na colheita devolver a mesma quantidade recebida para que possamos dar continuidade ao projeto.

A Paroquia de Carapira é composta por 94 comunidades divididas em 5 regiões com 22 zonas. Optamos por fazer a entrega em cada zona para facilitar a acesso das famílias.

A segunda fase será dia 29 do corrente mês. E a terceira ao inicio de dezembro.

Neste projeto são mais de 300 famílias contempladas.

Em nome das famílias e do povo de Carapira, agradeço a todos que generosamente doaram um pouco do que tem para ajudar quem tem menos ainda.

Deus abençoe a todos.

LMC Carapira